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Nesta segunda-feira (25), o Estado de Israel cometeu mais um dentre as centenas de crimes de guerra contra a população e as instalações da Faixa de Gaza. Pelo menos 20 pessoas morreram no bombardeio a um hospital. Cinco vítimas eram jornalistas de veículos internacionais. O Jornal da AdUFRJ ouviu o professor Michel Gherman, do IFCS, para analisar o episódio e o uso político da guerra por parte de Benjamin Netanyahu. O docente é judeu, especialista em estudos judaicos, antissemitismo e temas do Oriente Médio, além de uma voz crítica à política de extermínio impetrada por Israel contra a população palestina. Justamente por isso, tem sido vítima constante de ataques por parte da extrema-direita judia.

 

Em mais um ataque contra civis em Gaza, Israel assassinou cinco jornalistas durante bombardeio a um hospital. Isso não vai parar nunca? Qual o limite de um genocídio?

A verdade é que o projeto é justamente a construção constante de ataques, produção de vítimas, numa estratégia de guerra eterna. Quando a gente fala sobre a perspectiva de Netanyahu, a gente percebe que o fim da guerra em Gaza significaria a queda do governo e mais, a limitação dos projetos e das reformas que estão acontecendo dentro do governo. O assassinato de jornalistas – e isso não é novo, tem acontecido desde o início dos ataques em Gaza, e na realidade, desde antes deles –, tem a ver com uma perspectiva de que a construção de uma narrativa sobre a questão palestina é absolutamente criminosa e é preciso acionar as forças de defesa de Israel contra esses produtores dessa narrativa.

Na perspectiva do governo Netanyahu, já antes do 7 de outubro, os jornalistas são inimigos, e o nível de mortes dos jornalistas, que excede e muito qualquer outro conflito armado, acaba produzindo uma narrativa complexa que estabelece a ideia de que a produção de uma perspectiva genocidária tem pouca relação com o que acontece no campo em Gaza e tem muita relação com a narrativa sobre Gaza. Ou seja, falar sobre Gaza nesse atual momento coloca pessoas como alvo de um governo de Israel que tem como perspectiva estabelecer uma guerra eterna que só vai acabar com a destruição completa e absoluta do território, ou seja, nunca.

 

O jornalismo tem sido um alvo constante de Israel. É coincidência ou é escolha?

Não é coincidência. Eu acho que é parte de uma construção que coloca a produção de narrativa sobre Gaza e a denúncia dos crimes de guerra do governo de Israel como sendo um ato criminoso e, por ser um ato criminoso, quem estabelece os vínculos com a possibilidade dessa denúncia é tratado como inimigo. E nessa guerra de extermínio, ser tratado como inimigo é ser alvo de extermínio. A narrativa de que esses jornalistas têm relação com Hamas justificaria a morte, o assassinato deles pelo exército.

Agora, anterior ao ataque em Gaza, anterior ao 7 de outubro, houve o assassinato de uma jornalista palestina, Shirin, que sequer muçulmana é. Ela é cristã. Então, essa narrativa de jornalista como inimigo é construída a partir de uma lógica que entra no 7 de outubro, mas era anterior a isso.

Falar sobre Gaza, sobre a criação do Estado Palestino e sua necessidade, sobre os direitos palestinos, sobre os crimes da ocupação israelense nos territórios palestinos é ser colocado como produção de crime. Nesse sentido, os que estão comprometidos com essas denúncias são tidos como inimigos e como alvos de uma máquina de guerra.

Hoje na França, o embaixador americano foi convocado a depor por se intrometer em assuntos internos. O ataque às soberanias nacionais virou algo sistemático no governo Trump. Acredita numa aliança internacional em defesa das soberanias?

Eu acredito na necessidade da defesa internacional das soberanias. Acredito que os governos dessa nova extrema-direita – eu articulo aqui um vínculo profundo entre Estados Unidos, Hungria, Argentina e Israel – são a possibilidade de intervenção interna e essa intervenção se dá a partir da construção de grupos de pressão, de lobby, que vão supostamente denunciar governos ou sistemas judiciários como sendo sistemas que devem ser derrubados, governos que devem ser derrubados. A estratégia de uma aliança internacional pela soberania é fundamental para o campo progressista e eu acho que o Brasil, o governo Lula e a candidatura do Lula em 2026, ou de qualquer uma que seja do campo progressista, tem que levar em consideração a importância do Brasil na defesa da ideia de soberania contra os ataques à extrema-direita internacional. Essa extrema- direita está vinculada a Trump, mas utilizando a referência de um suposto combate ao antissemitismo. O antissemitismo está sendo instrumentalizado pela extrema-direita para justificar intervenções.

