Uma das características fortes desse grupo foi sua associação ao regime de cátedras.
No contexto brasileiro, ser professor catedrático implicava ter assegurada a vitaliciedade no cargo, o que lhes garantia uma ampla margem de poder na hierarquia que, pouco a pouco, foi se constituindo no interior das Universidades. O poder dos professores catedráticos contrastava com as condições de trabalho dos seus auxiliares, que contavam com reduzidas chances de ingressarem e galgarem estabilidade nos quadros da instituição. Essa situação perdurou até a Reforma Universitária de 1968, que extinguiu o regime de cátedras, dentre outras medidas.
Nesses cem anos, as identidades dos professores das Universidades públicas brasileiras mudaram muito. Hoje, muitas mulheres integram o quadro docente, o que não era de se esperar no início do século XX. Gradativamente, o grupo de professores e professoras, de distintas origens sociais, foi se tornando, cada vez mais, plural e profissional. Se, em 1920, eles pareciam estar mais distantes da população, em 2020, o compromisso assumido pela grande maioria de docentes que atuam nas Universidades públicas, pelo Brasil a fora, se volta para a produção e disseminação dos conhecimentos científicos, visando a melhoria da qualidade de vida da população e a solução dos problemas de nosso tempo.
Libânia Xavier
Professora Titular da Faculdade de Educação da UFRJ