No próximo dia 30, a Fundação Universitária José Bonifácio vai encerrar o recebimento de solicitações por e-mail dos coordenadores de projetos por ela gerenciados. A partir de 1º de maio, as solicitações só poderão ser feitas pelo portal FUJB Online, que entrou em operação há pouco mais de um mês. O aviso pode soar rotineiro. Mas, em se tratando da FUJB, é o anúncio de uma revolução de métodos e práticas que pretende transformar a mais antiga fundação de apoio universitário do país em um modelo de gestão.
“Temos hoje uma atitude proativa de captação de recursos, com profissionais de mercado, para financiar projetos de ensino, pesquisa e extensão. Implantamos o Portal FUJB Online para que todas as solicitações de coordenadores de projetos sejam feitas diretamente pelo site, e passamos a atender aos coordenadores presencialmente também no Fundão. Estamos promovendo uma reformulação profunda nos procedimentos internos visando a dar mais agilidade aos processos”, enumera o secretário-geral da FUJB, o professor emérito Ricardo Medronho.
Na sessão desta quinta-feira (10), o Conselho Universitário aprovou a prestação de contas de 2023 e o recredenciamento da FUJB como fundação de apoio da UFRJ. O que também pode soar como um ato meramente formal significa uma espécie de recomeço na história da FUJB, criada em 1975. “Assumimos a fundação em 29 de janeiro do ano passado, aprendemos muito e agora vamos começar a colher os frutos desse aprendizado e das mudanças que introduzimos”, confia Medronho.
CAPTAÇÃO PROFISSIONAL
Mais do que o aprimoramento de procedimentos internos e a criação de um posto avançado no campus do Fundão — até então os atendimentos eram feitos só na sede da Praia Vermelha —, a reformulação no modelo de captação é a mudança mais concreta e alvissareira da “nova FUJB”. Foi criada uma equipe com profissionais de mercado, com forte atuação no Rio, em São Paulo e Brasília, que busca financiamento de projetos junto a órgãos de governo, parlamentares, ONGs e empresas privadas. No dia 31 de março, a fundação disparou um e-mail para todos os dirigentes de unidades da UFRJ, em busca de projetos para captação.“A resposta tem sido excelente. Eu tinha um sentimento de que haveria uma enorme demanda reprimida na universidade por financiamento, principalmente para projetos de ensino e de extensão. Também há demanda por projetos de pesquisa, mas estes já encontram possibilidades de suporte, seja por órgãos financiadores como CNPq, Capes, Finep e BNDES, seja por empresas privadas. Mas o retorno me surpreendeu. Por exemplo, no primeiro domingo de abril recebemos oito formulários com pedidos de captação”, comemora Ricardo Medronho.
O secretário-geral da FUJB diz que o novo modelo de captação já está ampliando a carteira de projetos da fundação: “Estamos no momento com 1.250 projetos. Mas vamos avançar, sobretudo com projetos de ensino e extensão. Quando eu era do Conselho de Ensino de Graduação, o professor Godofredo de Oliveira Neto era o pró-reitor de Graduação, no início dos anos 1990. Ele criou em sua gestão um edital para projetos de ensino. Foi uma chuva de projetos, cada um mais bonito que o outro. Decidimos então repetir essa iniciativa na FUJB. Já temos previsão de entrada de R$ 60 milhões de recursos este ano para diversos projetos. Vou ficar muito feliz se conseguirmos atender a maioria dos projetos que estão nos mandando”.
No Consuni da última quinta-feira, em seu parecer favorável ao recredenciamento e à aprovação das contas de 2023 da FUJB, o professor Josefino Cabral Melo Lima destacou dados financeiros preocupantes na comparação com 2022. Em 31 de dezembro de 2023, a fundação apresentou capital circulante líquido positivo de R$ 14,1 milhões, contra os R$ 23,3 milhões de 2022. O patrimônio líquido negativo, com passivo a descoberto, cresceu de R$ 46,9 milhões, em 2022, para R$ 57,9 milhões, em 2023. Foi esse cenário adverso que os atuais gestores herdaram ao assumir a FUJB em janeiro de 2024. “Mas estamos esperançosos de que as medidas que estamos tomando possam reverter esse quadro, pois o papel da FUJB é crucial para a UFRJ”, acredita o professor Ricardo Medronho.
O parecer do professor Josefino Cabral vai na mesma direção: “Os auditores ressaltam que a continuidade normal das operações da FUJB depende do êxito das medidas implementadas para a recuperação de seu resultado financeiro. É urgente e talante que a gestão central de nossa universidade, assim como este egrégio Conselho e a própria FUJB, implementem, com celeridade e determinação, ações incisivas em prol da Fundação Universitária José Bonifácio”, citou ele. “Uma universidade da magnitude da UFRJ não pode contar apenas com uma fundação: a existência da FUJB, além de ser indeclinável, é imprescindível”, completou.