Entender que as universidades são a barreira fundamental de resistência democrática pela soberania e pelos direitos das minorias é fundamental para resistir à intervenção dos governos neofascistas. A defesa da ciência e de uma produção científica livre e soberana é fundamental para derrotar essa expansão intervencionista da extrema-direita. E de novo, no campo democrático brasileiro, Lula é um elemento fundamental não só na eleição de 2026, mas depois da vitória para garantir uma base, uma barreira contra a expansão da extrema-direita.

 

Uma das estratégias da aliança Bibi/Trump é atacar o antissemitismo. Como os judeus democráticos e humanistas devem responder a essa farsa que procura confundir fascismo com antissemitismo?

A instrumentalização do antissemitismo é um terreno importante de defesa da extrema-direita. Aqui cabe dizer que isso tem pouco a ver com o combate ao antissemitismo de fato. O antissemitismo existe. É um fenômeno que ameaça a democracia há anos e deve ser considerado uma ameaça efetiva às estruturas democráticas, não só aos judeus, mas ao campo democrático. Agora, o que está acontecendo tem pouquíssima relação com o antissemitismo. As denúncias aos crimes de guerra, ao genocídio, as denúncias à extrema-direita vêm sendo tratadas como antissemitismo. As grandes vítimas dessa instrumentalização do antissemitismo são os intelectuais judeus, os judeus do campo democrático. Eu acho que a UFRJ e outras universidades precisam entender a importância de preservar e fortalecer vozes de professores judeus que estão produzindo pesquisa e denunciando os crimes. Eles estão sendo acusados de antissemitismo por essa instrumentalização que tem dois efeitos perversos: a perseguição e a deslegitimação da luta legítima contra o antissemitismo.

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Desde a edição passada, o Jornal da AdUFRJ pergunta às chapas que disputam a diretoria do sindicato questões de profundo interesse dos docentes da UFRJ. Neste número, os temas escolhidos são orçamento e democracia. As questões foram enviadas por escrito e publicadas na íntegra, sem alterações. Veja abaixo as respostas encaminhadas pela Chapa 2 – ADUFRJ de luta: dignidade nas condições de trabalho e defesa da universidade pública.

As eleições para a diretoria e Conselho de Representantes serão presenciais e estão marcadas para os dias 10 e 11 de setembro em todos os campi. As inscrições para o CR seguem abertas até o dia 29. Podem se candidatar professores filiados até o dia 12 de maio. Os documentos estão disponíveis no site da AdUFRJ. Participe!

 

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1. Quais as estratégias da chapa para defender o orçamento da universidade?

A Chapa 2 se compromete a reorganizar a categoria docente, com autonomia, para lutar pela recomposição e ampliação orçamentária da UFRJ junto às demais Instituições Federais de Ensino Superior. Defender a Educação Pública também é denunciar as políticas de austeridade que têm ameaçado a existência das IFES brasileiras. Recompor o orçamento é condição sine qua non para a garantia de perenidade de nosso projeto universitário.
A crise orçamentária da UFRJ é uma questão absolutamente central, contudo, reconhecemos que a UFRJ não é única vítima dos efeitos do estrangulamento financeiro. Em que pese seu tamanho e tradição, ela é parte do sistema de Educação Federal e há de se reconhecer que não haverá solução individual. A única ação realista para a UFRJ é a defesa do orçamento adequado para todas as IFES, e o caminho é a organização coletiva e nacionalizada, junto ao ANDES-SN, à FASUBRA e ao Sinasefe. Os setores oficialistas, que subordinam a ação do sindicato à razão pragmática de que a austeridade é necessária para assegurar a governabilidade, atuam de modo inconsequente e colocam a UFRJ e as demais IFES em severo risco de obsolescência de sua infraestrutura.
É necessário ampliar o debate interno com as categorias da UFRJ para romper com o senso comum de que a problemática do orçamento pode ser reduzida a uma questão de gestão.
É preciso que a Adufrj atue como ela é: uma seção de um sindicato nacional que luta organizadamente; aprender com os erros do último ciclo e reconhecer que as últimas direções adotaram uma posição isolacionista. É razoável supor que a participação da UFRJ na greve de 2024 teria promovido impacto importante no processo de negociação e a possibilidade de arrancar melhor proposta do Governo Federal, inclusive, em relação ao orçamento.

