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PEDRO LAGERBLAD DE OLIVEIRA
Professor do Instituto de Bioquimica Médica
1º secretário da AdUFRJ (2019-2021)

WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.38.371Difícil fazer um balanço desses dois anos da associação sem de alguma forma misturar com os sentimentos gerados por um período tão singular da vida do país e do mundo. A pandemia colocou desafios inusitados ao movimento docente. Mas, na maioria das vezes, acho que reagimos bem. Olhando para trás, o sentimento é contraditório. Dei mais tempo à AdUFRJ do que havia planejado no início, mas menos do que seria necessário.
Bem no início da pandemia, na nossa última assembleia presencial, alguns colegas defenderam a realização de uma manifestação presencial, sustentando que deveríamos ter coragem, ou, ainda, que a pandemia era uma invenção do neoliberalismo global. Ali, a nossa vinculação com uma base de apoio com forte lastro na academia e na comunidade científica foi o diferencial que permitiu diagnosticar, ainda no início, o tamanho do problema. Esse momento ilustra o papel da base social da diretoria na forma de trabalhar e na tomada de decisões.
Mais adiante trabalhamos para organizar o trabalho remoto, não para impedi-lo como alguns propunham naquele momento. Nos esforçamos para dar suporte às mais diversas iniciativas comunitárias de apoio a segmentos desprotegidos. Criamos encontros virtuais de docentes na forma do “tamo junto”, uma happy hour virtual onde se discutia política e conjuntura.
Como diretoria, conseguimos manter uma coesão interna muito boa, eu acho, especialmente nas condições em que tivemos de trabalhar. Não posso deixar de fazer uma referência especial que estar na diretoria me permitiu um contato maior com a Eleonora, colega de militância clandestina no tempo da ditadura, ainda no movimento secundarista.
Dentro da diretoria, dividimos as frentes de trabalho. Acho que fui um misto de idoso com “café com leite”... e os demais carregaram mais o piano do dia a dia do sindicato. Mas, nesse último ano, me envolvi com duas iniciativas que deixo inconclusas, o que não é um bom sentimento.
Uma delas foi estabelecer uma negociação com a reitoria que tem feito progressos pequenos e lentos, na verdade sem grandes desfechos positivos já há quase um ano de conversas. Avançamos na definição das questões, no levantamento dos problemas e identificação dos docentes que têm demandas e pendências. Infelizmente, progressos de fato têm acontecido por conta dos processos judiciais que temos ganhado quando o diagnóstico do nosso jurídico é que o caminho administrativo está esgotado. Processar a UFRJ não é um bom sentimento. Mas acho que a questão está encaminhada para ser reformulada na próxima gestão.
A outra frente que me envolvi nesses últimos períodos foi a de tentar criar um espaço de discussão plural e não sectário sobre a Ebserh. A condução de parte dos movimentos sociais na UFRJ nessa questão, de organizar “debates” monotônicos com mesas compostas de quem é contra a Ebserh, debatendo com alguém muito contra, não contribui. Não é razoável, nem democrático, ignorar que todas as unidades hospitalares pedem novamente para reabrir a discussão do tema, por não enxergarem solução viável no futuro próximo. Ignorar uma parte expressiva da universidade, a maioria documentada nos conselhos acadêmicos do CCS, que entende que esse é o caminho, não me parece aceitável. Rotular como privatistas colegas que têm a vida dedicada à saúde pública e militância ligada à história do SUS é, no mínimo, injusto. A criação do “hotsite” dedicado ao tema para oferecer informações qualificadas e uma tribuna para um debate plural foi um caminho, mas ainda não deslanchou como ferramenta efetiva de discussão.
Mas a maior frustração desses dois anos é perceber que, embora tenhamos oferecido alguma resistência e que a opinião pública tenha muitas vezes se posto ao nosso lado, esse período foi de grande retrocesso para universidade, para a Ciência e para a Cultura no país.
Faço 60 anos poucos dias depois da posse da nova diretoria, e, embora eu nunca tenha largado o “chão da fábrica” (meu laboratório e os alunos), a sensação de retorno, de ciclo fechado é inevitável e inspira a busca de uma fase nova concentrada no meu círculo próximo, mas mantendo o vínculo com o movimento docente e a AdUFRJ, que seguirá sendo um porto seguro e um canal de participação e de escuta essencial no próximo ano.

