Accessibility Tools

facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

Da Redação

Carlos Nelson Coutinho, que morreu em 2012, traduziu mais de 60 livros, é a principal referência no país quando o assunto é Antônio Gramsci, quando jovem trocou correspondência com Georg Lukács, fez estudos sobre Lima Barreto e Graciliano Ramos e é autor de um ensaio que sacudiu o pensamento da esquerda brasileira, “A democracia como valor universal”, de 1979. Durante três dias, um seminário internacional tentou interpretar os pontos centrais da obra desse intelectual marxista identificado como um reformador revolucionário, e que punha a centralidade da democracia como caminho decisivo para o socialismo.

A jornada de conferências e debates, com a participação de convidados internacionais, discutiu os esquemas teóricos do autor. O resultado foi  um vasto painel que refletiu sobre as estratégias para o socialismo, a renovação do marxismo e a realidade brasileira. É claro que a “matriz gramsciana” e os conceitos nela contidos, estiveram presentes, mas como ponto de partida para se expor a complicada equação que move a luta de classes, a hegemonia capitalista e como enfrentá-las na prática. A “práxis” foi outro ponto destacado nos debates, e não por acaso: um traço marcante na vida de Carlos Nelson é que ele era um intelectual orgânico, que se servia do conhecimento para pensar a luta revolucionária e que buscou em formas partidárias o caminho para se colocar no dia a dia do enfrentamento político.

Veja fotos do seminário

Eurocomunismo

Guido Liguori, diretor da Sociedade Internacional Antônio Gramsci, dividiu a mesa de abertura do seminário na segunda-feira (11) com Michael Löwi, do Centre National de la Recherche Scientifique. Liguori recuperou a trajetório de Carlos Nelson na Itália e reproduziu os primeiros contatos do professor com a obra de Gramsci, a influência que o eucomunismo e o pensamento Enrico Berlinguer passou a ter na obra do autor brasileiro. Carlos Nelson traduziu e editou a obra de Gramsci no Brasil, além de produzir vários ensaios sobre o revolucionário  pensador italiano.

 Löwy, um professor marxista brasileiro que vive na França desde a década de 1960, relembrou dos encontros com Carlos Nelson e também referiu-se ao texto do brasileiro sobre o valor universal da democracia. A diferença na abordagem de Michael Löwy é que ele identificou influências de Rosa Luxemburgo no polêmico texto. “Acho que se Carlos Nelson estivesse aqui, ele negaria essa influência. Mas ela existe”, defendeu Löwy, que também destacou o interesse de Carlos Nelson por Georg Lukács, apesar das diferenças entre Lukács e Gramsci. 

Na próxima edição, a cobertura de momentos importantes do seminário

 

Adufrj-SSind na abertura

13111844Professora Cleusa dos Santos. Foto: Marco Fernandes - 13/11/2013A professora Cleusa dos Santos, 2ª vice-presidente da Adufrj-SSind, representou a Seção Sindical na abertura do seminário. Ao lado das instituições que apoiaram a realização do evento organizado pela Escola de Serviço Social da UFRJ, Cleusa destacou “o legado da obra de Carlos Nelson para a reflexão sobre a transformação da sociedade brasileira e capitalista”. A dirigente da Adufrj-SSind também salientou a contribuição de Carlos Nelson para se pensar o papel de partidos e sindicatos na mediação de conflitos e interesses e invocou a experiência da Adufrj-SSind na luta em defesa dos trabalhadores e de bandeiras específicas da categoria a qual representa. Citou a briga do Andes-SN contra a precarização do trabalho docente, a resistência às tentativas de mercantilizar a saúde, por meio da Ebserh, a denúncia contra o projeto que privatiza a previdência e a defesa da educação pública.

 


Homenagens. O seminário foi encerrado com uma homenagem a Carlos Nelson Coutinho e ao professor Aloísio Teixeira, amigo de Carlos Nelson e ex-reitor da UFRJ, que também morreu em 2012. Andréa Teixeira, viúva de Carlos Nelson, e dona Iracema Teixeira, mãe de Aloísio, receberam flores. As homenagens foram precedidas de uma manifestação de membros do MST que acompanharam os debates.

13111843 13111842


Côrtes e Feijó foram confrontados com questões sobre reabertura de leitos e da emergência

Votação ocorre nos dias 25 a 27 deste mês

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

No último dia 13, durante a campanha eleitoral para direção do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, os dois candidatos dialogaram com os alunos que utilizam a Unidade como campo de prática (um primeiro debate, voltado para os docentes, foi noticiado na edição anterior do Jornal da Adufrj). Luiz Feijó e o professor Eduardo Côrtes foram confrontados com perguntas sobre representação estudantil nas instâncias deliberativas internas, reabertura de leitos e a emergência local.