2. Qual seria o modelo de financiamento ideal, na sua perspectiva?

Foi o Andes-SN que assegurou a unidade do sistema Federal por meio da carreira nacional com dedicação exclusiva e orçamento público para as universidades. A educação pública como dever do Estado é a defesa histórica do ANDES-SN desde a Constituição Federal de 1988.
Pleiteamos financiamento público para o conjunto das universidades federais, definido em lei e vinculado a percentuais constitucionais. Os recursos públicos arrecadados pelo Estado constituem o Fundo Público e seus orçamentos. Refutamos as privatizações clássicas e não clássicas por não serem alternativas capazes de impedir o desmonte das IFES e seu radical estrangulamento financeiro; as iniciativas no ensino, na pesquisa e na extensão que refuncionalizam as universidades como organizações de serviços e interesses heterônomos, motivadas pela percepção de ganhos/fomentos individualizantes; iniciativas efêmeras e insuficientes para subsidiar instituições autônomas que apresentem soluções ao desenvolvimento do país na perspectiva da maioria de sua população. As emendas parlamentares não constituem soluções consistentes e continuadas para a universidade pública. A presença do senador Flávio Bolsonaro na UFRJ é um exemplo de particularismo eleitoreiro e o silêncio da diretoria da Adufrj está em evidente contradição com a autonomia universitária; o grupo político do parlamentar planejou o golpe de Estado e a execução de autoridades presidencial e do STF e alinha-se à extrema-direita de Trump e Netanyahu, que atentam contra a universidade, a liberdade e a soberania dos países.
Para nós, é urgente: 1º) implementar um programa emergencial de recuperação da infraestrutura das Federais para erradicar da paisagem os “esqueletos de prédios nunca concluídos” e a se deteriorar pelo caminho; 2º) definir o montante destinado às federais: no mínimo o equivalente à totalidade do custo de pessoal acrescido de 30% de recursos de custeio e capital. Para a UFRJ, tais montantes alcançariam cerca de 1,2 bilhão por ano; 3º) constituir uma nova matriz de distribuição dos recursos na qual prédios e infraestrutura tenham permanente manutenção.

3. Como o sindicato pode ampliar sua atuação na defesa da democracia do país?

A defesa da democracia é não abrir mão de seu exercício. Enfrentar os neofascismos de Trump e seus aliados, e da extrema-direita no Brasil, impedir ações golpistas/de desestabilização de um governo legítimo e opor resistência em uma grande frente popular com toda classe trabalhadora .
Na UFRJ, potencializar a livre manifestação de estudantes, docentes e técnicos nos Conselhos e no cotidiano institucional. Retomar o contato com a categoria em seus locais de trabalho e fomentar o debate para superar o isolacionismo das últimas diretorias e seus fracassados lobbies parlamentares. Alianças institucional/sindical contra os direitos da(o)s docentes (como a que tentou impedir – ilegalmente – suas progressões por diretor da adufrj no CONSUNI) não mais terão lugar. Recuperar a participação docente no sindicato é o mais básico exercício em defesa da democracia.

WhatsApp Image 2025 08 19 at 19.03.19 6Foto: Fernando Souza/Arquivo AdUFRJAmizade e gratidão: Michel Misse

