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WhatsApp Image 2020 10 02 at 20.27.01Entre os dias 28 e 30 de setembro ocorreu, de forma remota, o 9º Conad extraordinário do ANDES. Diferentemente do último Conad (também extraordinário) acontecido no final de julho – que se dedicou exclusivamente à questão eleitoral do ANDES – neste fez-se algo mais parecido com os Conad ordinários, com análise de conjuntura, plano de lutas dos setores e eleições para a diretoria do ANDES.
O debate de conjuntura foi dominado, previsivelmente, pelo ensino remoto emergencial. Superficialmente, isso parece algo positivo, pois essa é de fato a questão que tem pautado a vida docente nos últimos meses. No entanto, o conteúdo da discussão mostra que a distância do sindicato à sua categoria pode chegar, tal qual um cometa, a alturas transnetunianas. Na realidade da maioria esmagadora dos docentes “comuns”, o ensino remoto emergencial já está instaurado há meses. Todos esses colegas já estão lidando com todas as dificuldades da relação virtual com os alunos, com a falta de suporte material apropriado, com a sua própria falta de experiência, entre outras questões. Diante desse quadro, deveríamos esperar um engajamento do sindicato nacional com as demandas e carências dos professores, mas qual! Num anacronismo constrangedor, foram horas de diatribes contra o ensino remoto “em qualquer denominação”, com ativo sufocamento de qualquer texto resolução (TR) construtivo. Particularmente chocante foi ver a iniciativa de fortalecimento das plataformas virtuais públicas de aprendizagem (defendida por representantes mais razoáveis) ser ferozmente atacada uma vez que estas “não deveriam nem existir”, segundo alguns. Não à toa, no grupo misto em que eu estava, de uma pauta de 36 itens a serem discutidos, atingimos a estonteante marca de dois(!) em quase 3 horas de sessão: quando a discussão não se baseia na realidade, fica difícil avançar...
No último dia, chegamos à discussão da forma das eleições para a direção do ANDES. A atual diretoria propôs um formato “telepresencial”, que consiste em fazer o/a sindicalizado/a entrar numa sala virtual, e apenas ao mostrar a identidade na webcam lhe seria facultado o voto. Foram levantados diversas problemas logísticos com essa ideia – longas filas virtuais, necessidade de “fiscais de identidade”, docentes sem câmera em seus dispositivos, etc – sem que ela aumentasse a segurança da votação (várias universidades e associações já fizeram eleições remotas esse ano de uma maneira mais ortodoxa – por email cadastrado – sem maiores problemas), mas ainda assim o pleno de delegados escolheu a forma telepresencial por apertados 26 x 23. Teria sido claramente melhor que cada seção sindical se organizasse da maneira que lhe fosse mais conveniente (com todas as votações sob os auspícios da mesma empresa, naturalmente), mas vamos nós para uma eleição que já se inicia tensionada no método, daqui a mais ou menos um mês – as eleições serão na 1ª semana de novembro – veremos o resultado.
Em resumo: este 9º Conad extraordinário (assim como os congressos e Conads recentes) explicitou de forma gritante o quão alheio o sindicato nacional está da sua base. Não daquela parcela militante ínfima, mas da maioria esmagadora dos docentes que tem o direito de não querer a revolução e ainda assim ser valorizada e respeitada em seus afazeres. O sindicato deu as costas a estes professores por tempo demais, e como consequência estamos “lutando” contra o ensino remoto enquanto o resto do mundo já chegou na reforma administrativa. Não dá.

Felipe Rosa
Vice-presidente da AdUFRJ

 

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