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02WEB menor1142A política institucional brasileira para a cultura pode ser resumida em duas frentes nos dias atuais: estrangulamento financeiro para o grosso da obra e aparelhamento político para o que sobrar de pé. O cenário nada animador para o setor movimentou o encontro virtual da AdUFRJ, #Tamojunto, da sexta-feira (14). O debate, estimulado pela professora Titular da Faculdade de Letras, Beatriz Resende, deu especial atenção ao desmonte da Casa de Rui Barbosa.
“A Casa é um lugar símbolo da preservação da história e do pensamento livre, crítico e criativo”, opinou a presidente da AdUFRJ, Eleonora Ziller. “Seu acervo, documentos e biblioteca compõem um patrimônio cultural valioso para o país e, em especial, para o Rio de Janeiro. Nela, estão reunidos importantíssimos escritores e pensadores da tradição brasileira”.
O título do debate foi “Cultura como caso de Polícia”, tema que também serviu de mote para reflexão de um artigo publicado pela docente, na Folha de São Paulo, dias antes (12). Nos dois momentos, Beatriz Resende questionou a nomeação, nada técnica, do capitão da Polícia Militar baiana, André Porciúncula Esteves, como secretário Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura. “Para calar a cultura não é preciso censura, basta cortar verbas. O cara da grana hoje é nada menos que um policial”, criticou.
A lista de sufocamento foi longa. Cinema, companhias de dança, teatro, orquestras, artes plástica penam à míngua, sem qualquer política de incentivo, mesmo diante da pandemia. Editoras e livrarias igualmente ignoradas e à beira da falência. E finalmente os museus: literalmente às traças. “Talvez seja o setor mais grave, porque a perda de acervo é algo que muitas vezes não pode ser reparado”, lamentou a ex-coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ.
Para a docente, a cultura é vítima de uma estratégia silenciosa de desmonte. “Depois dos escândalos com Roberto Alvim encenando Goebbels, ofendendo Fernanda Montenegro e das barulhentas gafes da Regina Duarte, agora temos esse desgaste silencioso com um secretário ex-galã de ‘Malhação’, Mário Frias”, argumentou. “É uma tônica que temos observado em outras áreas, como a Saúde. Se não tem ministro, não tem pandemia”, comparou.

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