Feijó, que é o chefe da Divisão Médica, afirmou que os estudantes são a “essência” da instituição, mas não respondeu sobre a demanda de representação discente no Conselho de Administração do HU. Côrtes (chefe do Núcleo de Pesquisa em Câncer), por sua vez, explicitou ser favorável à participação: “Até o Conselho Universitário (Consuni) tem representação estudantil. Sou claramente favorável a uma representação dos alunos no Conselho de Administração”.  Os dois ainda citaram a Coordenação de Assuntos Educacionais (CAE) como um possível canal de ligação entre os alunos e a direção.

A ampliação do atual número de leitos ativos (de 237 para 257) foi apresentada pelo candidato Luiz Feijó: “Não é a situação ideal, mas é a proposta possível e realizável”, argumentou. Côrtes, por sua vez, reivindica 470 leitos no curto prazo. Ele afirmou que o número é compatível com a reforma elétrica em curso, realizada pela reitoria, e com “um hospital de ensino de alta complexidade como o HUCFF”. Ele destacou que seriam necessários 800 para cumprir uma adequada relação com o número de alunos que atuam na Unidade.

Questionado por um dos estudantes, Feijó refutou o fechamento da emergência do HU: “Temos registro de 1.233 atendimentos no período de agosto a outubro de 2011. Entre agosto e outubro de 2013, com 70% da força de trabalho, foram 678 pacientes atendidos. O que houve foi a diminuição das equipes de cirurgia”, disse. Côrtes afirmou ser objetivo de sua chapa a abertura da emergência: “Realmente, o fato é que se chegar agora na emergência, ela está fechada. Temos pacientes de tratamentos de alta complexidade que só poderiam encontrar o que precisam em uma internação, no Rio de Janeiro, no HUCFF”.  

Ebserh

Perguntados a respeito da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), proposta privatizante do governo federal, os candidatos mantiveram os posicionamentos já divulgados no debate anterior: Feijó afirmou que a decisão cabe ao Consuni; Côrtes manifestou ser contrário à implantação da empresa na UFRJ e afirmou que o diretor do HU precisa se posicionar ativamente sobre o tema.

Próximo duelo da campanha

Além de um debate em 14 de novembro (dia do fechamento desta edição), voltado para os técnico-administrativos, os dois candidatos voltam a se encontrar neste dia 18 (esta discussão estará aberta a todos os segmentos). Além das questões mais gerais que envolvem o HUCFF,  os técnico-administrativos têm suas questões específicas e um interesse especial para saber o destino das centenas de funcionários extraquadros lotados na instituição.  A votação ocorre entre 25 e 27 de novembro. A posse está marcada para 19 de dezembro.

Quase uma centena de jovens lotaram o auditório da ESS para acompanhar o debate marxista sobre o tema

A crise do capitalismo recoloca socialismo na agenda de debates

Da Redação

O posto de observação de José Paulo Netto para analisar o mundo é o marxismo. É noite de sexta-feira e um auditório lotado de jovens da ESS na Praia Vermelha acompanha o professor emérito da UFRJ desconstruir os mecanismos que a sociedade burguesa lança mão para mascarar os antagonismos entre classes sociais. Os argumentos do professor parecem convincentes pela atenção que desperta na plateia, e ele está à vontade no tema “Luta de classes: um conceito superado?”

José Paulo Netto tem ao seu lado Gaudêncio Frigotto, professor, filósofo, vigoroso crítico do capitalismo. “Se o capitalismo não tem classe, o capitalismo acabou”, ironiza Frigotto. O evento fecha o instigante seminário “Criminalização da Pobreza”, organizado pelo CFCH. Falou-se de capitalismo, do drama dos trabalhadores do campo, do oligopólio da mídia, das manifestações que sacudiram o Brasil em junho.

Um olhar marxista sobre a realidade – presente durante o seminário – em debates no interior da universidade tem a sua relevância. Para esta semana está programado, também no campus da Praia Vermelha, um evento internacional que traz como tema “a Renovação do Marxismo”. Vai tratar do pensamento do intelectual comunista Carlos Nelson Coutinho (veja programação na página ao lado). Durante alguns anos o debate em boa parte das áreas das Ciências Sociais sofreu influência do discurso único, coincidindo com a força da ideologia neoliberal. O questionamento do neoliberalismo e o ingresso do capitalismo em nova crise internacional mudaram o cenário. 

O 18 Brumário

Na sexta-feira em questão, porém, como indica o título do debate, a conversa é sobre a sociedade constituída de classes e como elas se formam nas suas relações com os meios de produção. Em tom quase didático, José Paulo Netto provoca. “A questão agrária, a violência contra sem-terra, o massacre de índios, os jagunços dos fazendeiros não se explicam pela psicologia social”, ele diz. “Não é a antropologia social que me explica a obscena estrutura tributária dos EUA, a crise europeia, a sociedade de consumo”. É a luta de classes, ou melhor, “as lutas de classes” (segundo ele, a expressão usada por Karl Marx) é que explicam e põem a nu a dinâmica dos conflitos sociais.