Paulo Baía
Sociólogo, cientista político, professor da UFRJ

Conheci Michel Misse em 1970, numa festa em Santa Teresa, na casa de Maria Lúcia, que então era casada com Dilson Motta. Eu vivia meu casamento com Helena Pires. Angela Tigela, Maria Lúcia e Helena formavam um trio inseparável. Entre conversas, risos e cumplicidade, Michel se tornou uma presença constante. Logo, fizemos militância juntos e dividimos salas de aula em cursos pré-vestibulares, enquanto eu ainda me dedicava à estatística na ENCE.
Em 1972, prestei vestibular para o IFCS/UFRJ, decisão para a qual Michel foi um dos maiores incentivadores. A confiança dele me atravessava como certeza de que eu poderia ir além. Nossa amizade era feita não só de encontros, mas de empurrões generosos na direção dos sonhos. Ele acreditava antes que eu mesmo acreditasse.
Em 1978, comecei a lecionar na UFRJ, na área de metodologia e técnicas de pesquisa, e também sociologia geral. Era um tempo em que minha militância crescia, com as eleições daquele ano e a campanha pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita para todas as vítimas da ditadura de 1964, do AI-5 e do 477. Tentava conciliar essa intensidade com a escrita de uma dissertação de mestrado em Ciências Sociais na PUC/SP e com as responsabilidades como professor. Não consegui. A vida exigia mais horas do que eu podia oferecer.
Em 1987, com o início dos trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte, fui convidado para integrar a assessoria. Michel deu toda a força, ajudando inclusive no trâmite burocrático para que a UFRJ me colocasse à disposição. E assim fui para Brasília viver um dos momentos mais importantes da minha trajetória.
No início de 1991, mais uma vez Michel esteve ao meu lado, incentivando-me quando recebi o convite de Leonel Brizola e Cybilis Vianna para assumir uma das subsecretarias de Fazenda do Estado do Rio de Janeiro. Em janeiro de 1995, retornei ao IFCS/UFRJ, mesmo tendo recebido propostas sedutoras, como a de Mário Covas para São Paulo, e o aceno de Artur da Távola para voltar ao Parlamento.
Eu estava pronto para pedir demissão da UFRJ. Meu perfil acadêmico parecia defasado, sem mestrado nem doutorado. Michel me contou que também não havia defendido sua tese de mestrado no IUPERJ, mas que o faria, e depois seguiria para o doutorado. Ele e Marco Antônio Melo me convenceram a continuar como docente, a mergulhar de vez na vida acadêmica. Com a ajuda deles, de Gisalio Cerqueira, Gizlene Neder, Charles Peçanha e Antônio Celso, segui esse caminho.
Fiz o mestrado em Ciência Política na UFF, com Michel e Gisalio na minha banca. Em seguida, ingressei no doutorado em Ciências Sociais no CPDA/UFRRJ. Mais tarde, voltei à UFF para um pós-doutorado em História Social, sob supervisão de Gizlene Neder. Voltei pleno ao IFCS/UFRJ para a segunda etapa da minha vida universitária.
Michel e Marco Antônio Melo me convidaram para fundar o NECVU. Éramos nós três e Heloísa. Essa foi mais uma construção compartilhada, mais uma semente que germinou da amizade e da confiança mútua.
Mas a amizade não se fez apenas nos espaços acadêmicos e políticos. Ela também dançava nos bailes da Estudantina, no Carnaval da Banda de Ipanema, no Simpatia é Quase Amor, no Bloco de Segunda e no fabuloso Maracangalha. Foram décadas de encontros, de risos, de projetos e de sonhos compartilhados.
Hoje, sinto tristeza pela partida de Michel, mas também alívio pelo fim de seu sofrimento. Sinto gratidão à vida por ter permitido que nossos caminhos se cruzassem e se mantivessem lado a lado. Ficam as memórias e o que construímos juntos. Fica a certeza de que amizade é um patrimônio que nem a morte dissolve. Michel Misse permanece em mim, nas histórias, nos gestos, nas marcas que deixou, no afeto que jamais se apaga.

Em 14 de agosto de 2025, em Cabo Frio (RJ).

 

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Desde a edição passada, o Jornal da AdUFRJ pergunta às chapas que disputam a diretoria do sindicato questões de profundo interesse dos docentes da UFRJ. Neste número, os temas escolhidos são orçamento e democracia. As questões foram enviadas por escrito e publicadas na íntegra, sem alterações. Veja abaixo as respostas encaminhadas pela Chapa 1 – UFRJ na luta pela Democracia e Conhecimento.

As eleições para a diretoria e Conselho de Representantes serão presenciais e estão marcadas para os dias 10 e 11 de setembro em todos os campi. As inscrições para o CR seguem abertas até o dia 29. Podem se candidatar professores filiados até o dia 12 de maio. Os documentos estão disponíveis no site da AdUFRJ. Participe!

 

 

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1. Quais as estratégias da chapa para defender o orçamento da universidade?

