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WhatsApp Image 2021 06 04 at 18.54.09 1CRISTINA REGO-MONTEIRO DA LUZ
Doutora em Comunicação e Cultura e professora associada do Departamento de Expressão e Linguagens da ECO-UFRJ

 

“Papai, se uma árvore cai na floresta e a mídia não cobrir, ela caiu mesmo?”
PERGUNTA DE UM CARTOON DE ROBERT MANKOFF, publicado na década de 1970 no jornal Saturday Review, in Newman, E.N – A espiral do silêncio,198

 

Uma onda de reações criticando a cobertura das manifestações do dia 29 de maio alimentou embates de polarização, críticas a respeito dos valores envolvidos na escolha da capa de dois jornais que costumavam ter grande circulação, e uma incompletude importante na interpretação do que vai além da evidente parcialidade política que salta (ou não salta) das primeiras páginas de suas edições impressas.
De uma maneira geral, a prática jornalística é constituída de três pilares básicos — sua deontologia (razão de ser da atividade), o jornalista enquanto indivíduo profissional na atividade e as estruturas de intermediação e distribuição do produto notícia. Nesse caso, partimos da hipótese de que estamos diante de uma situação mais centrada no terceiro pilar: as estruturas empresariais de intermediação.
WhatsApp Image 2021 06 04 at 18.54.09Omitir imagens e informações a respeito de algo visto e vivenciado por milhares de pessoas no jornalismo impresso pode estar denunciando mais do que exclusões editoriais questionáveis. Um gargalo cada vez mais estreito no consumo de noticiosos impressos — o expediente das assinaturas, como resultado da velha lei da oferta e procura, que estão sendo vendidas a surpreendentes R$ 15 ao mês em sites onde, se o internauta sair sem fechar negócio, verá um anuncio piscante pular na tela dizendo “Não se vá ainda! Oferecemos 30 dias grátis!”.
A grande imprensa pode dar a impressão a um público historicamente analógico, mais velho e ainda à frente de empresas e lideranças sociais, de que o destaque (ou a falta dele) na forma de publicação dessa reportagem impacta fortemente a sociedade. Será? Ou revela bastidores de empresas midiáticas que cambaleiam na função deontológica primordial, de informar e contextualizar fatos reais, sejam quais forem? A publicidade governamental ainda é um dos principais canais de subsistência de grandes veículos de imprensa. Apesar da queda vertiginosa de leitores e assinantes, a pauta dos veículos ainda sofre imensa pressão política, especialmente através do controle das verbas publicitárias. Afinal, primeiras páginas continuam sendo referenciais indicativos para análises de representação de valor social da informação. Mas será que essa arena permanece sendo um lugar de destaque e impacto no embate das narrativas que mantêm efetiva capacidade de influência junto a um grande público?
As modificações no processo de produção da notícia em função da velocidade das mudanças tecnológicas ainda são extremamente subestimadas pelo público em geral. Uma imensa transformação paradigmática dos modelos de captação, produção, edição, distribuição e tratamento tecnoeditorial dado às notícias vem sacudindo o monopólio da pauta social da chamada “grande imprensa”. Em pesquisa informal junto às mais recentes turmas do Curso de Jornalismo da Escola de Comunicação da UFRJ, de um universo recortado de jovens que se propuseram a enfrentar a seleção do vestibular para serem profissionais da informação noticiosa, os professores vêm constatando uma ausência quase total de leitura de jornais impressos.
A internet, ao possibilitar a pulverização dos acessos de entrada de informações circulando em rede, arrebentou diques de controle dos fluxos de discursos organizados por elites econômicas, políticas e sociais, abrindo-se à participação de milhões de pessoas, com toda complexidade que isso traz. Significa agregação de novos públicos, não de substituição. Os mecanismos de tentativas de manutenção de poder de influência estão em mutação, mas não saíram de cena. Qualquer análise a respeito da atividade jornalística (no caso, a brasileira) hoje precisa sofrer uma mudança de perspectiva na mesma proporção das alterações provocadas pelo crescente aumento de acesso à plataforma digital.
