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WhatsApp Image 2022 01 07 at 21.03.15 3O exponencial aumento de casos de covid-19, impulsionado pela variante ômicron no Rio de Janeiro e associado à epidemia de gripe, fez a UFRJ revisar sua decisão pela retomada da rotina presencial. A nota foi publicada no site da universidade no final da tarde desta quinta-feira (6). Todas as atividades administrativas, de ensino, pesquisa e extensão devem, preferencialmente, voltar à modalidade remota e assim permanecerem até o dia 31 de janeiro.“Essa não é uma determinação, mas uma orientação”, esclarece a reitora da UFRJ, professora Denise Pires de Carvalho. “Os casos no Rio de Janeiro estão muito altos”, justifica.
A nota foi amparada por avaliação do GT Coronavírus da universidade. “Eu nunca vi no Brasil e no Rio de Janeiro, em especial, um vírus tão contagioso como essa nova variante. Superior até ao sarampo”, alerta o professor Roberto Medronho, epidemiologista e coordenador do GT. Em dezembro, cerca de 0,5% dos testes realizados no município do Rio confirmavam casos positivos de covid-19. A taxa saltou para 41% esta semana. Na UFRJ, o Centro de Triagem e Diagnóstico (CTD) também identificou aumento expressivo de testes positivos: de 0%, em dezembro, para 43% nesta primeira semana de janeiro.
Medronho, que faz parte do Comitê Científico do Estado, afirma que neste momento não há condições de manter a programação de bailes de carnaval, nem mesmo os desfiles das escolas de samba na Marquês de Sapucaí. “Estamos dispostos a pagar isso com vidas?”. O docente defenderá sua posição na reunião do Comitê, programada para esta sexta-feira (7).

VACINA É EFICIENTE
A capital fluminense tem 81% de sua população imunizada com as duas doses da vacina, o que, por enquanto, mantém o número de internações bem abaixo dos níveis registrados no meio do ano passado, quando a taxa de positivos também estava na faixa dos 40%. Hoje, 26 pessoas estão internadas na rede pública da cidade com covid-19, contra mil no ano passado.
A tendência se reflete pelo país. Os números mais recentes da pandemia no Brasil indicam que houve um aumento de 477% no número de casos em comparação com 14 dias atrás. Nas últimas 24 horas (entre quarta e quinta-feira) foram contabilizados 47.717 casos. O número de mortes, no entanto, teve variação de -10%, o que indica estabilidade, com 101 óbitos em 24 horas. “As internações tendem a aumentar nas próximas semanas, mas os óbitos, segundo apontam as evidências internacionais, deverão se manter bem abaixo dos registrados em 2020 e 2021”, avalia Medronho.
O efeito combinado entre vacina e características da variante ômicron – responsável por 98,1% dos novos casos no Rio de Janeiro – pode explicar a diferença entre as taxas de testes positivos e mortes. “A vacina protege muito bem contra o óbito e casos graves. Por isso é altamente recomendada”, enfatiza o professor Roberto Medronho.“Ser contra a vacina é um crime de responsabilidade pública. Não tomar a vacina é uma irresponsabilidade”, critica
A única forma de superarmos a doença é com a imunização. “A vacina nos tirará da pandemia”, adverte o especialista. “Ainda não demos um fim na pandemia porque a distribuição de vacinas no mundo é indigna”, critica o professor. “O dado mundial publicado esta semana indica que 58% da população do planeta recebeu ao menos uma dose da vacina. Nos países de baixa renda, esse número cai para uma média de 8,5%, chegando a pouco mais de 1% em países africanos. É uma vergonha”.
Para reduzir tanta desigualdade, o professor defende a quebra de patentes. “É uma medida polêmica, mas os laboratórios e grupos já ganharam muito dinheiro com a vacinação contra a covid-19. Somente com a quebra dessas patentes poderemos permitir que os laboratórios no mundo todo produzam seus próprios imunizantes”.
Na contramão da Ciência, como de hábito, o presidente Jair Bolsonaro mais uma vez atacou as vacinas e distorceu informações sobre óbitos de crianças no Brasil, em entrevista a uma emissora de TV do Nordeste, nesta quinta-feira (6). Bolsonaro chamou as pessoas que defendem a imunização contra a covid-19 de “taradas por vacinas” e, como se vê nas frases que ilustram estas páginas, é uma voz cada vez mais isolada contra a Ciência em meio a um consenso dos principais líderes mundiais em favor da vacinação e da vida.