“Nossa chapa entende que a defesa do orçamento da universidade não se limita à sua manutenção, mas exige sua recomposição e ampliação para que a UFRJ possa desenvolver plenamente seu potencial e responder às demandas sociais. Reconhecemos que o período recente de governos anteriores resultou em um achatamento orçamentário severo, e que, embora o atual governo tenha demonstrado algum avanço, os recursos ainda estão aquém das necessidades.
Para reverter esse quadro, nossa estratégia é multifacetada e essencialmente política. Internamente, promoveremos a ação conjunta e mobilização de toda a comunidade universitária – docentes, técnicos e estudantes. Externamente, atuaremos em diversas frentes:
Articulação Política Ampla: Fortaleceremos as alianças com entidades científicas como a SBPC, ABC, Clube de Engenharia e outras organizações da sociedade civil, buscando construir um amplo arco de apoio à universidade pública.
Incidência no Congresso e Poder Executivo: Intensificaremos a pressão junto ao Congresso Nacional, MEC, MCTI e demais órgãos governamentais para garantir a recomposição orçamentária e a estabilidade financeira da UFRJ.
Comunicação e Engajamento Social: Utilizaremos as redes sociais e os meios de comunicação para ampliar o reconhecimento público sobre o valor da produção universitária, ocupando também os espaços públicos e as ruas para defender a educação pública. Evitaremos o sectarismo, buscando sempre ampliar nossa base de aliados.”

2. Qual seria o modelo de financiamento ideal, na sua perspectiva?

“Nosso modelo de financiamento ideal para a UFRJ é pautado na autonomia e complementaridade. Defendemos que o custeio da ‘fisiologia básica’ da universidade – sua manutenção e funcionamento essenciais – deve ser integralmente garantido por verbas orçamentárias regulares do governo federal. Esta é uma prioridade inegociável da nossa chapa: a luta incansável pela recomposição e expansão do orçamento federal para a UFRJ.
A complementação das fontes regulares é integrada por:
Recursos de Agências de Fomento: A recomposição e ampliação dos orçamentos das agências de fomento federais e estaduais são cruciais para a pesquisa, extensão e inovação.
Parcerias Estratégicas com a Sociedade: Incentivaremos a interação da universidade com a comunidade extramuros, incluindo parcerias com públicas, filantrópicas ou privadas. Essas colaborações podem impulsionar projetos inovadores e gerar recursos adicionais.
É fundamental ressaltar que todas as parcerias deverão seguir critérios rigorosos de transparência, ética e alinhamento inquestionável com os valores de uma universidade pública, gratuita e socialmente referenciada. Nosso objetivo é gerar recursos que impulsionem o desenvolvimento da UFRJ, sem jamais comprometer sua autonomia e seu caráter público.”

3. Como o sindicato pode ampliar sua atuação na defesa da democracia do país?

“A defesa da democracia é uma pauta indissociável da luta sindical e da própria existência da universidade pública. O avanço da extrema-direita globalmente, que visa destruir instituições de pensamento crítico como as universidades, representa uma ameaça tão grave quanto as crises climáticas e sanitárias, com as quais está intrinsecamente ligada.
Nesse cenário, o sindicato tem um papel fundamental na ampliação da atuação democrática do país, e nossa chapa propõe:
Defesa da Universidade como Locus Democrático: Reforçar a universidade como espaço de produção de conhecimento crítico, ciência e cultura, essencial para o florescimento da democracia. Defenderemos a liberdade acadêmica e a autonomia universitária como pilares democráticos.
Atuação Política e Parlamentar: Intensificar a luta política e parlamentar pela democracia, reconhecendo este como um campo privilegiado de batalha. Teremos políticas expressas nesse sentido, buscando incidir em debates e decisões que afetam o regime democrático.
Engajamento Social e Alianças: Ampliar o engajamento da ADUFRJ com movimentos sociais, entidades da sociedade civil e outras organizações que defendem a democracia, o meio ambiente, as minorias e a diversidade cultural. O Observatório do Conhecimento, iniciativa da ADUFRJ, é um exemplo de contribuição importante nessa frente.
Posicionamento de Vanguarda do ANDES: Defenderemos que o ANDES-SN assuma posições de vanguarda em prol da democracia, garantindo que a defesa dos interesses corporativos não fragilize a luta por governos democráticos e progressistas. Nossa atuação será sempre em prol de uma sociedade mais justa e igualitária.”

