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CEG voltou a discutir o tema no dia 24

Filipe Galvão. Estagiário e Redação

O Conselho de Ensino de Graduação (CEG) voltou a debater, no último dia 24, as ações de apoio aos alunos da universidade. Representante do DCE, Tadeu Lemos definiu o tempo hoje na universidade não mais como o do planejamento, mas o da urgência. “A UFRJ não tem o direito de negar a crise que enfrenta e o DCE não vai se negar a defender os estudantes, caso nada seja feito”, disse.

A atual política de assistência estudantil tem como base um documento (de 2000) feito pela Escola de Serviço Social em conjunto com a Câmara de Ensino do próprio CEG. A professora Lilia Guimarães Pougy (hoje decana do CFCH), que participou da formulação do documento, foi convidada pelo conselho para apresentar os elementos que constituíram o texto. “Naquela ocasião, o grande foco era a assistência estudantil que estava divorciada dos projetos acadêmicos, mas a concepção filosófica da assistência ainda precisa de uma melhor elaboração”, lembrou Pougy.

O superintendente de Assuntos Estudantis, Ericksson Rocha, também foi convidado pelo CEG a debater o tema. Segundo ele, a política de financiamento das universidades foi modificada e hoje tem como princípio o número de alunos diplomados. A alteração, no caso da UFRJ, causa um círculo vicioso: com menos dinheiro, a universidade não tem como investir mais nas políticas de permanência, o que gera mais evasão (e menos dinheiro, futuramente).

Uma moeda, dois lados

Rosélia Pinheiro Magalhães, assessora especial de políticas estudantis da UFRJ, acusou que a Superintendência de Assuntos Estudantis (SuperEst) não consegue conciliar o volume de trabalho e a intensa pressão política que sofre. 

Ocupante do alojamento, Muana de Andrade contou a experiência dos estudantes com as políticas de permanência. “Passei no processo seletivo para bolsa-moradia e fui indeferida. Se eu não contasse com a solidariedade de outros alunos, não estaria na universidade”. Emocionada, Muana afirmou que há um descaso com os estudantes que não conseguem bolsa. “A reitoria nos nega o direito de estudar e não quer saber para onde vão os alunos que ela recusa. Para eles é fácil dizer não, mas para nós importa muito saber como vamos viver, como vamos comer”, desabafou.

Ao final da plenária os conselheiros aprovaram que o corpo discente teria 15 dias para indicar nomes ao CEG com o objetivo de compor uma comissão especial — este grupo, com apoio da Escola de Serviço Social, seria responsável pela atualização da política de Assistência Estudantil da UFRJ. Também será criada uma comissão do colegiado para analisar a regulamentação das Comissões de Orientação e Acompanhamento Acadêmico (COAAs), propondo melhorias. O conselho agendou uma reunião do CEG para o dia 15 de outubro no Alojamento Estudantil, prometendo aprofundar o debate e o diálogo com os alunos.

Descaso governamental aprofunda crise em Xerém

Diretor anuncia saída do cargo em meio à conturbada situação de infraestrutura. Vice assume provisoriamente

Decisão foi formalizada em assembleia comunitária, dia 26

Filipe GalvãoSamantha Su. Estagiários e Redação

Geraldo Antônio Cidade não é mais o diretor do polo Xerém da UFRJ. Ele formalizou sua saída em assembleia comunitária realizada no último dia 26, após seis anos de gestão.

A precariedade da infraestrutura, somada ao que Geraldo chamou de precária expansão do Reuni, alimentou o sentimento de desamparo e revolta entre alunos, técnicos e professores. Aulas em contêineres, deficiência na assistência e imobilidade administrativa compõem o cenário. 

A Superintendente Geral de Atividades Fora da Sede, Maria Antonieta Tyrrel, esteve em Xerém e defendeu a posse da vice-diretora, professora Raquel Moraes Soares. O problema é que o polo não possui regimento interno, o que deixaria a transição em aberto.

Thaís Lara Barbosa, diretora do DCE presente à assembleia comunitária, afirmou que, enquanto a questão institucional não for resolvida, uma comissão paritária de professores, alunos e técnicos dará início a um processo de consulta pública. A iniciativa poderia contribuir para confirmar Raquel na direção ou apontaria na direção de um novo processo eleitoral. 