 

JACKSON MENEZES
Professor UFRJ Macaé
2º tesoureiro da AdUFRJ (2019-2021)

WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.48.44A experiência de ser diretor da AdUFRJ é muito gratificante e nos ensina bastante. Especialmente nossa gestão, que foi marcada pela pandemia. Se, por um lado, a pandemia limitou nossa atuação, por outro lado, nos ensinou bastante. O ponto que mais me marcou foi a capacidade do corpo social da UFRJ em se organizar para suprir a demanda de atendimento da população durante a pandemia (serviços sociais, voluntariado, hospitais, atendimento psicológico etc) e, em especial, a capacidade dos alunos, técnicos e docentes em se adaptarem ao ensino remoto emergencial. Tivemos que ter muita força para manter a mobilização sindical mesmo de forma remota.
Lidar com as atrocidades do atual governo em meio à pandemia, quando familiares, amigos, conhecidos, alunos e colegas de trabalho perdiam suas vidas, não foi nada fácil.
Diante de tantas perdas, me vi obrigado a me dedicar ao trabalho voluntário de diagnóstico da covid-19 na população macaense. Um momento emocionante foi quando não tínhamos mais material para trabalhar e a AdUFRJ não mediu esforços para conseguir materiais, garantindo desta forma a continuidade do diagnóstico da população de Macaé.

Estarei sempre à disposição da causa trabalhista dos docentes da UFRJ.

CHRISTINE RUTA
Professora do Instituto de Biologia
e 2ª vice-presidente da AdUFRJ (2019-2021)

WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.38.51Chegar ao fim de um projeto como um mandato na AdUFRJ é sempre um momento contraditório. Agradeço aos meus colegas de diretoria e aos funcionários da AdUFRJ pelas longas horas que trabalhamos juntos. Há, ao mesmo tempo, uma frustração de não ter feito tudo que planejei, tudo que sonhei fazer e também um sentimento de realização pelos projetos terminados. Cada tarefa realizada eu queria ter multiplicado por algum fator: ir mais a Brasília e atuar no Congresso, realizar muitas projeções Brasil afora, afirmando a universidade pública, produzir muitos vídeos sobre o trabalho das professoras e dos professores, ao som da voz de Elza Soares e de outros nomes maravilhosos da música brasileira. Ao mesmo tempo, há uma enorme sensação de alívio, de  dever cumprido, de ter empregado uma grande energia no projeto AdUFRJ durante a pandemia, de ficar mais longe do Zoom e das longas reuniões de planejamento e de discussão. Mas, de toda forma, reúno o que há de melhor na soma destas contradições e envio todos os meus melhores pensamentos para a próxima diretoria: que eles façam melhor o que nós fizemos e que realizem tudo o que não pudemos realizar.

 

FELIPE ROSA
Professor do Instituto de Física
e 1º vice-presidente da AdUFRJ (2019-2021)

WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.38.38Quando anunciei minha decisão de concorrer à direção da AdUFRJ, lá em 2017, vários dos meus colegas reagiram com certo espanto. “Você está louco de se meter com isso!”, diziam alguns; “É uma perda de tempo enorme”, argumentavam outros. Mas tínhamos acabado de passar por um ponto de inflexão dois anos antes com a vitória da primeira chapa de oposição em muitos anos, e eu achava que era a minha vez de “ir para o sacrifício”, ou seja, me afastar um pouco da vida acadêmica e colaborar com esse novo projeto de associação sindical. Pois bem: 4 anos e 2 mandatos depois, o que dizer?
Bom, desde logo é preciso dizer que meus colegas não estavam totalmente errados: foi uma certa loucura achar que, sem jamais ter participado de qualquer movimentação política, eu poderia ser um diretor sindical. Depois de nossa posse, foram alguns meses sem entender quase nada do que estava acontecendo, e mais outros tantos até conseguir “tirar as rodinhas da bicicleta”. Felizmente, como eu não tinha noção da minha própria ignorância, pude ir aprendendo sem medo de passar vergonha, e ali no meio do 2º mandato eu já era um sujeito diferente: eu havia atravessado o véu que separa as pessoas “normais” das “politizadas” (que é impossível de cruzar de volta, pois uma vez atravessado, ele desaparece). Junto com todo o aprendizado sobre os meandros da UFRJ, todas as amigas e amigos que fiz, todo o  endurecimento causado por disputas nem sempre nobres e toda a exasperação com o chamado “tempo da política”,  isso é o que há pra ser dito.

Um forte abraço,

Felipe

 

Estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado em setembro, revelou que os professores brasileiros têm os piores salários iniciais entre os 40 países do bloco — 37 integrantes e três parceiros. Em média, um docente brasileiro do Ensino Fundamental recebe US$ 13,9 mil por ano,  enquanto nos demais países membros e parceiros da OCDE essa média é de US$ 35,6 mil. Na Alemanha, o valor supera os US$ 70 mil.
Segundo a pesquisa, os docentes brasileiros no início de suas carreiras recebem menos do que docentes em países como México, Colômbia e Chile. Apesar de receberem os maiores salários, os profissionais universitários no Brasil têm uma remuneração 48,4% inferior em relação à média mundial. (Estudo da OCDE, setembro de 2021)

As mulheres dominam a profissão na educação básica, chegando a ocupar 88% das salas de aulas da educação infantil, mas estão mal representadas na educação superior, com apenas 46% dos postos de trabalho em 2019. (Estudo da OCDE, setembro de 2021)

Pesquisa feita pela Associação Nova Escola aponta que a saúde mental dos professores melhorou em 2021, em comparação com 2020: 47,8% dos profissionais da Educação Básica avaliam que a saúde mental atualmente está “boa” ou “excelente”. Em 2020, eram 26%. A pesquisa foi feita com quatro mil professores, coordenadores pedagógicos e diretores da educação básica em todo o país, entre agosto e setembro de 2021.

 

WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.44.55Os educadores, antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam ser especialistas em amor: intérpretes de sonhos.
Rubem Alves

 


WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.40.27
Feliz aquele que
transfere o que sabe
e aprende o que ensina.
Cora Coralina


WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.44.551O principal objetivo da educação é criar pessoas capazes de fazer coisas novas e não simplesmente repetir o que outras gerações fizeram.
Jean Piaget


WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.44.552A tarefa essencial do
professor é despertar
a alegria de trabalhar
e de conhecer.
Albert Einstein


WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.44.56Ser professor é apostar
na esperança. É trabalhar com algo que não está pronto ainda.
É entender-se parte de um processo de transformação.
Leandro Karnal


WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.44.561A aprendizagem resultante do processo educativo não tem outro fim, senão o de habilitar a viver melhor, senão o de melhor ajustar o homem às condições do seu meio.
Anísio Teixeira


WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.46.581Ser professor é poder ajudar os alunos a lidar com a própria humanidade deles.
Luiz Felipe Pondé

 

 


WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.46.582O educador se eterniza em cada ser que educa.
Paulo Freire

 

 


WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.46.583O homem não é nada além daquilo que a educação
faz dele.
Immanuel Kant

ladder 2713347 640Por 24 votos a 19, o Conselho Universitário do dia 14 de outubro negou o recurso da professora Valéria Silva Matos, da Escola de Música, que pleiteava retroação dos efeitos funcionais de progressões e promoções ao longo da carreira. A docente, apoiada pela assessoria jurídica da AdUFRJ, solicitava ser declarada como adjunto 1 e adjunto 2 em períodos anteriores aos registrados em sua ficha funcional. A professora Valéria também pedia progressão múltipla até Adjunto 4. No pedido, ela abria mão da retroação dos efeitos financeiros da progressões e promoções.