Não é novidade, mas as injunções que envolvem grandes corporações e hábitos sociais são de lenta deglutição. Bancos de dados podem ser considerados os bancos e financeiras de ontem. Detêm a principal commodity contemporânea, a informação objetiva e subjetiva de cada indivíduo, em escala global. Commodities são produtos que funcionam como matéria-prima. Mensura-se informação como base de uma nova economia. Dados estão configurando-se como moeda. Um acontecimento tecnológico de grande repercussão social certamente entrou para a história tanto no campo da Comunicação quanto da Sociologia e da Psicologia Social — tornou-se pública a existência de mensagens geradas por robots algorítmicos para milhares de pessoas selecionadas nas redes sociais em função de padrões psicológicos, no período imediatamente anterior ao das eleições norte-americanas. Terminadas as eleições, milhões de contas falsas que enviavam mensagens com conteúdo influenciador foram fechadas, desapareceram da rede. A constatação de que esse mecanismo pode ter influenciado o resultado das urnas (possivelmente não só as norte-americanas, já que o processo tornou-se um produto disponível no mercado internacional) levou Mark Zuckerberg a depor no Congresso norte-americano por cinco horas — e admitir que houve vazamento de dados dos usuários do Facebook. Milhares de aplicativos são alimentados por bases de dados que identificam os perfis psicossociais dos usuários da internet. Quem nunca procurou um produto na rede e começou quase imediatamente a receber publicidade de produtos semelhantes? A publicidade algorítmica envia mensagens para quem buscou por ela antes — e, caiu na rede, é peixe. Gostos e tendências estão sendo cadastrados, e muito utilizados.
Se uma comunicação tão direcionada já foi testada, mostrando-se precisa e comprovadamente eficaz, qual é o lugar atual de eficiência na construção do imaginário público de um veículo que dispersa custos de produção e vem perdendo precisão no alvo?
Consumidores analógicos e digitais, alvos de narrativas desfalcadas, informações incompletas e dados distorcidos que podem atender aos interesses daquele que narra (não do público) — é possivel que estejamos dando muita atenção à arena errada.
As capas dos impressos são decididas por um grupo bastante reduzido de pessoas, e as circunstâncias que pesam nessa decisão são de natureza diversa. Mas em escala, a participação de muitos em plataformas onde milhões podem captar, editar e distribuir notícias, apesar de real, não tem ainda o valor de impacto reconhecido. Ainda prevalece a percepção condicionada de velhos padrões políticos e sociais de importância.
Talvez o descompasso entre acontecimento e notícia esteja indicando outras coisas importantes — que estamos descuidando da mais preciosa matéria-prima do Jornalismo, da principal área de qualificação de informações contextualizadas que chegam massivamente à sociedade: o jornalista. O indivíduo, sua adequada formação e estrutura legal para exercício profissional. Esse que pode mobilizar não uma edição, mas milhões delas, em rede. O que é necessário? Aval social, credibilidade, uma legislação que permita o exercício do questionamento sem que levantar a verdade comprovável seja um risco.
Desvalorizado pela suspensão da exigência do diploma para o exercício da profissão, o bom jornalista é um antídoto para programações algorítmicas capciosas, em um front distante das disputas expressas no modelo já arcaico do jornalismo impresso. Nada substitui homens e mulheres intelectualmente bem preparados para atuar em defesa de metas passíveis de interpretação, sutileza, revisão de paradigmas e de aproveitamento de oportunidades anteriormente desconhecidas.