Aprofundar processos democráticos

A intensa movimentação política nascida do sentimento de abandono e incerteza gerou propostas de aprofundamento dos processos democráticos relativos ao polo. Os professores exigiram maior participação nas decisões. Os alunos, por meio de uma articulação entre os centros acadêmicos de Xerém e o Diretório Central dos Estudantes (DCE), irão formular um plano de metas com as propostas mais urgentes.

O DCE pretende levar essas demandas ao Consuni. Thaís observa que a prioridade é discutir isso não como fruto de uma questão interna do polo, mas sim como demanda pela assistência estudantil que garanta a permanência dos alunos na universidade: “É importante entender que isso é fruto de uma conjuntura da educação que passa pelo arrocho de verbas do governo federal e pela precarização do ensino”. 

 

Documentário conta história recente da economia brasileira

Filme apresenta pontos de vista sobre a política econômica, desde 1930

Lançamento ocorreu na Casa da Ciência, dia 16

Samantha Su. Estagiária e Redação


“A gente fala muito do passado, mas acho importante filmar essas pessoas do presente”, foi assim que o diretor José Mariani justificou a importância de seu novo filme (Um Sonho Intenso), que conta a história da economia brasileira desde 1930 até o primeiro governo Lula. O lançamento ocorreu dia 12, na Casa da Ciência da UFRJ, como iniciativa da Universidade da Cidadania, ligada ao Fórum de Ciência e Cultura. 

Para a realização do documentário, Mariani gravou depoimentos com nomes do quilate de Carlos Lessa, Maria da Conceição Tavares, Ricardo Bielschowsky, Lena Lavinas, Celso Amorim, Francisco de Oliveira, João Manuel Cardoso de Mello, Luiz Gonzaga Belluzzo e José Murilo de Carvalho.

“O ponto de partida foi fazer uma história comentada. Isso deu ao filme certa liberdade de colher opiniões relativamente divergentes, mas dentro do campo da esquerda. Acho que a coisa essencial do documentário é a liberdade e a autonomia ao personagem”, afirmou Mariani, em debate que se seguiu à exibição.

As quase duas horas de filme são recheadas por um passeio com imagens de arquivo que mostra a história brasileira. Curiosidade: o título, pedaço de um verso retirado do hino nacional, serve para analisar a caminhada para o desenvolvimento do país. 

Além do diretor, os economistas Carlos Lessa, Lena Lavinas e Ricardo Bielschowsky participaram da atividade na Casa da Ciência.  Durante o debate, a plateia sugeriu uma continuidade da película. Do ponto de vista de Lena Lavinas, a sequência poderia ter como foco a extensão da desigualdade: “A gente começou com Celso Furtado e acho que vamos voltar a ele para entender uma das frases ditas no filme, que é ‘a interpretação da reprodução do subdesenvolvimento’. Por que a gente não consegue sair dele?”, questionou.

Respeito à soberania nacional

Carlos Lessa relembrou, ainda, a construção da identidade nacional como forma de pensar um caminho autônomo e original: “As gerações políticas brasileira são comidas por essa pergunta — O que é o Brasil? Temos de entender que as respostas satisfatórias ainda não são insuficientes”.

Ele também lamentou a falta de debate entre os presidenciáveis sobre a questão: “Fora da Nação, não há salvação. A realidade é centro e periferia, temos de superar esse discurso da globalização. Você tem que ser Nação para poder proteger seu povo. Acho inquietante o debate presidencial não dar importância à soberania nacional”. 

Ciência: um território ainda dominado pelos homens

Mesmo com uma crescente participação feminina em pesquisa científica, estudo da distribuição de bolsas do CNPq de 2013 demonstra que bolsas dos programas mais valorizados ainda estão em mãos masculinas 

Desigualdade é mais acentuada nas Ciências Exatas, à exceção da Química

Samantha Su. Estagiária e Redação

Em 2013, a distribuição das bolsas do CNPq alcançou a paridade entre homens e mulheres. Porém, na mais valorizada “Produtividade em Pesquisa (PQ)”, a participação feminina é de apenas 36%. Elas acumulam mais bolsas na iniciação científica, com 59% do total. O resultado indica que, apesar de uma crescente inserção feminina na Ciência nacional, as categorias consideradas mais importantes ainda são majoritariamente masculinas. 