Após longo debate prevaleceu, por pequena margem, o entendimento defendido pela Pró-reitoria de Pessoal e constante de um dos pareceres analisados, que a UFRJ, desde 2020, não permite mais mudança retroativa de data de progressão. Também foi argumentado que a universidade se sustenta em pareceres da Advocacia-Geral da União e da Procuradoria da UFRJ, além de regulamentação própria, que impedem progressões múltiplas.

Os pareceres favoráveis ao pleito da docente, no entanto, indicavam vasta jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça reconhecendo o direito a diversos docentes. Nesses casos analisados, a justiça compreendeu que o docente, ao cumprir o interstício de 24 meses em cada nível e tendo as respectivas avaliações dos períodos, cumpriram todos os requisitos necessários para a progressão. Dois votos nulos e duas abstenções completaram o resultado da sessão que não reconheceu o direito da professora.

Predio CCS 0008 1864Foto: Fernando Souza/Arquivo AdUFRJO Conselho Universitário começou a discutir mudanças na Resolução 07/2020, que regulamenta internamente o trabalho remoto. A motivação é a Instrução Normativa 90, do Ministério da Economia, que indica o retorno gradual de todos os servidores públicos federais a partir de 15 de outubro. Não houve deliberação sobre o tema, já que muitas dúvidas surgiram, principalmente se não seria possível a universidade instituir um sistema híbrido de retorno, com rodízios entre quem atua presencialmente e quem permanece em casa. Além disso, não se chegou à conclusão sobre como seria computada a presença nos casos em que o ambiente de trabalho não permitisse o retorno de todos ao mesmo tempo. Outra dúvida levantada foi em relação à universidade poder ou não barrar docentes, técnicos, estudantes e terceirizados que tenham recusado a vacina.  O vice-reitor, professor Carlos Frederico Leão Rocha, sugeriu agendar uma sessão extraordinária do Consuni para deliberar sobre a nova redação da resolução. O assunto deve voltar à pauta na próxima semana.