EM CASO DE SINTOMAS

A reitoria orienta que professores, técnicos-administrativos e estudantes com sintomas ou que tiveram contato com indivíduos infectados realizem o teste no CTD.

A unidade agora funciona no Polo de Biotecnologia, ao lado do Centro de Ciências da Saúde, das 8h às 11h30. Caso o resultado seja positivo, será preciso se afastar e realizar nova testagem após sete dias. Caso o resultado seja negativo, a pessoa poderá retomar suas funções.

Em caso positivo, será necessário um novo teste sete dias depois. Toda semana, a equipe técnica da reitoria realizará uma nova avaliação para classificar o cenário epidemiológico e passar novas orientações à comunidade acadêmica.

O QUE DIZEM OS LÍDERES MUNDIAIS

"Temos a porta de saída da pandemia. É a vacinação. Não vamos parar até vacinar o último argentino e a última argentina. Acordos já foram firmados para garantir que crianças e adolescentes sejam imunizados”
 Argentina
Alberto Fernández
Presidente

“A vacina é um marco significativo na luta da Nova Zelândia contra a covid-19. Com cada pessoa que é vacinada, ficamos um passo mais perto de afastarmos as restrições para gerenciar a covid-19”
Nova Zelândia
Jacinda Ardern
Primeira-ministra

"Mais uma vez, apelo aos 5 milhões de não vacinados: faça esse gesto simples para si mesmos, para seus compatriotas e para o nosso país”
França
Emmanuel Macron
Presidente

“Quase 4 bilhões de pessoas em todo o mundo foram vacinadas sem grandes efeitos colaterais e inúmeras pessoas vacinadas tornaram-se pais de bebês saudáveis. Os benefícios da vacinação são realmente grandes”
Alemanha
Olaf Scholz
Chanceler

“Faça disso seu desejo de ano novo. Algo muito mais simples do que perder peso ou manter um diário: vacine-se e faça algo que fará de 2022 um feliz ano novo para todos nós”
Reino Unido
Boris Johnson
Primeiro-ministro


O QUE DIZ O PRESIDENTE DO BRASIL

“Não apoiamos o passaporte vacinal nem qualquer restrição àqueles que não desejam se vacinar”


“Você vai vacinar o teu filho contra algo que o jovem por si só, uma vez pegando o vírus, a possibilidade dele morrer é quase zero? Qual o interesse das pessoas taradas por vacina?”


“A Anvisa, lamentavelmente, aprovou a vacina para crianças entre 5 e 11 anos de idade. A minha opinião, quero dar para você aqui: a minha filha de 11 anos não será vacinada”


“Eu peço, como se trata de crianças, não se deixe levar pela propaganda. Converse com os teus vizinhos”

IMG 8100Foto: Alessandro Costa/Arquivo AdUFRJO ministro da Educação publicou ontem um despacho que proíbe a exigência de passaporte vacinal contra a covid-19 pela universidade. O comprovante de imunização já é exigido em algumas instituições para o retorno às atividades presenciais. O ministro da Educação age de acordo com as diretrizes negacionistas do presidente da República contra o enfrentamento científico da pandemia, que se dá principalmente pela vacina.

As vacinas são uma das maiores conquistas da história da saúde pública. Como professores e pesquisadores, temos o dever de lutar para que os avanços da Ciência sejam utilizados na preservação e na melhoria das condições de vida da população brasileira. É importante que todos os alunos, professores e funcionários da UFRJ estejam vacinados contra a covid-19 para a segurança e o bem-estar de todos.

O despacho fere a autonomia das universidades e age contra uma medida de saúde pública fundamental para o retorno seguro às atividades universitárias.

A Associação de Docentes da UFRJ (AdUFRJ) se posiciona firmemente contra esta orientação negacionista do ministro da Educação e conclama todos os setores da UFRJ - sindicatos, associações e administração - a se unirem contra esta ameaça à saúde coletiva da nossa comunidade.

