O último Conselho Universitário do ano, dia 20, indicou parte da comissão que organizará a consulta à comunidade acadêmica sobre a escolha do próximo reitor da UFRJ. O Consuni não conseguiu, porém, fechar todo o grupo. A indicação formal dos candidatos a reitor será no Colégio Eleitoral, no dia 30 de abril, por meio de uma lista tríplice. É tradição da UFRJ, porém, realizar uma consulta informal entre estudantes, professores e técnicos-administrativos para a votação das chapas. A comissão organiza a consulta à comunidade acadêmica e define suas datas. O grupo será composto por nove membros titulares e nove suplentes dos três segmentos universitários. Os integrantes representam os colegiados superiores: CEG, CEPG, Consuni e Conselho de Curadores. Era tarefa do Consuni do dia 20 de dezembro indicar seus 8 representantes (4 titulares, 4 suplentes) na Comissão, mas faltaram dois nomes para completar a lista dos professores. Dos quatro docentes que o Consuni tem de indicar, foram escolhidos Maria Cristina Miranda (titular) e José Sergio Leite Lopes (suplente). O assunto deve ser retomado em fevereiro. Entre os discentes, o Consuni indicou as estudantes Nathália Huppes Borges (titular) e Ana Beatriz Dantas Duarte (suplente). Vera Valente (titular) e Gerly Miceli (suplente) foram escolhidas como representantes dos técnicos. VAGAS E NOVO CURSO No Conselho Universitário do dia 18, ficaram definidas as novas regras para a contratação de docentes da UFRJ. Era o que a reitoria esperava para divulgar, entre o Natal e o Ano Novo, um edital para oferta de aproximadamente 40 vagas remanescentes do concurso anterior. A pressa se justifica diante do cenário de incerteza para a universidade pública no governo Bolsonaro. Há o temor de que estas vagas sejam perdidas. O colegiado também aprovou a criação do curso de Engenharia Matemática, vinculado ao Instituto de Matemática.
Em reunião com a diretoria da Adufrj, o reitor da UFRJ, Roberto Leher, reiterou o compromisso de trabalhar para que a seção sindical tenha sede própria, a ser construída num terreno a ser cedido pela universidade. A área já havia sido cedida, mas entrou no acordo feito pela UFRJ com o BNDES para gestão de patrimônio. A Procuradoria e a superintendência de Patrimônio da UFRJ trabalharão em diálogo com a diretoria da Adufrj para encaminhar definições sobre a área a ser usada e o procedimento legal a ser adotado.
Da engenharia naval à pesquisa sobre petróleo, passando pela genética e por soluções para a escassez de água no planeta, professores e pesquisadores da UFRJ terminaram 2018 com prêmios nacionais e internacionais. Da engenharia naval à pesquisa sobre petróleo, passando pela genética e por soluções para a escassez de água no planeta, professores e pesquisadores da UFRJ terminaram 2018 com prêmios nacionais e internacionais. Em outubro, o professor Martinus Theodorus van Genuchten, do Programa de Engenharia Nuclear da Coppe/UFRJ, recebeu na ONU, em Nova York, o 8º Prêmio Internacional Príncipe Sultan Bin Abduaziz de Água. A premiação reconhece soluções pioneiras para a falta de água. Van Genutchen, vencedor na categoria “Águas Subterrâneas”, usou modelos matemáticos para identificar e prever impactos da poluição nas águas subterrâneas. Duas professoras da UFRJ coordenaram a pesquisa sobre leucemia infantil que recebeu o Prêmio Abril & Dasa de Inovação Médica, na categoria “Inovação em Genética”. A pesquisa investigou mutações de DNA associadas à leucemia infantil, permitindo melhorar diagnóstico e tratamento. Da equipe fazem parte 11 pesquisadores da UFRJ, do Colégio Pedro II, do Hospital Pedro Ernesto (UERJ) e da Fiocruz. “A leucemia é o tipo de câncer mais comum em crianças. O grupo já tem 12 anos de trabalho nesse projeto, e pretendemos continuar a investigação”, afirma a professora Cláudia Lage, do Instituto de Biofísica da UFRJ, que coordenou o projeto com a professora Elaine Sobral da Costa. Em dezembro, mais prêmios: Alexandre Alho, Marta Tapia e Peter Kaleff, do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica, receberam o Prêmio Inventor Petrobras 2018 por um sistema de movimentação de fluidos desenvolvido para a Transpetro. Os professores Paulo Couto e Juliana Baioco, também da Escola Politécnica, receberam da Society of Petroleum Engineers — seção Brasil o prêmio de excelência nas categorias “Distinção do Ensino e Pesquisa” e “Jovem Profissional”, respectivamente. Couto, professor de todas as turmas da graduação em Engenharia de Petróleo, criada em 2004, se disse honrado. “Gosto muito de dar aulas. É fundamental para a formação de novos profissionais”, afirmou Couto, que foi professor da agora colega Juliana Baioco, também premiada pela SPE. Juliana recebeu o prêmio pelo trabalho de inserção de jovens profissionais na indústria e destacou sua relevância num momento em que a universidade pública brasileira passa por tantas dificuldades. “A UFRJ é uma universidade ímpar, e o prêmio reconhece essa excelência”, afirmou a professora.
