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WhatsApp Image 2023 10 12 at 00.08.39 5Fotos: Fernando SouzaGabinetes interditados, graduação alocada de favor em salas de outra unidade, laboratórios e grupos de pesquisa sem espaço ou acomodados em locais inadequados e queda no conceito da pós-graduação. O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR) até hoje sofre as consequências de um incêndio que, em outubro de 2016, destruiu parte do antigo prédio da reitoria.
As instalações do IPPUR, no quinto andar, não foram diretamente afetadas pelas chamas de sete anos atrás, mas professores, técnicos e estudantes foram obrigados a sair da sede, após a interdição para a reforma. E praticamente nada foi feito no instituto desde então.
Os impactos negativos para as atividades acadêmicas são evidentes. “Eu fazia do meu gabinete um ponto de encontro com os estudantes, com orientandos, com equipes de pesquisa”, explica o professor Alex Magalhães. “Havia ali terminais de computador, biblioteca com nosso acervo ali ao lado. A indisponibilidade desse espaço dificultou nosso planejamento”.
A Faculdade de Letras, do outro lado da Rua Pedro Calmon, tem abrigado o IPPUR neste período. A hospitalidade da unidade coirmã foi destacada por todos os entrevistados, mas não é possível realizar todas as tarefas como antes do incêndio. “Estar ali é como se estivéssemos na casa dos outros, limitados de várias maneiras”, afirma Alex. “Quando essa situação se eterniza, e sem uma perspectiva de solução, isso agrega uma carga de tensão às relações acadêmicas”, completa.
Integrante do centro acadêmico e aluna do sexto período do curso de Gestão Pública para o Desenvolvimento Econômico e Social (GPDES), Rute Caroline dos Santos nunca teve aula no prédio da reitoria. A jovem reforça os problemas de um curso funcionando fora da sede. “É sempre estar refém de uma administração de outro prédio, o que é muito ruim. Quando vamos pedir sala para algum evento, a prioridade é sempre da Letras”, diz.
Nada disso estaria ocorrendo se o GPDES, criado há uma década e hoje com 547 alunos, estivesse no chamado “complexo acadêmico CCJE-CFCH”, ao lado da própria Faculdade de Letras. No local, hoje só existe a estrutura básica da edificação, conhecida como “paliteiro”. A promessa realizada ao corpo social do IPPUR durante o programa de expansão das universidades federais (Reuni) jamais foi cumprida.WhatsApp Image 2023 10 12 at 00.08.39 6
Dos 19 laboratórios e grupos de pesquisa do IPPUR, apenas dois conseguiram espaços cedidos de forma temporária pela Coppe. Mas, em um esforço para retomada gradual da antiga sede, as aulas da pós-graduação retornaram ao edifício Jorge Machado Moreira, em março deste ano. Na empreitada, professores e estudantes enfrentam condições improvisadas. Ainda no corredor de acesso ao IPPUR, dois cartazes avisam os usuários para terem cuidado: há risco de descolamento das cerâmicas da parede.
Nas poucas salas disponíveis para uso, nada de ar-condicionado. O funcionamento dos aparelhos depende da reforma elétrica no andar. Ventiladores foram espalhados para dar algum conforto aos ocupantes. Mas são insuficientes em dias de muito calor. Ao receber um visitante da Universidade de Buenos Aires para uma palestra no auditório este ano, a direção precisou se desculpar. “Estamos sempre pedindo desculpas pelo improviso”, afirma o professor Filipe Corrêa, diretor adjunto de pós-graduação.
A falta de infraestrutura adequada cobrou seu preço na última avaliação da Capes. O cinquentenário programa de pós-graduação da unidade, que ostentava uma nota 6 desde 2004, caiu para 5. “De um lado, perdemos a dinâmica de atividade dos laboratórios: os encontros de pesquisa, as reuniões de orientação. Tudo fica prejudicado”, afirma Filipe. “Isso obviamente tem um impacto global no desempenho do programa”.
Além da perda de prestígio, há o prejuízo financeiro e administrativo. “Anteriormente, o programa recebia recursos por meio do Proex (Programa de Excelência Acadêmica, voltada para cursos 6 e 7), que é destinado a uma conta bancária em nome da coordenação, o que permite uma flexibilidade muito maior da gestão”, acrescenta o docente.WhatsApp Image 2023 10 12 at 00.08.39 8
Para cobrar melhores condições de trabalho e ensino, a comunidade do IPPUR realizou um ato no hall dos elevadores do edifício JMM, na segunda-feira (9). Teve até bolo de “desaniversário” pelos sete anos do incêndio. “Nós estamos até hoje lutando contra as dificuldades”, afirmou à reportagem o professor Fabrício Leal de Oliveira, diretor da unidade, ao final da manifestação.
“Tem que fazer um monte de coisas lá: pintura, sinteco, escada de incêndio. Mas o crucial para nós são os serviços de adequação elétrica daquelas salas do quinto andar”, disse o dirigente. Uma reforma que, nas contas do docente, não demandaria um investimento muito alto. “Estamos com processos abertos no SEI (Sistema Eletrônico de Informações da UFRJ) para estes serviços. Contamos com o compromisso de apoio da reitoria, mas não temos prazo nenhum nem garantia de todos os recursos necessários”.

RESPOSTA
Até o fechamento desta edição, a assessoria de imprensa da reitoria não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre as obras no quinto andar do JMM.
Sobre o “paliteiro”, a assessoria apenas repassou um estudo do Escritório Técnico da Universidade, datado de maio deste ano, para a continuidade da obra. São apresentados três caminhos: o primeiro, seguindo o projeto original, teria custo estimado de R$ 146 milhões (em valores de abril) e demoraria entre 6,5 anos e quase 10 anos para ser concluído.
Uma readequação do projeto, fazendo a construção avançar por blocos independentes, “possibilitando a obtenção de recursos distintos para cada fase” e maior liberdade de cronograma, custaria R$ 75 milhões e duraria de três a cinco anos.
Há ainda um projeto para fechamento de todas as fachadas “no intuito de promover a proteção da estrutura já construída e propiciar a finalização de seu interior”, no modelo de construção por blocos independentes. O que custaria R$ 30 milhões, entre 16 e 25 meses.
A reitoria não respondeu, mas é situação reconhecida que a UFRJ não tem recursos para realizar qualquer uma dessas opções.

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