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No fim de abril, o Grupo de Indústria e Competitividade do Instituto de Economia da UFRJ simulou três cenários de retração do Produto Interno Bruto do país, em função da pandemia. No “otimista”, era estimada  uma queda de 3,1%; no de “referência”, 6,4%; e, no pessimista, até 11%. Passados dois meses e muitos erros do governo, as previsões mais sombrias começam a se confirmar.

06aWEB menor1135Professoras Esther Dweck (à esq.) e Marta Castilho“Percebemos que o primeiro cenário, o mais ‘otimista’, já deixou de ser possível para o Brasil”, afirmou a professora Esther Dweck, coordenadora do grupo, em um webinar promovido no último dia 29. A docente mostrou números de queda da demanda nos setores produtivos. Situação que ocorreu com mais intensidade nas atividades de serviço, comércio e na Indústria de transformação. “Desde o início do nosso trabalho, enquanto muito se falava dos setores de serviço e turismo, por conta do isolamento social, vimos que a indústria, proporcionalmente, seria até mais afetada”, disse, no evento promovido pelo Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (NEIT-Unicamp) e a Associação Brasileira de Economia Industrial e Inovação (ABEIN).
“Era hora de aprender com este problema da dependência externa. A gente perdeu o momento de forçar uma reconversão rápida da nossa indústria para atender às demandas de equipamentos médicos”, completou a professora Marta Castilho, também do Instituto de Economia, que dividiu a apresentação do estudo. Segundo a professora, havia a oportunidade. Mas a mudança nunca foi prioridade da equipe econômica liderada por Paulo Guedes. “O maior problema é que este governo não tem nenhum apego por esse tipo de estratégia”, observou. “Nos falta um timoneiro”.
As mais de 120 pessoas que acompanharam o seminário virtual ouviram ainda que a falta de investimento do governo na Indústria nacional se reflete também nas relações econômicas externas e repete um comportamento de crises anteriores. “No pós-2008, a China ganhou muita importância como destino das nossas exportações, e agora, nesses primeiros cinco meses de 2020, vemos também um salto”, pontuou Marta. “Se analisarmos todas as commodities e minérios do Brasil exportados para a China, são 26% das exportações totais brasileiras. Primeiro país afetado pela crise, a China já teve uma recuperação maior”.
As docentes demonstraram que o contexto brasileiro atual de exportações está dentro das estimativas otimistas do estudo. Só que os números não implicam em um horizonte esperançoso para o país. “As exportações estão longe de representar, e ter um peso importante, na economia brasileira”, destacou Marta. De forma geral, o Brasil de hoje se aproxima mais do cenário pessimista da análise, que, desde abril, chama atenção para a necessidade de medidas que atenuem os efeitos sociais e econômicos da pandemia.

HOMENAGEM
Ao fim do evento, as professoras prestaram uma homenagem ao economista David Kupfer, ex-diretor do Instituto de Economia e um dos maiores estudiosos da indústria brasileira. David faleceu em fevereiro, aos 63 anos.

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