“Um dos maiores desafios que a nossa gestão enfrentará é a luta pelo espaço físico”. Com esse discurso, o professor Wladimir Augusto das Neves assumiu a direção do Instituto de Matemática (IM), no dia 17. Ao lado do vice-diretor Glauco Valle, a nova equipe anunciou que irá trabalhar junto à reitoria para concluir o prédio da unidade. A sede própria é um sonho antigo da comunidade do IM, hoje espalhada pelo CT e pelo CCMN. A construção citada pelo diretor na posse foi iniciada em fevereiro de 2010, perto da Rua Milton Santos, na Cidade Universitária, mas foi paralisada em 2013. Além da obra da sede, a nova diretoria, que encerra o mandato ao final de 2022, prometeu atuar em três frentes de trabalho: realização de projetos de extensão para mostrar a importância da Matemática, fortalecimento das pesquisas dentro da UFRJ e aumentar o número de formandos em licenciatura. Wladimir reafirmou que o instituto conquistou muitos avanços durante a última gestão com resultados de excelência na graduação e a obtenção do conceito 7 em programas de pós-graduação. Agora ex-diretora do instituto, Walcy Santos agradeceu o apoio durante os oitos anos de gestão e a confiança depositada por técnico-administrativos, docentes e estudantes. “O instituto cresceu muito nesses oitos anos. Construímos outras pós-graduações que se consolidaram, mantivemos a excelência na graduação, crescemos o número de docentes – saímos de 110 para 170 –, mas não crescemos em espaço físico”, resumiu a professora. Decana do CCMN, a professora Cássia Turci destacou o protagonismo do instituto na criação de cursos noturnos. “Poucas unidades tiveram coragem de enfrentar os desafios para implementação de cursos noturnos no Fundão. É muito importante a licenciatura, porque a gente fala que a educação é a saída desse país, e isso se dá através da formação de bons professores e pesquisadores”, pontuou. O reitor Roberto Leher, que participou da solenidade, reforçou a importância das universidades públicas na atual conjuntura. No discurso, ele expressou a educação extraordinária oferecida pelo instituto e a importância de levar a Matemática às crianças e jovens do país. “O Instituto de Matemática permite a possibilidade de expansão sobre o pensamento. Em tempos adversos, não podemos deixar nos abater”, afirmou.
Que 2019 seja o tempo da resiliência, capacidade que permite recompor forças, resistir e seguir. Porque, como ensina a canção de Chico Buarque, apesar “deles”, amanhã há de ser outro dia. Ana Beatriz Magno, Fernanda da Escóssia e Kelvin Melo 2018 foi o ano em que a política ameaçou a democracia e colocou um angustiante ponto de interrogação sobre o futuro das instituições brasileiras. Durante o período eleitoral e, agora sob o governo de transição, conquistas democráticas foram desqualificadas. O presidente eleito e sua equipe esbravejaram contra a gratuidade das universidades públicas, debocharam dos direitos humanos, ameaçaram reservas indígenas, fulanizaram protocolos da política externa. Jogaram ao vento a soberania da Constituição Federal, que chega aos 30 anos sem saber se o epíteto de Constituição Cidadã continuará a fazer sentido: de pouco valerá um nome se os direitos que ela garantiu forem espezinhados. Para a presidente da Adufrj, Maria Lúcia Teixeira Werneck Vianna, o acirramento das divergências extrapolou o campo político. “Tudo isso distorceu o significado de duas datas marcantes de 2018: o meio século do AI-5 e os 30 anos da Constituição de 1988”, afirma a socióloga. Para 2019, Maria Lúcia destaca a necessidade de apostar no bom funcionamento das instituições e de reforçar a mobilização. Num cenário marcado pela ascensão da extrema direita, que ameaça a autonomia da universidade, professores da UFRJ transformaram sua inquietação em reflexão e ação em 2018. Os docentes da maior instituição federal de ensino superior do país ofereceram interpretações qualificadas sobre uma das temporadas mais complexas do Brasil nos últimos anos. Foram para as ruas, firmaram e reafirmaram seu compromisso com a democracia. A eleição brasileira teve a marca das “fake news”, mentiras que de tão repetidas ganharam efeito de verdade e influenciaram a política. Em tempos de desinformação, o jornalismo de qualidade torna-se mais relevante — e o Boletim da Adufrj se orgulha de ter ajudado seu leitor a desvendar 2018. Foram 49 edições com reportagens sobre temas de interesse da UFRJ. Debates, campanhas, assembleias, cursos e um canal no YouTube, a TV Adufrj, serviram como estratégias variadas de informação e diálogo. Choramos a tragédia do Museu Nacional e o bárbaro — e ainda impune — assassinato de Marielle Franco. Nas últimas semanas, a campanha #UFRJSEMPRE foi para as ruas, com relatos de professores e pesquisadores. Mas também há histórias de superação vividas por estudantes que são os primeiros de suas famílias no ensino superior. Em 2019, a campanha terá como foco valorizar professoras e professores, vítimas preferenciais da severidade do governo que se avizinha. Para a equipe de Comunicação da Adufrj, é uma honra mostrar o cotidiano de uma universidade transformadora, comprometida com a excelência acadêmica e a justiça social. 2018 foi um ano de perplexidade. Não deixa saudade. Que 2019 seja o tempo da resiliência, capacidade que permite recompor forças, resistir e seguir. Porque, como ensina a canção de Chico Buarque, apesar “deles”, amanhã há de ser outro dia. Feliz Ano Novo