Diretoria

savings 2789112 640A UFRJ ainda não sabe quanto terá em caixa para enfrentar 2022. A lei orçamentária anual só deverá ser aprovada no início da próxima semana. Mas, entre os rebaixados números apresentados pelo governo e uma eventual recomposição conquistada no plenário do Congresso, a tendência é que a universidade tenha mais um ano bastante difícil. Na última sessão do ano, dia 16, o Consuni aprovou, por unanimidade, a proposta da reitoria que indica um déficit de R$ 93 milhões para o próximo exercício fiscal.
A administração central trabalhou com a proposta orçamentária do governo (PLOA), enviada em agosto ao Congresso. É, até o momento, o último documento legal disponível. “Todo dia, há alterações (nos debates do Congresso). Não poderíamos nos basear nas discussões”, explicou o pró-reitor de Planejamento e Finanças, professor Eduardo Raupp.
A montanha-russa dos números pode ser demonstrada em dois momentos. Na semana passada, o relator da Comissão Mista de Orçamento, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), indicou um corte de 6% na PLOA das universidades, o que representaria menos R$ 16 milhões nos cofres da UFRJ. Já na véspera do Consuni, a presidente da comissão, senadora Rose de Freitas (MDB-ES), disse ter assegurado junto ao Ministério da Economia uma recomposição de 80% dos valores nominais de 2019 destinados às universidades, o que poderia trazer mais R$ 40 milhões para a maior federal do país. Mas, ainda assim, seriam insuficientes. As universidades reivindicam 100% dos valores de 2019, com correção pela inflação.
Pela PLOA 2022, o orçamento da UFRJ cresce 7,23% em relação a 2021 (R$ 320,8 milhões contra R$ 299,1 milhões). “Porém, o de 2021 já vem de uma redução de 20%. Na verdade, ele confirma uma redução muito brutal para a nossa gestão orçamentária”, disse Raupp. A realidade, porém, obriga a instituição a trabalhar no vermelho. “Nossa demanda de gastos em 2022 seria de R$ 413 milhões. O que consolida em relação à PLOA de R$ 320 milhões um déficit de mais de R$ 90 milhões”, completou. O pró-reitor informou que não seria possível fazer mais ajustes. “A avaliação técnica das nossas equipes é que os cortes que fizemos em 2020 nos levaram ao limite operacional”, afirmou.

COMO FICAM OS
GASTOS INTERNOS
O texto da PLOA 2022 prevê uma pequena verba para investimento (R$ 6,3 milhões), mas Raupp enfatizou que nem isso está garantido. Ano passado, havia a previsão, mas o investimento foi cortado por sanção presidencial. O único item recomposto nominalmente aos valores de 2019 é o do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), que passa de R$ 42,1 milhões para R$ 54,4 milhões. O Museu Nacional, já há dois anos, ganhou uma rubrica própria de apoio à reconstrução do prédio (prevista em R$ 1,5 milhão para 2022).WhatsApp Image 2021 12 17 at 14.20.21
Verbas que chegavam aos hospitais por transferências ao longo do ano passam a constar do orçamento. Só que com valores bastante rebaixados. O Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (REHUF) reservaria apenas R$ 10 milhões para o Complexo Hospitalar da universidade. E os recursos para enfrentamento da pandemia, também incluídos na peça orçamentária, despencaram: estão previstos R$ 15 milhões no orçamento contra R$ 64 milhões de 2020 e os R$ 34 milhões deste ano. “É positivo ser contemplado no orçamento. Permite fazer um planejamento melhor desde o início do ano, mas os valores reduzidos são preocupantes”, disse Raupp.
O dirigente também sinalizou uma preocupação com uma diminuição inédita. O orçamento de pessoal perde R$ 73.912.973,00 (-2,02%). “Não temos nenhuma explicação oficial do governo. A folha (de salários) tende ao crescimento vegetativo”, observou.
Apesar de tudo, duas boas notícias para a comunidade. A reitoria decidiu ampliar o aporte para capacitação dos servidores (de R$ 1,1 milhão para R$ 2 milhões). E, além de aumentar os recursos do chamado orçamento participativo (de R$ 7,6 milhões para R$ 18 milhões) — partilhado entre decanias e unidades —, irá liberar as verbas de uma vez só. “Estamos abandonando a tradicional divisão por cotas e trabalhando com um valor global, que está sendo incrementado em 136%. Será liberado logo no início do ano, assim que for liberado para a universidade”, disse.
A Comissão de Desenvolvimento do Consuni recomendou a aprovação da proposta da reitoria, mas apontou a necessidade de a UFRJ retomar a análise de prioridades e custos em obras paradas. “Sem dúvida, o Escritório Técnico da Universidade (ETU) poderá desempenhar um papel importante nesta tarefa”, diz um trecho do documento.

