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WhatsApp Image 2023 09 15 at 20.23.38 6Fotos: Alessandro CostaPor Igor Vieira

Após quase sete longos anos, uma das jóias da universidade acaba de ser reaberta ao público. Localizado no sétimo andar do antigo prédio da reitoria, na Ilha do Fundão, o Museu D. João VI (MDJVI) voltou a exibir seu rico acervo, herdeiro de parte da coleção da Academia Imperial de Belas Artes e da Escola Nacional de Belas Artes, antecessoras da Escola de Belas Artes (EBA) da UFRJ. O espaço estava interditado desde outubro de 2016, quando um incêndio destruiu parte da edificação. As chamas, felizmente, não atingiram as 13 mil obras, entre pinturas, esculturas, indumentárias, mobiliário e outros objetos de arte.

Para além da contemplação, o museu também serve ao ensino, pesquisa e extensão. Os alunos das turmas de Modelo Vivo I e II, do professor Marcelus Gaio, do Departamento de Análise e Representação da Forma da EBA, já tiveram o privilégio de ter uma aula no museu. “O museu cobre uma série de gaps. Eu dou aula de modelo vivo para artes visuais e esculturas, e na internet é difícil achar representações de desenhos brasileiros em boa qualidade de imagem”, defendeu Marcelus.

Para ele, é muito importante mostrar a produção de professores e alunos da EBA. “Tanto pelo senso estético, para que o aluno possa visualizar a técnica, os materiais utilizados, tanto pelo senso histórico, da tradição de produção artística que temos na EBA”, elencou.

A experiência do aluno And Melo, de Licenciatura em Artes Visuais, é um bom exemplo. “Aqui tem desenhos que eu só tinha visto em reprodução. Ao reproduzir, a arte deixa de ser uma coisa única, mas é muito interessante ver pessoalmente, as camadas da pintura, o tipo de material”, contou And. Ele fez a visita junto com a colega Adrielly Dantas. Ela avaliou o museu como uma área de lazer e de estudos. “Quatro horas de aula não são suficientes para entender aquele desenho, então visitar e ver detalhes que não podemos captar nas fotos ajuda muito nos estudos”, conclui.

O museu recebeu doações mesmo interditado, sinal de sua importância. “Para comportar o acervo, nós doamos salas de aula para a coordenação do espaço após a reforma”, contou a diretora da EBA, professora Madalena Grimaldi.

O modelo adotado é o de reserva técnica aberta. “Isso significa que todo o acervo do museu está sempre à mostra para o público e para os pesquisadores, e por isso precisamos de espaço”, explicou Andrea Balduino, servidora do museu. “A missão do Museu D. João VI é mostrar o ensino de arte no Brasil, que está sempre se expandindo”, afirmou Andrea. Não por acaso a maior parte do acervo é composta pela produção dos alunos e professores que passaram pela EBA.

Uma das novas salas abriga o Centro de Referência Têxtil e Vestuário, que comporta vestimentas de Sofia Jobim de Carvalho, fundadora do curso de Indumentária, em 1949, e de outros nomes importantes da escola. “A EBA tem uma longa tradição com o Carnaval do Rio”, disse o vice-coordenador do Setor de Memória e Patrimônio, professor Madson Oliveira, também do curso de Indumentária.WhatsApp Image 2023 09 15 at 20.23.38 7No Centro de Referência Têxtil e Vestuário, o professor e vice-coordenador Madson Oliveira relembra a colorida história da EBA e sua relação com o Carnaval

“Foram daqui diversos carnavalescos, como a professora Rosa Magalhães, o ex-diretor Fernando Pamplona, e o ex-aluno Fernando Vieira, da Imperatriz Leopoldinense”, disse o professor Madson. “Logo, há uma ponte da universidade com as escolas de samba, parte da identidade do Rio. Aqui, o acadêmico e o mercado se encontram”.

Mesmo interditado, o museu teve o acervo preservado graças ao trabalho ininterrupto dos técnicos e professores. “As obras não sobreviveriam sem nenhum cuidado”, contou a servidora Andrea.

No espaço reinaugurado, as salas contam com os mais variados tipos de arte. Rebeca Belmont, funcionária do museu, é também ex-aluna da EBA. “Costumo brincar que temos uma grande coleção de obras originais”, disse ela. “Muitos museus costumavam fazer cópias das suas obras famosas e vender ou distribuir”, falou Rebeca.

Ela mostrou a réplica da Vênus de Milo, na sala de esculturas, famosa obra pertencente ao Louvre, assim como diversos ornatos da École Boulle, renomada academia de artes francesa. “Temos uma grande coleção didática”, defendeu Rebeca.

Um exemplo é a sala da coleção Ferreira das Neves. “Aqui é possível entender os gostos e costumes da época”, afirmou Rebeca, ao apresentar a doação da família do século XIX, composta por louças; armas decorativas; material têxtil; mobília e objetos pessoais, indo do raro ao cotidiano. Essa é a beleza de uma das maiores relíquias da UFRJ.

O museu fica no sétimo andar do edifício Jorge Machado Moreira, com exposição de segunda a sexta-feira, de 9h às 14h, com pausa de 12h às 12h30. Para marcar uma aula ou agendar uma visita de grupo é necessário agendar pelo email Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. Visitas individuais não precisam de agendamento.

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