A análise foi feita pela professora Hildete Araujo, de Economia da UFF, representante da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República e do programa Mulher e Ciência do CNPq. Hildete esteve na UFRJ em debate organizado, dia 15, pelo Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho.

Ela expôs que a média de idade das pesquisadoras que conseguem chegar ao nível 2 em “Produtividade de Pesquisa” é de 50 a 54 anos, enquanto a dos pesquisadores é de até dez anos menos. Em 2013, a quantidade de mulheres em nível 1 (PQ1), topo do programa, era de 281, enquanto 908 eram homens. O levantamento mostra também as áreas em que as diferenças são mais significativas. São elas as Ciências Exatas (com exceção da Química), as Engenharias e o setor de Computação e Tecnologia. 

A canadense Sophia Huyer, diretora da Gender is Science, Innovation, Technology and Engineering (iniciativa global envolvendo pessoas de diferentes setores para promover o papel das mulheres na ciência, inovação, tecnologia e engenharia), observou que o Brasil — apesar de todos os problemas de desigualdade internos — encontra-se em terceiro lugar quanto à participação das mulheres na ciência e tecnologia, atrás dos Estados Unidos e da União Europeia. Ainda assim, Huyer demonstrou que em áreas como Engenharia, Física e Ciência da Computação, elas representam menos de 30% dos pesquisadores, na maioria dos países. Mesmo nos lugares onde o número de mulheres que estudam ciência e tecnologia tem aumentado, isso não se traduziu em equilíbrio de gênero no mercado de trabalho desses setores.

A professora Eliane Volchan demonstrou a consequência desses dados sob o ponto de vista das percepções implícitas, segundo a neurociência. Para isso, utilizou os resultados de testes de Implicit Association Test (IAT), que trabalha o subconsciente através de respostas imediatas e associativas. Desse modo, descobriu que 70% das pessoas associam ciência à figura masculina. Em um dos testes, era pedido para que fosse julgado um currículo com um nome feminino com base em quatro vetores, competência, possibilidade de contratação, indicação para um cargo de supervisão e salário. O mesmo currículo foi apresentado com um nome masculino e todos os vetores melhoraram, o vetor salarial chegou a ter 4 pontos acima do currículo feminino.

Com o objetivo de reverter esse quadro, o projeto Mulher e Ciência, do CNPq, criou três frentes de atuação. São elas: editais de apoio a pesquisas sobre gênero, o prêmio “Construindo Igualdade de Gênero” e encontros nacionais de núcleos e grupos de pesquisa sobre o tema. 

 

 

Desigualdade reproduz-se também no IBCCF

Dentro do Instituto de Biofísica, os dados não são diferentes. A monografia da estudante Gabriela Lúcio, orientada pela professora Daniele Botano, demonstrou que há 52 docentes mulheres e 44 homens na faculdade. Ainda assim, dos 53 cargos de chefia, 31 são masculinos. E somente 64 anos após a criação do IBCCF, foi eleita uma diretora.

 

Pesquisas acabam reforçando estereótipos

Eliane Volchan também questionou os resultados das pesquisas biológicas sobre gênero. Segundo ela, a conclusão dos testes é sempre uma interpretação sociocultural dos cientistas. Como exemplo, citou um documentário científico que tinha por objetivo identificar características biológicas ligadas a gênero. Para isso, bebês com seis meses de idade de ambos os sexos eram colocados em frente a uma tela. Quando puxavam uma corda próxima, as imagens mudavam. Em determinado momento, a ligação entre a corda e a tela era cortada. 

O teste demonstrou que os meninos continuavam a movimentar a corda, repetidas vezes, mesmo depois da interrupção. Enquanto as meninas, após perceberem o mecanismo quebrado, começavam a chorar. Volchan, como neurocientista, apreendeu que o teste demonstrava a rapidez das meninas para compreender que a ligação havia sido quebrada; e por isso choravam para reclamar. Para a surpresa da cientista, o resultado do documentário dizia que os meninos tinham mais tendência biológica à persistência, enquanto as meninas eram mais “propensas à sensibilidade”. 

Vida de Professor,
por Diego Novaes

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