PREOCUPAÇÃO COM INCÊNDIOS
Os conselheiros também apresentaram suas preocupações. Representante dos professores titulares do CCMN, Claudio Lenz lembrou o histórico de incêndios da universidade. O docente solicitou mais cuidado com a manutenção das redes elétricas da UFRJ. “Não sou especialista, mas acho que o valor previsto para manutenção predial e obras está muito pequeno”. O pró-reitor de Planejamento informou que as verbas destinadas à manutenção, muitas vezes, estão dispersas em diferentes itens da planilha orçamentária. “Mas, claro, ainda são insuficientes”, disse.
Decano do CT, o professor Walter Suemitsu elogiou a proposta de liberar o orçamento participativo de uma só vez, mas acredita que a divisão entre unidades precisaria ser discutida. “Acho que há algumas incongruências. Houve o surgimento de novas unidades. Essa divisão precisa ser revista”.
Já a decana do CCMN, professora Cássia Turci, observou a necessidade de aumento das diárias dos estudantes, hoje de apenas R$ 42. “Há uma preocupação muito grande em relação ao retorno dos trabalhos de campo, principalmente nos cursos de Geologia e Geografia”, disse.

CRISTINA RICHE SE DESPEDE DA OUVIDORIA DA UFRJ

Debaixo de uma chuva de elogios dos representantes de diferentes centros e unidades, a professora Cristina Ayoub Riche se despediu da Ouvidoria-geral da UFRJ, na sessão do Consuni do dia 16. A docente apresentou um balanço dos 12 anos em que ocupou o posto.
No período, a ouvidoria atendeu mais de 20 mil manifestações das mais diferentes naturezas. “Dos pacientes das unidades hospitalares buscando orientação para o seu tratamento ao estudante com dificuldades para cumprir os trâmites da entrega do seu trabalho de final de curso”, disse Cristina. Foram, em média, 125 ocorrências por mês. “Cada gestor tem a possibilidade de traçar estratégias de ações a partir destas manifestações individuais”, ressaltou. É também na ouvidoria da UFRJ que se concentra, desde 2019, o atendimento da Lei de Acesso à Informação (com respostas a 1.244 solicitações, nesses três anos).
A professora enfatizou que o órgão é muito mais que um canal para receber reclamações, elogios ou sugestões. “Eu costumo dizer que as ouvidorias são verdadeiros remédios constitucionais com capacidade para prevenir, combater, tratar e enfrentar as patologias sociais. Sua existência nas instituições públicas pode garantir o fim da apatia e da descrença na prestação adequada e eficiente dos serviços”, disse. “A ouvidoria é a voz do cidadão na UFRJ e o seu propósito é o de garantir direitos. É muito gratificante olhar para trás e ver como a ouvidoria participou de tantos processos coletivos para tornar a universidade sempre mais democrática, diversa, inclusiva, aberta, acessível, comprometida com o desenvolvimento e a soberania do país”, disse, emocionada.
A reitora Denise Pires de Carvalho informou que a professora só deixou a função por conta de uma recente portaria da Controladoria-Geral da União, que limitou os mandatos nas ouvidorias dos órgãos públicos. “Você fez mais que a escuta. Fez a escuta sensível. Parabéns por ser a empatia em forma de gente”, destacou. “Nestes dois anos de pandemia, Cristina não deixou de atender a comunidade acadêmica em nenhum momento”. A dirigente revelou ter convidado a professora para a coordenação de uma estrutura, ainda em estudo, para combate às violências e discussão de direitos humanos.
Ao final da sessão, por unanimidade e aclamação, o Consuni aprovou uma moção de agradecimento ao trabalho realizado pela professora. Cristina Riche foi substituída na ouvidoria pela ex-pró-reitora de Pessoal, Luzia Araújo.

A teatralidade é essencialmente humana. Todo mundo tem dentro de si o ator e o espectador. Representar num ‘espaço estético’, seja na rua ou no palco, dá maior capacidade de auto-observação. Por isso é político e terapêutico.
Augusto Boal
(1931-2009)