Além de Karl Marx (1818- 1883), o professor cita dois outros autores –– “donos do pensamento fundante das Ciências Sociais” – que formularam teorias sobre as classes ainda no século XIX: Émile Durkheim (1858-1917) e Max Weber (1864-1920). “Todos eles apresentam uma análise da sociedade em que eles viviam. Reconheceram que a sociedade dispunha de um sistema de estratificação social”, diz. Netto observa que os primeiros a perceberem a estrutura de classes na sociedade burguesa nascente foram os românticos franceses. Ele mostra que Durkheim e Weber apresentam entendimentos diferentes de Marx sobre o tema. Durkheim usava a expressão “sociedade moderna” (e não “burguesa”) e sustentava que o sistema de estratificação social, “com origem em relações desiguais”, era insuprimível. Já Weber não tinha a visão “positivista, naturalista” de Durkheim, admitia o “conflito” entre classes, mas falava em uma “racionalidade para disciplinar esses conflitos”.

 Para formular suas teorias, José Paulo Netto diz que Karl Marx bebeu na fonte dos franceses do início do século XIX e de economistas ingleses, “especialmente (David) Ricardo (1772-1823)”. O conceito de luta de classes, segundo Netto, não está expresso na principal obra de Marx, o Capital, dividido em três volumes – o último foi editado depois da morte do autor. Mas em inúmeros textos elaborados por ele a partir de 1848. O professor cita, especificamente, “O 18 Brumário de Napoleão Bonaparte”, sobre a revolução de 1848 na França. “Vocês não vão encontrar muita coisa” nos livros didáticos “sobre esta revolução, porque ela trazia como protagonista um novo ator com projeto autônomo, que era o proletariado”.

José Paulo Netto é enfático: “Toda a experiência histórica até hoje é a comprovação cabal da existência da luta de classes”, diz.

O Seminário Internacional “Carlos Nelson Coutinho e a Renovação do Marxismo” foi aberto esta manhã com a conferência de dois convidados internacionais, os professores Michael Löwy, do Centre National de la Recherche Scientifique, e Guido Liguori, diretor da Sociedade Internacional Antônio Gramsci. Löwy discorreu sobre Carlos Nelson (morto em setembro de 2012) tomando como referência o texto “A democracia como valor universal”.  Esse ensaio de Carlos Nelson Coutinho, escrito em 1979, sacudiu o pensamento da esquerda brasileira. Já Guido Liguori recuperou a passagem do autor brasileiro pela Itália, seu contato com o eurocomunismo e a influência de Gramsci na sua visão de mundo. 

O seminário, que tem o apoio da Adufrj-SSind, segue até esta quarta-feira 13. O encerramento será com as conferências dos professores José Paulo Netto e Francisco Louçã – o economista português que liderou por alguns anos o Bloco de Esquerda em Portugal. Em seguida, estão programadas homenagens a Carlos Nelson Coutinho e Aloísio Teixeira (ex-reitor da UFRJ, também falecido em 2012). 

Na sessão de abertura, a Adufrj-SSind foi representada pela diretora da Seção Sindical Cleusa dos Santos. Mais detalhes na próxima edição do Jornal da Adufrj.

Quadro efetivo muito reduzido é considerado principal obstáculo

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

A falta de concursos para o Colégio de Aplicação causa diversos problemas: um deles, menos óbvio, manifesta-se no período eleitoral para a diretoria da Unidade. Desde agosto, quando o primeiro prazo de inscrições foi aberto (o mais recente foi estendido até este dia 11 de novembro), não surgiu nenhuma candidatura. E o quadro de efetivos muito reduzido é o principal obstáculo para o processo deslanchar, na opinião da professora Alessandra Carvalho, integrante da comissão que organiza o pleito.

“É uma direção grande: além da direção geral e do vice, são mais seis nomes para Direção Adjunta de Ensino (DAE) e Direção Adjunta de Licenciatura e Pesquisa e Extensão (Dalpe). Como estamos há muito tempo sem concurso e sem reposição dos aposentados e das exonerações, acaba que ficamos com um quadro de efetivos muito reduzido (para as candidaturas)”, afirmou Alessandra. Vale lembrar que, diferentemente do que ocorre para a carreira de magistério superior, não existe  a reposição automática pelo dispositivo do banco de professores equivalentes para a carreira de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT).

Outras dificuldades

Além disso, houve outros percalços no processo de 2013. A Comissão Eleitoral propôs mudanças que, inicialmente, “restringiram as participações tanto dos docentes quanto dos técnicos-administrativos nas chapas”. “No caso dos professores, não poderiam estar nenhum membro que tivesse composto a direção por dois mandatos. No caso dos técnicos, nenhum que não estivesse em cargo de nível superior”, explicou Alessandra. 

Sem candidaturas (mais uma vez), a comissão flexibilizou as normas: agora é permitido que docentes já integrantes da direção anterior concorram ao pleito (em cargos distintos dos ocupados anteriormente). Também poderão candidatar-se técnicos-administrativos em função de nível médio na universidade, desde que diplomados pelo ensino superior em Pedagogia ou Licenciatura.

Na avaliação da integrante da comissão eleitoral, a revisão das regras permitirá a composição de chapas.  “Estamos na expectativa de que a escola supere as dificuldades e consiga realizar o processo”, observou Alessandra.

Topo