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Movimento ocupará as redes sociais na quinta-feira, 7, e vai mobilizar cientistas de todo o país. SBPC quer mostrar a importância da produção científica para enfrentar a pandemia

1127WEBP3AO movimento mundial “Marcha pela Ciência” nasceu nos Estados Unidos como um protesto apartidário, uma reação dos cientistas aos cortes orçamentários em C&T e ao ceticismo científico da administração do recém-eleito presidente Trump. Neste cenário de destruição da Ciência surge o imperativo da resistência nos cientistas: lutar para pesquisar.
A primeira Marcha pela Ciência foi inspirada na histórica Marcha das Mulheres, que em janeiro daquele ano levou milhares de mulheres a manifestarem na rua a sua aversão às declarações misóginas e machistas de Trump. Essa correlação espaço-temporal entre os movimentos das Mulheres e da Ciência evidencia o protagonismo feminino cada vez mais presente na linha de frente de movimentos sociais.
A primeira Marcha pela Ciência ocorreu no dia 22 de abril de 2017, que era também Dia Internacional da Terra. Cerca de 93 manifestações ocorreram simultaneamente em 600 cidades de 30 países, levando para a rua milhares de cientistas e apoiadores organizados em torno de suas pautas nacionais. O êxito das marchas pelo mundo é explicado tanto pelo ativismo dos cientistas pela revalorização da ciência como também pela adesão de cidadãos preocupados com a relação entre preservação ambiental e a qualidade de vida e a sobrevivência da espécie humana.
No Brasil, 25 municípios aderiram ao movimento e centenas de pesquisadores foram para a rua em busca também de valorização e em defesa de investimentos em C&T. Em 2017, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC) sofreu um corte no orçamento de 44% (leia sobre a campanha Conhecimento sem Cortes e o Tesourômetro, iniciativas da AdUFRJ). Outros alertas foram dados pelas marchas brasileiras, como sobre o desmonte das universidades públicas e sobre a desigualdade no acesso ao conhecimento.
Três anos se passaram desde a primeira Marcha. Trump continua nutrindo sua relação conflituosa com os cientistas através de declarações aberrantes como quando questionou se não se poderia injetar no corpo humano desinfetantes que matam o coronavírus. No Brasil, seu vassalo Bolsonaro segue com sua imitação grosseira do seu homólogo americano em relação aos cientistas do nosso país. O momento exige que os cientistas explicitem o valor do pensamento crítico e o peso das evidências. O físico Ricardo Galvão, demitido da direção do INPE por fazer seu trabalho com correção, é o caso mais emblemático da relação conflituosa do governo Bolsonaro com os cientistas. Muitos outros cientistas, biólogos, agentes florestais e médicos foram silenciados por discordarem da política genocida do governo. Claro que os subservientes podem continuar a dormir um sono tranquilo em travesseiros espaciais, mas felizmente não é o caso de todos.
Muitos cidadãos reduzem a política a acordos no Congresso para a dilapidação dos fundos públicos ou a querelas de partidos com visões imediatistas de reeleição e alheios aos grandes temas nacionais. Embora tal quadro tenha um quê de verdadeiro, não podemos jamais esquecer que muitos temas científicos são profundamente políticos – no sentido mais nobre do termo, como algo que diz respeito à administração dos assuntos de Estado. O aquecimento global, o enfrentamento das pandemias, o uso das tecnologias de comunicação para a construção de uma sociedade democrática, todos estes assuntos envolvem ciências básicas e aplicadas. A Ciência tem um papel importantíssimo na construção de uma nação que se reconheça enquanto tal.
No Brasil, a Marcha pela Ciência é organizada pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A marcha acontecerá no dia 7 de maio, e respeitando as diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS) será integralmente realizada on-line: Marcha Virtual pela Ciência. O objetivo da manifestação é chamar a atenção para a importância da ciência no enfrentamento da pandemia de Covid-19 e de suas implicações sociais, econômicas e para a saúde das pessoas. Uma das atividades será uma manifestação virtual por meio do aplicativo manif.app muito simples de navegar, no qual o manifestante pode se expressar por meio de um avatar com uma mensagem de sua escolha.
Nós da AdUFRJ conclamamos as cidadãs e os cidadãos que valorizam a Ciência a se manifestarem. De forma responsável, dentro de nossas casas, vamos fazer o que é possível no momento. O corpo em casa, mas o espírito coletivo em marcha! Convide amigas e amigos para uma atividade virtual, contribua para os eventos da SBPC e outras entidades!

1127WEBP3CHRISTINE RUTA
Professora da Biologia e diretora da AdUFRJ
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