WhatsApp Image 2021 12 17 at 14.18.52A reinvenção do teatro brasileiro começou na mente de um aluno de Engenharia Química da UFRJ. Era Augusto Boal, rapaz tímido que passou no vestibular em 1949. Chegou a se formar, mas nunca exerceu a profissão. “Seu interesse, desde muito pequeno, sempre foi o teatro, mas ele precisou ‘pagar um pedágio’ ao pai. Era preciso ter um ‘canudo’ na mão. Então, ele conquistou seu diploma superior e o direito de ir atrás de seu sonho”, conta a psicanalista Cecília Boal, viúva do artista, nascido em 1931 e morto em 2009. “Boal continua sendo atual. Sua proposta não foi superada”.
Criador do Teatro do Oprimido, Boal foi um ícone da arte política, engajada, questionadora, revolucionária. “Seu método oferece um formato que pode ser utilizado em qualquer lugar: na escola, numa fábrica, no campo. É uma ferramenta de luta contra a opressão”, completa Cecília, que preside o instituto que leva o nome do marido.
Cultuado, estudado e reverenciado no mundo todo, o gênio do teatro será homenageado no próximo final de semana pelo Colégio de Aplicação da UFRJ. Alunos do segundo ano vão encenar dois textos de Boal. O espetáculo, uma livre adaptação de “Torquemada” e “Revolução na América do Sul”, foi todo produzido a distância e será exibido no dia 19 de dezembro. A montagem encerra o ano de trabalho do projeto EncenaAção.
Para preparar a apresentação, os alunos recuperam a impressionante biografia do artista que escreveu, traduziu e adaptou 72 peças, dirigiu mais de 50 espetáculos e escreveu 20 livros. O acervo começou a ser criado ainda nos anos 1950, logo que Boal finalizou seu curso na então Escola Nacional de Química. Até o golpe de 1964, escreveu ou dirigiu 29 peças.WhatsApp Image 2021 12 17 at 14.16.42 1
Dali em diante, a crítica à ditadura passou a integrar o contexto de suas obras. O espetáculo ‘Opinião’ foi o primeiro criado após o início da repressão e é um dos mais importantes musicais políticos do teatro nacional. Em 1971, o dramaturgo foi preso, torturado e enviado para o exílio. No mesmo ano, escreveu ‘Torquemada’, na Argentina. “Só retornamos ao Brasil em 1986, por iniciativa minha, e viemos para o Rio de Janeiro”, relembra Cecília. “Desde então, houve uma reaproximação com a UFRJ. Boal passou a ser convidado para várias oficinas, palestras. Fez encontro no Teatro de Arena, também na área externa da Faculdade de Letras com o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra)”, conta.

ACERVO
Após sua morte, os herdeiros enfrentaram um dilema: o que fazer com seu vasto acervo? “Eu pensei que o lugar natural para a documentação que ele deixou era a UFRJ”, afirma Cecília. “Levamos tudo para a Faculdade de Letras. Devo muito à UFRJ pela digitalização de boa parte do material”, agradece Cecília. “Hoje, 90% do acervo digitalizado está disponível para consulta na internet graças à UFRJ”.
A professora Priscila Matsunaga, da Faculdade de Letras, fez parte da articulação que trouxe o material de Augusto Boal para a UFRJ, em 2011. “Foi um acontecimento. Durante o breve período em que o acervo esteve na unidade, entre 2011 e 2019, inúmeras atividades de formação e divulgação foram possíveis”, lembra. “Entre as atividades, foi concedido o título de Doutor Honoris Causa a Augusto Boal, pela Faculdade de Educação”, lembra a professora Priscila.
WhatsApp Image 2021 12 17 at 14.16.42Em dezembro de 2019, o acervo começou a ser transferido para o Museu Lasar Segall, em São Paulo, cuja biblioteca é especializada em artes do espetáculo. “Terminamos a transferência em fevereiro de 2020, imediatamente antes de estourar a pandemia. Por isso, ele não está ainda acessível fisicamente no Museu. Mas estará em breve”, explica dona Cecília Boal.

HOMENAGEM DO CAP

Celi Palacios, professora de Artes Cênicas do CAp e estudiosa de Augusto Boal, explica como surgiu a ideia de trazer textos do dramaturgo para a escola. “O setor curricular de Artes Cênicas sempre foi muito engajado nas questões contemporâneas, político-sociais. E Boal tem como princípio que o teatro é político, assim como todas as nossas ações são políticas”, analisa. “Esse ano nos vimos mais uma vez presos pela pandemia, isolados, em ensino remoto e com todos os problemas que vêm piorando por conta da pandemia, como a fome, a miséria, a ascensão de pensamentos protofascistas. Apesar de os textos serem um da década de 1970 e outro da década de 1950, Boal é contemporâneo, urgente e necessário”.
A professora Andréa Pinheiro divide a coordenação do EncenaAção e conta que o projeto foi criado em 1997. “O projeto surgiu do desejo dos alunos montarem peças de teatro. Ao longo dos anos se tornou um programa curricular do segundo ano”. Bolsistas dos cursos de Dança, Indumentária e Direção Teatral participam do projeto. “Há uma qualificação dos estudantes do ensino superior dessas áreas, bem como também dos estudantes do Ensino Médio, como atores”, afirma. Nos dois últimos anos, as professoras e os alunos precisaram aprender a fazer teatro remoto. “Fez parte de uma luta para salvar vidas”.
O espetáculo “2x Boal” será transmitido às 18h do dia 19 pelo canal do Youtube CAp na Quarentena. Dele fazem parte 25 alunos do Ensino Médio e oito bolsistas dos cursos de Indumentária, Dança e Direção Teatral.