WhatsApp Image 2021 10 08 at 21.33.43Neste último capítulo de nossa série sobre o balanço da atual diretoria, relembramos as ações de solidariedade e apoio a pessoas, instituições e entidades da sociedade civil ao longo da pandemia. Os apoios tiveram três eixos principais: o primeiro, emergencial, como as doações de insumos e equipamentos para hospitais e laboratórios da UFRJ. Um segundo eixo consistiu em ações de solidariedade junto a coletivos e grupos em vulnerabilidade social. O terceiro correspondeu à atuação política do sindicato, em atividades junto ao comitê “Fora Bolsonaro”, além do apoio a entidades estudantis, culturais e movimentos sociais. “A gente participou dessas ações contribuindo com a mobilização coletiva. Entramos completando esse esforço, que todos os sindicatos fizeram, em âmbito nacional. Destinamos recursos inclusive para o Amapá”, destaca a presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller. De março de 2020 a 5 de outubro de 2021, a AdUFRJ destinou um total de R$ 614.504,37 a ações gerais de apoio e solidariedade. “Todas as entidades foram checadas antes de receber os recursos. Houve muita responsabilidade ao lidar com um dinheiro que não é nosso, mas dos sindicalizados”, afirma Eleonora. “Muito da economia gerada por não estarmos em atividade presencial foi direcionada às doações. O sindicato deu uma resposta ao hiperindividualismo, construindo uma cultura coletiva de solidariedade e ajuda mútua”. Para Eleonora, a AdUFRJ também conseguiu resgatar a dimensão do sindicato “como instrumento de proteção a quem trabalha”. “A gente investiu muito em voltar a fortalecer o sindicato nesse aspecto, como instrumento de defesa, de atuação coletiva. Estamos entregando uma gestão que teve uma delegação recorde no Congresso do Andes, teve um quórum recorde na eleição do Andes, um quórum recorde na sucessão da diretoria, conseguiu duplicar o caixa”, elenca. “Só foi muito difícil alcançar os docentes que não estavam sindicalizados, exatamente por conta da atuação remota”. Os desafios já eram enormes há dois anos. O professor Pedro Lagerblad, também diretor da seção sindical, relembra a sensação de quando tomou posse. “Havia um sentimento de ‘e agora, José?’ entalado na garganta. Assumíamos um sindicato importante, da maior universidade federal do país, no meio de um governo que fala em nome da ignorância, da brutalidade e de um projeto de destruição nacional. Enfim, um governo inimigo declarado da universidade”, resume. A chegada da pandemia trouxe desafios extras. “Tentar construir canais de ação, de reunião, responder a demandas que não existiam e criar esperança nesse cenário foi algo que nunca conseguiremos esquecer”. O professor Jackson Menezes, também diretor da AdUFRJ e representante da gestão em Macaé, destaca a resiliência de professores, técnicos e estudantes neste período tão adverso. “O ponto que mais me marcou foi a capacidade do corpo social da UFRJ em se organizar para atender à demanda da população durante a pandemia e, em especial, a capacidade dos alunos, técnicos e docentes em se adaptarem ao ensino remoto emergencial”, afirma. Manter-se presente nas lutas da universidade, ele reforça, não foi tarefa simples. “Houve muita força da atual diretoria em manter a mobilização sindical mesmo de forma remota”. Lagerblad completa: “A AdUFRJ era uma parte da luta diária. Sobrevivemos. Um dia de cada vez”.

HOSPITAIS 
A AdUFRJ fez doações de equipamentos para o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho no valor de R$ 100.110,00. Para o Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, as doações foram de materiais médicos, no valor de R$ 100.120,00. “A AdUFRJ não foi uma patrocinadora dos hospitais. Esta é uma atribuição do Estado. Mas entendemos que, naquele primeiro momento, era urgente colaborar para que a população pudesse ser atendida”, explica a professora Eleonora Ziller.

LABORATÓRIOS
A AdUFRJ doou insumos para pesquisa, para realização de testes de covid-19 e para a fabricação de álcool 70º. Os materiais, para laboratórios do Rio e de Macaé, somaram R$ 111.200,00. Desse montante, R$ 74.200,00 foram doados em 2020.

WhatsApp Image 2021 10 08 at 21.33.43 1CESTAS BÁSICAS
Era preciso aplacar a fome das camadas mais vulneráveis. Foram R$ 160.492,00 em doações de cestas básicas, principalmente para trabalhadores terceirizados e estudantes que perderam renda nos meses mais críticos de isolamento social e se mantêm em situação financeira instável até os dias atuais. Além disso, houve também doações para coletivos de bairros e favelas.

APOIO AOS COLETIVOS
Houve destinação de recursos para coletivos negros atuantes na universidade e apoio político na formação de coletivos docentes de professores negros e de parentalidade. “Tudo o que nos foi solicitado pelos coletivos nós transmitimos aos nossos sindicalizados. A gente tentou fazer toda essa costura, inclusive com o coletivo das mães docentes de Macaé que se transformou no GT Parentalidade”, conta Eleonora Ziller.

