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1127WEBP4RESIDENTES estão na linha de frente contra a Covid no HUMaior hospital da UFRJ, o Clementino Fraga Filho ainda enfrenta problemas para a abertura de novos leitos destinados à Covid-19. A unidade tem capacidade para oferecer cem leitos exclusivos para a doença, sendo 40 de enfermaria e 60 de terapia intensiva. Na última terça-feira, 5, foram abertos oito leitos de CTI com profissionais temporários que começaram a chegar ao hospital. Mais da metade dos leitos intensivos ainda está fechada à espera de pessoal.
A emergência já atua acima do limite da capacidade. “Enfrentamos problemas na emergência. Pacientes chegam em número cada vez maior e temos esse gargalo que só vai ser resolvido na medida em que novos leitos forem abrindo”, conta o diretor do Complexo Hospitalar e ex-diretor do HU, Leôncio Feitosa.
Segundo dados obtidos pela reportagem a partir do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, o Clementino conta com 1.044 médicos. Desses, 157 estão cedidos a outras unidades. Entre os pneumologistas, uma das especialidades mais requisitadas para o tratamento da Covid-19, há 23 diretamente ligados ao HU, sendo 47,8% cedidos ao Instituto de Doenças do Tórax ou aposentados, de acordo com o Portal da Transparência. No IDT ainda estão outros 17 do quadro da UFRJ. Eles atuam em conjunto com a clínica médica no HU, mas a equipe enfrenta problemas com 16 profissionais - entre médicos, residentes e técnicos - afastados por Covid-19. A diretora do instituto, professora Fernanda Mello, não soube precisar quantos pneumologistas de sua equipe atuam na ala de coronavírus do HU. "Não estamos inteiramente atuando na Covid porque não podemos deixar de atender nossos pacientes crônicos e os doentes que continuam chegando com outras doenças respiratórias", justificou.
Alberto Chebabo, diretor médico do HU, informou que, além dos pneumologistas, as principais especialidades médicas destacadas para atuar em casos de coronavírus são anestesiologistas, intensivistas, infectologistas, clínicos e nefrologistas. Ocorre que, dos 887 médicos que não estão cedidos, apenas 33% atuam nestas especialidades.“Também devemos considerar que, hoje, dois terços dos pacientes internados no hospital não são por Covid. As equipes precisam se dividir”, diz.
O médico afirma que os profissionais estão chegando, ainda em ritmo lento, mas que já começam a atuar nos novos leitos. “Semana passada recebemos um grupo que começou a atuar hoje (terça-feira, 5). E hoje chegaram novos profissionais que devem entrar em atendimento nos próximos dias”.
Apesar do desfalque de médicos nas especialidades necessárias ao tratamento da Covid-19, Chebabo afirma que o principal problema está em outro grupo de profissionais. “Hoje nosso maior problema é o número de técnicos de enfermagem. Houve muitas aposentadorias no último período”. Para se ter uma ideia, enquanto o hospital trabalha com a proporção de um médico para cada seis leitos, entre os técnicos, a razão é de um profissional para cada dois leitos. A regra, para os técnicos, é do Conselho Federal de Enfermagem.
De acordo com a assessoria de imprensa do Clementino, a contratação temporária, que está sendo realizada através da Rio Saúde, até o momento, disponibilizou 296 novos profissionais de diferentes categorias. Desses, 77 são técnicos de enfermagem e 47 são médicos, sendo oito intensivistas. Ainda faltam 174 vagas para serem preenchidas.
Há um ganho numérico em relação à semana passada, quando apenas 34 profissionais haviam sido recebidos no hospital. Mudanças no edital da Prefeitura podem colaborar para o preenchimento mais rápido das vagas. “Antes, a chamada acontecia de dez em dez profissionais. A partir de agora, vão chamar um volume maior por vez”, conta Leôncio Feitosa. “Também ficou acordada a retirada da exigência de o médico ter o CRM (registro profissional) do Rio de Janeiro. Na prática, isto era um impedimento”, opina.

Dispensa de licitação
Outra frente aberta pela UFRJ, de contratação de pessoal, acontece por meio de um edital de dispensa de licitação. A iniciativa não surtiu bom resultado. Apenas uma empresa se apresentou para concorrer e apenas com vagas direcionadas ao Instituto de Doenças do Tórax. Outro problema é que o valor mensal do serviço, apresentado na proposta da empresa ProservigServiços Terceirizados, é de R$ 724,4 mil, equivalente a 210% do valor fixado pela administração central da universidade. Os documentos de habilitação da empresa ainda estão em análise pela PR-6. Outro edital, também para contratação de serviços médicos-hospitalares, está previsto para ser aberto pela pró-reitoria no dia 11 de maio.

Formatura antecipada
Com esperança de ajudar a desafogar os serviços de saúde, 56 jovens médicos se formaram na Faculdade de Medicina. A colação de grau foi antecipada, obedecendo os requisitos mínimos para a conclusão de curso, já que os novos profissionais decidiram atuar no combate à pandemia. A cerimônia, pela primeira vez na história, foi virtual, e aconteceu no dia 29 de abril. (Colaborou Kelvin Melo)

Projeções para o Rio preocupam

Pesquisadores da UFRJ-Macaé divulgaram um estudo dos impactos do coronavírus nas populações daquele município e também no estado do Rio de Janeiro. O Rio, hoje, está em um nível intermediário de controle de circulação, conforme explica o professor Antonio Guimarães, do campus Aloísio Teixeira. Neste cenário, o estado poderá chegar a 9,2 milhões de casos, com 46,7 mil mortes. “Os dados nos mostram que a melhor forma de conter a doença é o isolamento social rígido. Cidades e países que seguiram este protocolo tiveram resultados bastante próximos dos melhores cenários indicados pelo Imperial College (instituição britânica)”, argumenta o professor.
Com restrição de circulação “intensa e precoce”, o número de infectados em Macaé, segundo as projeções, seria de 13,8 mil pessoas, contra 218,6 mil, sem medidas de distanciamento. E as mortes pulariam de 53 para 1.315. Em todo o estado, com quarentena rígida, 930 mil pessoas podem ser infectadas, com 3,5 mil óbitos. Sem medidas de distanciamento social, os números saltariam para 14,7 milhões de casos, com 88,4 mil mortes.
Para esta análise, foram utilizados os resultados para o Brasil obtidos pelo Imperial College Covid-19 Response Team. “Os números dizem respeito ao curso total da epidemia no país”, explica o docente. “O que fizemos foi adequar o resultado ao estado e município de Macaé. É uma forma de dar aos gestores públicos ferramentas de tomada de decisão. Ao mesmo tempo em que conscientizamos a população, com dados mais específicos de sua realidade”, afirma Guimarães, que assina a nota informativa do GT.
Num segundo cenário, utilizando parâmetros de baixa taxa de transmissão, os números indicam que cerca de 40% da população de Macaé seria infectada (110 mil pessoas), se houvesse distanciamento social aumentado de idosos. Sem medidas de distanciamento, esse número subiria para 193 mil pessoas, mais da metade dos habitantes. O número de mortes no município saltaria de 327 para 1.096. No estado, seriam 7,4 milhões de casos, com distanciamento de idosos – a chamada quarentena vertical – e 21,9 mil mortes. Contra 13 milhões de infectados e 73,7 mil mortes, sem medidas de mitigação. (Silvana Sá)

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