“Caiu, meu filho”.
RESPOSTA AO CARTOON DE ROBERTO MANKOFF , em maio de 2021

bandeira adufrjDiretoria da AdUFRJ

Nós não escolhemos o tempo em que vivemos, mas somos parte dele, podemos transformá-lo, mas não do modo nem com a rapidez que desejamos. Essa equação pode se tornar muito dolorosa e difícil se esse tempo nos exigir decisões e posicionamentos que não gostaríamos ou não nos sentimos em condições de tomar. Esse é o nó que o tempo presente nos apresenta. Enfrentamos uma pandemia sem uma diretriz nacional coerente. Ao contrário, a cada dia fica mais explícito o equívoco da política sanitária do governo federal, que insistiu numa solução mirabolante que nos colocou no topo entre os países com o maior índice de mortalidade por milhão de habitantes. Os estados e municípios buscaram caminhos para a proteção de sua população, mas a ausência de uma coordenação clara a nível nacional, tendo que enfrentar ainda a hostilidade e o mau exemplo do presidente da República, acaba por jogar nos ombros dos indivíduos a parte maior da responsabilidade pela sua própria proteção e a de seus entes queridos. Assim, muitos de nós acabam se envolvendo na produção de quentinhas, distribuição de máscaras, campanhas para ficarmos em casa, enfrentando também a decepção de parentes que nos querem em suas festas e encontros.
Foi por isso que em nosso editorial da semana do dia 7 de maio já estávamos apontando para a necessidade de darmos um novo e corajoso passo — “A variável que falta para consolidar um quadro de avanço das forças democráticas contra Bolsonaro é ocuparmos as ruas. Não podemos mais esperar. Vamos de máscaras PFF2, álcool em gel, em um lugar amplo e arejado tal qual o Aterro do Flamengo, por exemplo, mas vamos às ruas!” —, um recado que já estava há tempos também rondando os estudantes, que não esperaram muito e, por conta do grito de alerta que a universidade havia dado sobre a insuficiência de recursos, foram às ruas no dia 14, em ato histórico no Largo de São Francisco.
Ninguém quer sair às ruas e provocar aglomerações, ninguém quer correr riscos ou colocar seus entes queridos em risco. Mas há momentos que a decisão a ser tomada não é aquela que consideramos a melhor, mas justamente a que se impõe como necessária. O governo federal avança contra as universidades, estrangulando-as do ponto de vista orçamentário, depois de ter desrespeitado sistematicamente a vontade da comunidade em pelo menos duas dezenas de instituições que tiveram reitores nomeados. Além disso, assistimos ao desmonte do sistema nacional de fomento à pesquisa, com o esvaziamento do CNPq e da Capes. Que ninguém duvide: o resultado final desse desgoverno que vivemos é a aniquilação da universidade pública brasileira. E foi por termos a exata consciência do risco que corremos que não tivemos dúvida em abraçar desde o primeiro momento a proposta de ato dos estudantes no dia 14, e todas as mobilizações de lá para cá.
Temos caminhado junto com as entidades da UFRJ: DCE, APG, SINTUFRJ e ATTUFRJ. Tem sido uma experiência importante, que esperamos que se aprofunde mais a cada dia. Também temos acertado o passo a nível nacional, com nossas entidades nacionais, frentes sindicais e movimentos sociais. Mas ainda não é o suficiente. Podemos muito mais. Que esse jornal seja um incentivo, um momento de reflexão para cada professor, professora. Nenhum de nós estará a salvo se os planos autoritários de Bolsonaro prosperarem. A universidade, seus métodos, seus princípios, seus pilares fundamentais estarão ameaçados. Já temos uma data para o nosso reencontro: 19 de junho. Precisamos de todo mundo na rua. E isso não é uma contradição. Uma manifestação com dezenas de milhares de pessoas, com 100% delas usando máscara é, antes de tudo, pedagógica. Estamos dizendo para a população que está obrigada a se expor — porque não pode optar pelo trabalho remoto — que estamos ao lado dela. E mais, estamos pelo exemplo e pelo cuidado, nos contrapondo às provocações bolsonaristas, que desafiam todas as orientações sanitárias e se apresentam em público sem qualquer medida protetiva.
Todos sonhamos com um país melhor. Só que hoje precisamos mais do que isso: acreditemos nos nossos sonhos e tenhamos a coragem de fazê-los realidade!

WhatsApp Image 2021 05 27 at 19.27.21O recadastramento anual dos aposentados e pensionistas do Poder Executivo Federal foi novamente prorrogado. Desta vez, até 30 de junho. O adiamento é uma medida de proteção contra a pandemia, uma vez que os beneficiários — idosos em sua maioria e, portanto, mais vulneráveis ao novo coronavírus — precisariam comparecer a uma agência bancária para fazer a chamada “prova de vida” e, assim, manter seus pagamentos. Enquanto o Ministério da Economia prorrogar os prazos, os benefícios não serão afetados. Mas aqueles que quiserem realizar logo o procedimento podem optar pela Prova de Vida Digital, sem sair de casa, por meio do aplicativo SouGov.br.