APOSENTADOS
A AdUFRJ teve atenção especial aos professores mais idosos, que poderiam necessitar de algum suporte específico durante o período de isolamento. Um dos serviços oferecidos foi o de transporte para os locais de vacinação. Os professores foram contatados um a um. “Felizmente, a gente não encontrou um quadro de mais necessidade, mas houve esse esforço de localizar, nos nossos quadros, se havia algum tipo de vulnerabilidade”, lembra Eleonora.

ADUFRJ NO RÁDIO
Uma novidade da gestão foi o programa AdUFRJ no Rádio, veiculado na rádio UFRJ. Desde que estreou, em 16 de outubro de 2020, foram produzidos 47 programas. “Não tínhamos muita ideia de qual seria o impacto, mas, sem dúvidas, foi muito bom ter essa experiência. Foi mais um canal de comunicação aberto para falarmos à universidade e à sociedade. Muito recompensante do ponto de vista intelectual e sentimental”, descreve o vice-presidente, professor Felipe Rosa.

PLANOS INTERROMPIDOS

A pandemia não permitiu que a AdUFRJ desse sequência ao censo idealizado para traçar o perfil de todos os professores da UFRJ. “Isso mudaria qualitativamente nosso trabalho. A pandemia aprofundou a noção de bolha. A gente só conseguiu maior contato com os sindicalizados, mas há mais de dois mil professores aos quais não conseguimos chegar”, lamenta a presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller.

Outro projeto que não pôde sair do papel foi a ampla campanha de sindicalização. “Ela dependia bastante do censo para saber quem somos nós e o que queremos ser”, argumenta Eleonora. Na avaliação da presidente, a seção sindical foi se afastando gradativamente da categoria, sobretudo após a era FHC. “Com a perda desse contato, a gente não sabe mais o que pensam principalmente os jovens professores”.

Finalmente, uma sala de convivência e atendimento jurídico aos professores estava planejada para ser inaugurada na Praia Vermelha. Outro plano suspenso pela necessidade de isolamento social. “Mas a cooperação com o CCJE para a realização da revista Versus continua acontecendo, e a gente espera que continue de pé e que renda frutos. Esta foi outra forma de apoio que a gente inaugurou nessa gestão”, orgulha-se a docente.


ARTIGO

Sensação boa de dever cumprido e com muita energia para apoiar a próxima gestão!

WhatsApp Image 2021 10 08 at 21.14.10CHRISTINE RUTA
Professora do Instituto de Biologia e 2ª vice-presidente da AdUFRJ

No dia 11 de março de 2020, o estado do Rio de Janeiro decretaria a adoção de isolamento e quarentena, entre outras medidas, para o combate ao novo coronavírus. Quando assumimos, em outubro de 2019, imaginamos inúmeros cenários possíveis para a nossa gestão. Só não sabíamos que iríamos enfrentar uma pandemia com medidas tão drásticas de distanciamento social para o controle da doença que nos afetariam até hoje. Durante 19 meses da nossa gestão de dois anos, conduzimos de modo virtual o sindicato da maior universidade do Brasil. Estamos prestes a encerrar o nosso mandato e sairemos com a sensação de dever cumprido, mas é inegável que nós, diretores engajados com a defesa da universidade pública e da carreira docente, fecharemos a nossa gestão com a sensação do “gostinho de quero mais”.

O modo remoto, sem o obstáculo da distância entre os espaços, possibilitou à nossa gestão uma vasta aproximação junto aos docentes dos mais diferentes campi e cursos da nossa universidade. O saldo do remoto também é positivo no sentido de que diversas ações sindicais foram menos custosas financeiramente, sem, contudo, deixarmos de atuar em diversos locais, inclusive outros estados. Por outro lado, não há como negar que uma gestão a distância trouxe a necessidade de adequação a esse novo tempo, sobretudo nos eixos de ação coletiva sindical que sempre foram organizados de maneira presencial e, muitas vezes, na forma de grandes movimentos. Tivemos que nos reinventar, e já no nome da nossa chapa deixávamos clara a mensagem: “Não vamos parar nem voltar atrás”. Neste sentido, destaco a seguir três de nossas ações anteriores ao período do confinamento e como nos adaptamos para continuar o trabalho sindical nestas ações.