 

FICHA TÉCNICA DO ESPETÁCULO

TURMA 22 A
Direção
de Cena:
Aureo Müller
Direção de
Movimento:
Allessandro Ribeiro
Orientação:
Celi Palacios

ELENCO 22 A
l Arthur Vale
l Bia Gonzales
l Carol Moraes
l Fellipe Frascino
l João Gabriel Moniz
l Madu Durso
l Nina Dantas
l Vinicius Gomes
l Yanni Torquato

TURMAS 22 B e C
Direção de Cena:
Kamilla Ferreira
e Diego Santos
Orientação:
Andréa Pinheiro

ELENCO 22 B
l Camille Ximenes
l Daniel Pericin
l Davi Oliveira
l Leonardo Gabriel
de Amorim
lLorenzo Kaulino
l Luana Diniz
l Luiza Laviola
l Mari Falcão
l Renan Correia

ELENCO 22 C
l Alice Marinho
l Arthur Costa
l Beatriz Saronne
l Davi do Rosário
Sombra
l Guilherme
Esquerdo Pereira
l Júlia Cantuario
l Tatah Souza

Figurino:
Viviane Dutra
Edição:
Yasmin Viana,
Allessandro Ribeiro
e Ryan Santos
Arte de
Divulgação:
Lígia Monteiro
Produção:
Ryan Santos
Direção Artística:
Andréa Pinheiro
e Celi Palacios

WhatsApp Image 2021 12 17 at 14.00.56Diretoria da AdUFRJ

Car@ colega,

Adeus, Ano Velho; feliz Ano Novo. Jamais um surrado bordão traduziu um sentimento tão especial. Encerramos 2021 com o gosto amargo de que atravessamos uma das piores jornadas de nossas vidas pessoais e coletivas. Não foi fácil para cada um e para todos. Perdemos mais de 600 mil brasileiros na pandemia, assistimos ao presidente da República debochar da morte, boicotar a Ciência, estrangular o orçamento das universidades e transformar o governo na antessala do inferno.
Mas o balanço dos quase 365 dias terríveis que deixamos para trás pode apontar algumas boas novas. A primeira delas é que a presidência de Bolsonaro vai acabar e podemos ajudar a varrê-lo para o subsolo da História, de onde jamais deveria ter saído. E, caro coleg@, aqui queremos te garantir que a AdUFRJ estará firme nesse propósito de derrotar Bolsonaro e participar da retomada da democracia e da política como exercício civilizatório. Dentro dos parâmetros da ética e da responsabilidade, a diretoria do sindicato dos professores da UFRJ se desdobrará para colaborar com a unidade das forças progressistas nas eleições de 2022. Estamos convictos de que esse é o único caminho da esperança. Não dispersaremos nem desperdiçaremos energia com sectarismo, divisionismo e outros ismos de menor importância. O que está em jogo no ano que se avizinha é o que a docência mais preza: a valorização do conhecimento, a democratização do saber, o humanismo como princípio e meio.WhatsApp Image 2021 12 17 at 14.06.26
2022 será o ano de mudar a política e de retomar o olho no olho em nossa rotina de trabalho. A UFRJ terá o enorme desafio de construir o retorno presencial com um orçamento deficitário, aprovado por unanimidade na última sessão do Consuni, como mostramos na reportagem da página 4. De nossa parte, estaremos ao lado dos professores, estudantes e técnicos para mitigar a dificuldades, acolher cada um e cada uma da comunidade acadêmica e cobrar dos responsáveis melhores condições de trabalho.
Car@ colega, vamos juntos, conte conosco, contamos com você nessa jornada, nos procure em nossas redes, em nossa sede, em nossas atividades. Sua participação será fundamental para a construção de um 2022 em que a esperança vença o medo.

PS: Esse é o último editorial do ano. Nosso jornal entra em um rápido recesso e volta a circular na primeira semana de janeiro.

Boa leitura. Boas Festas, feliz Ano Novo!

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