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A UFRJ deve publicar nos próximos dias o edital para preencher aproximadamente 35 vagas que não foram ocupadas nos últimos concursos de contratação de professores realizados nos últimos 12 meses. São áreas para as quais ninguém foi aprovado.

Diante do cenário de incerteza para a universidade pública com o governo Bolsonaro, a comunidade acadêmica da UFRJ passou os últimos dias discutindo o destino dessas vagas. O pró-reitor de Pessoal, Agnaldo Fernandes, sugeriu que as unidades considerem a possibilidade de convocar, para vagas remanescentes, candidatos aprovados em segundo lugar em áreas semelhantes. Há o temor de que o próximo governo congele as contratações, e as vagas se percam. Cada unidade terá de decidir considerando essa conjuntura.

Trocando em miúdos: quando há concurso para professor, a vaga é definida por unidade, departamento e setorização (conteúdos a serem lecionados). Os candidatos fazem provas para aquela setorização. Quando há apenas uma vaga, só quem passou em primeiro lugar é chamado. Os demais podem ser chamados posteriormente, pois os concursos valem por dois anos.

No Instituto de Física há cinco vagas remanescentes do último concurso. Entre elas, duas de “Física Experimental com ênfase em Ótica Quântica”, pois ninguém foi aprovado. Restam duas opções: republicar as vagas e fazer novo concurso; ou chamar candidatos aprovados em segundo lugar para outras setorizações. Assim, quem ficou em segundo e terceiro lugares em “Física Experimental com ênfase na área de Sistemas Nanoestruturados” poderia ser chamado para o setor de “Ótica Quântica”.

APERTO NO ORÇAMENTO
Parece simples, mas não é. Em centros de excelência, os saberes são cada vez mais específicos. “Não há sentido chamar quem não está preparado para lecionar na área. Vamos republicar as vagas”, afirma o vice-diretor do Instituto de Física, professor Antônio Santos.

A diretora da Escola Politécnica, Cláudia Morgado, tem oito vagas remanescentes das 19 abertas no último concurso. Diz que chamar o segundo colocado pode ser uma solução pontual para um ou outro caso, mas não para o conjunto. A coordenadora da CPPD, professora Rosa Peres, lembra que tais remanejamentos podem criar problemas entre departamentos, pois a vaga está ligada a um, e o professor aprovado, a outro.

Por outro lado, a equipe econômica do próximo governo já deu sinalizações claras de que quer fazer uma avaliação da máquina pública, lembra Eduardo Raupp de Vargas, professor do Coppead e vice-presidente da Adufrj. Entre as medidas prometidas, está o recolhimento de receitas próprias para pagar pessoal – o que pode significar um aperto na reposição de professores.

“Há unidades em que a especificidade acadêmica das vagas disponíveis não permite remanejamento. Mas onde houver, acho que a gente não deveria hesitar e deveria trabalhar para chamar os aprovados o quanto antes”, afirma o professor Eduardo Raupp.

Para a presidente da Adufrj, Maria Lúcia Werneck Vianna, a questão terá de ser analisada caso a caso. “Depende da unidade e da especificidade da vaga. A incerteza política é imensa, mas contratar gente por contratar, sem que a pessoa esteja capacitada, deixa um flanco aberto para que a universidade seja ainda mais atacada”, afirma.

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