Na luta contra os ataques e o desmonte da universidade pública, em dezembro de 2019, representamos a AdUFRJ na audiência convocada pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados com o então ministro da Educação, Abraham Weintraub, que se notabilizou como o “pior ministro da história” (https://www.adufrj.org.br/images/WEB-STANDARD_1112.pdf). Na Câmara, iniciamos as nossas primeiras articulações in loco com deputados e outros atores do cenário político. Durante o período de confinamento, toda a nossa agenda sindical na capital federal foi obrigatoriamente cancelada. Mas seguimos em frente! Conseguimos nos articular e fortalecer a AdUFRJ junto aos nossos pares das demais seções sindicais, principalmente via Observatório do Conhecimento, e outras entidades e movimentos sociais por meio de reuniões virtuais. A quarentona AdUFRJ foi inserida na era da comunicação digital e redes sociais. Aprendemos a ir “pra rua” por meio das projeções luminosas durante a campanha do 15 de maio de 2020 contra as infâmias e a estupidez do então ministro da Educação (https://www.adufrj.org.br/images/WEB-STANDARD_1128.pdf).

É uma sensação compartilhada por toda a diretoria: as ruas fizeram muita falta durante a pandemia! No dia 9 de março de 2020, ocupamos o Centro do Rio de Janeiro junto com mais de 30 mil mulheres no Dia Internacional das Mulheres pela igualdade de gênero. A AdUFRJ empunhou uma enorme faixa que se destacou pelo tamanho e pela vibração. Agitamos intensamente a faixa pelas ruas do Rio de Janeiro, nosso símbolo para expressar a vontade coletiva de varrer esse governo Bolsonaro, que desde o início atacava as mulheres em todos os campos. Em 2021, no dia 8 de maio, nos reinventamos. Mesmo sem levar nossos corpos para a rua, e novamente por meio das projeções luminosas, ocupamos diversos espaços urbanos no Rio de Janeiro e em outros estados. Fomos além da imagem. A voz emblemática da icônica Elza Soares, cantando “Dentro de cada um”, nos representou nesta ação (https://www.adufrj.org.br/index.php/pt-br/noticias/arquivo/21-destaques/3624-na-ciencia-e-na-vida-a-forca-das-mulheres).

Por fim, podemos destacar também a reunião do dia 12 de novembro de 2019 junto aos professores substitutos, a primeira reunião exclusiva com essa categoria para discutirmos sobre a contratação temporária na universidade, entre outras questões que atingem o setor precarizado dos substitutos. Havíamos planejado uma agenda de trabalho junto a esses docentes, mas a dinâmica da pandemia acabou por absorver essa frente de atuação. Durante todo o nosso mandato, estivemos abertos aos docentes de todas as unidades. Por meio do nosso Jornal da AdUFRJ, conseguimos dar voz dos substitutos aos aposentados. Como mencionou o professor substituto Bruno Clarkson, do Instituto de Biologia: “Não vou esconder que fiquei frustrado de ter a minha primeira experiência como professor na UFRJ em um cenário que exige distanciamento dos alunos e ensino remoto. Mesmo assim, para mim é gratificante, em um momento como esse, ter participado de alguma forma do combate à pandemia e da manutenção do ensino em uma das melhores universidades do país” (artigo veiculado na edição especial 1170 - https://www.adufrj.org.br/index.php/pt-br/noticias/arquivo/81-antigas/3651-depoimento-bruno-clarkson-mattos-instituto-de-biologia).

De certa forma, é o sentimento que me invade também no que toca à gestão da ADUFRJ. Espero que esta nossa frustração de trabalhar no modo remoto tanto tempo impulsione os colegas que tomarão posse na semana que vem para que a transformem em pura energia sindical!

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