137A9167Fotos: Fernando SouzaO impacto das narrativas falsas no combate às mudanças climáticas foi o centro dos debates e das oficinas do encontro “Vozes pelo Clima: mídia, ciência e educação no combate à desinformação”, organizado pelo Programa de Pós-graduação em Mídias Criativas da Escola de Comunicação da UFRJ, parte do projeto “Climate Talks”, do governo alemão. O evento reuniu especialistas das áreas de Comunicação e Mudanças Climáticas, no dia 11 de agosto, no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, no Flamengo, Zona Sul do Rio.
Diante de um auditório lotado, sobretudo por alunos do Ensino Médio, os debatedores analisaram como as narrativas falsas produzidas por agentes políticos e econômicos são prejudiciais à sustentabilidade do planeta. O encontro se alinhou à pauta da COP 30, Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, por tratar a desinformação climática como uma forte barreira para conscientizar a população sobre a importância de debater e propor soluções para a emergência climática. A COP 30 será realizada em Belém, em novembro.
“É uma honra para a UFRJ sediar um encontro dessa magnitude, que une as áreas de Ciências e de Comunicação. Como servidora pública, pesquisadora e professora da área de Biologia, fico muito feliz de ver aqui tantos jovens que podem ajudar a combater a desinformação que tanto prejudica a sociedade”, destacou em sua fala de abertura a diretora do FCC, professora Christine Ruta.
Para o cônsul-geral da Alemanha no Rio de Janeiro, Jan Freygang, os encontros da série “Climate Talks” trazem à luz diversas visões sobre as transformações climáticas e o combate à desinformação. “A desinformação se tornou uma ameaça para as nossas democracias e para o nosso planeta. O negacionismo climático pode tomar várias formas, os padrões estão mudando. Antes, era a negação da própria existência das mudanças climáticas. Hoje vemos inúmeras tentativas de minar a confiança nas soluções. Temos bases científicas sólidas para refutar essas alegações falsas. Temos que dar voz à Ciência”, disse Freygang.
Mediador dos dois painéis de debates do evento, o jornalista André Trigueiro fez uma provocação inicial para a plateia: “Precisamos acelerar o passo, não temos todo o tempo do mundo, a hora é já. Não tem mais essa de ‘salvem o planeta’. É salvem-se! Esse planeta é uma velha senhora de quase cinco bilhões de anos. Ela já passou por poucas e boas, várias glaciações, chuvas de meteoros. Nós não temos a resistência que o planeta possui. Salvem-se! E parem de falar ‘precisamos cuidar do planeta para os nossos filhos e netos’. Acorda, cara! Não transfira para as gerações futuras o que a gente precisa fazer agora, isso é covardia geracional. Quem tá vivo tem que fazer agora”.

INDÚSTRIA RENTÁVEL
WhatsApp Image 2025 08 19 at 19.03.19 7No primeiro painel — “Narrativas climáticas e desinformação: agendas em disputa” —, a professora Marie Santini (foto à esq.), fundadora e diretora do NetLab (Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais) da ECO, destacou a necessidade de regulação das bich techs: “O problema da informação não é residual. É um problema estrutural, virou um mercado, uma indústria muito lucrativa para as big techs. E a gente só vai resolver esse problema se regulamentar a atuação comercial dessas empresas no mundo. A desinformação climática circula principalmente nas plataformas digitais, por meio de anúncios, engajamentos e recomendações, utilizando todas as ferramentas comerciais dessas big techs para amplificar o alcance dessa desinformação”.
Para a jornalista Fernanda da Escóssia (foto à dir.), professora da Uerj, é fundamental observar que a desinformação éWhatsApp Image 2025 08 19 at 19.03.19 8 hoje uma indústria. “A desinformação não é nada inocente. Ela é parte de um ecossistema, de uma indústria de produção de conteúdos falsos, descontextualizados ou que usam, o que é pior, a roupa da verdade sendo uma mentira. Nesse ano de COP é muito importante que a gente esteja atento à desinformação na área climática. Esses conteúdos têm uma intencionalidade, são voltados para obter dinheiro, influência política ou influência nas redes. E são estimulados e monetizados”, explicou Fernanda.

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