WhatsApp Image 2021 05 27 at 19.27.20 1A covid-19 mais uma vez trouxe dor e silêncio para o mundo das artes. O samba atravessou na manhã desta quinta-feira (27) com a morte do bamba Nelson Sargento. Aos 96 anos, ele foi uma das primeiras pessoas do Rio de Janeiro a ser imunizada contra a doença. Apesar da vacina no braço, o vírus foi mais forte e decretou o final da trajetória do baluarte da Mangueira. Sargento foi autor de grandes sambas-enredo da escola do coração, compôs mais de 400 músicas, escreveu livro, pintou quadros. Um artista em múltiplas dimensões. A arte, hoje, fica mais cinza.

DEPUTADO PROPÕE EXTINÇÃO DA UERJ

Num arroubo autoritário, Anderson Moraes (PSL) protocolou projeto de lei na Alerj para extinguir a Uerj e passar seus bens a faculdades privadas. A universidade é prevista na Constituição do Estado. O delírio do deputado bolsonarista é, portanto, inconstitucional. A assembleia arquivou o pedido. “Enquanto eu for presidente, não vota”, declarou André Ceciliano (PT), presidente da casa.

POLÍTICA DE INOVAÇÃO APROVADA

O Consuni aprovou uma política de inovação para a UFRJ. A resolução recebeu 43 votos favoráveis e duas abstenções, em sessão realizada neste dia 27. As diretrizes não se restringem às áreas de saúde, ciência e tecnologia, incluindo também as humanidades e ciências sociais aplicadas. A política estimula ainda uma estrutura de produção descentralizada, a partir dos Centros e das unidades. Os conselheiros comemoraram a iniciativa. “Nossos estudantes pedem por inovação e empreendedorismo”, afirmou a professora Juliany Rodrigues, diretora do campus Duque de Caxias. “Eles não querem mais ser empregados da Petrobras ou da Shell. Eles querem desenvolver suas ideias”.

REFORMA ADMINISTRATIVA APROVADA NA CCJ

Por 39 votos a favor e 26 contrários, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou, no dia 25, o relatório da reforma administrativa. A medida ameaça o serviço público e é uma das bandeiras da campanha de Bolsonaro. O texto cria cinco tipos de vínculos de trabalho para os servidores públicos e acaba com a estabilidade, como a conhecemos, mas deixa de fora “carreiras típicas de Estado”. Ainda há previsão de legislação complementar para detalhar que carreiras ficarão de fora da reforma. A proposta agora segue para análise em comissão especial.

WhatsApp Image 2021 05 27 at 19.27.20Em dois dias seguidos, dois aparelhos de ar condicionado foram furtados do Instituto de Biologia. O local fica nos fundos do Bloco A do Centro de Ciências da Saúde, no Fundão. “É simplesmente o sexto aparelho em dois anos,”, desabafou a professora Christine Ruta, responsável pelo Laboratório de Biologia Integrativa de Organismos Marinhos, um dos atingidos pelos roubos. O problema é crônico e atinge outras áreas e unidades. As ocorrências foram registradas na Diseg (Divisão de Segurança), que verificou que o local carece de gradeamento para proteger os aparelhos. A prefeitura da UFRJ formalizará a recomendação à decania do CCS. “Nosso campus é aberto, o que facilita esse tipo de ação. Estamos mudando posicionamento de pessoal e viaturas para tentar minimizar o problema”, completou o prefeito Marcos Maldonado. A Diseg está fazendo recolhimento de imagens das câmeras de vigilância para tentar identificar pessoas envolvidas no crime. Há três dias, roubaram também os cabos de força, de cobre, do prédio novo do Instituto de Física, ao lado do CCMN. Os bandidos fizeram um buraco no muro que separa o prédio da área externa. “Infelizmente não é a primeira vez. Já levaram torneiras e outros objetos de metal. Provavelmente para vender”, lamentou o vice-diretor da Física, professor Antônio Carlos Santos.

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