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Por Milene Gabriela


Estamos unidos e organizados para enfrentar as mudanças climáticas? Essa é uma das perguntas que norteiam a exposição “Futuros da Baía de Guanabara: inovação e democracia climática”. A exposição é realizada pelo Fórum da Ciência e Cultura (FCC) da UFRJ e promove uma experiência imersiva e interativa. O intuito é mostrar de que forma a mudança do clima afeta, hoje e no futuro, o entorno da Baía de Guanabara: as pessoas, as atividades produtivas e a biodiversidade das cidades e locais, como a Ilha do Fundão.

Na área externa do FCC há uma mostra da fauna marinha da região, com aproximadamente 20 espécies de animais invertebrados e vertebrados, que pertencem à coleção do Museu Nacional da UFRJ.

Já a exposição interna é dividida em três etapas. Na primeira, a sala das perguntas é um espaço interativo com aproximadamente trinta questionamentos sobre mudanças climáticas. O visitante escolhe alguma pergunta para debater com o mediador do evento. O objetivo é estimular o público a pensar em soluções para os efeitos da mudança que afeta um dos principais cartões postais da cidade do Rio de Janeiro.

A segunda etapa exibe um filme sobre a Baía de Guanabara. O curta apresenta o dia a dia do ecossistema e seu entorno, com ênfase nos desafios impostos pelas mudanças climáticas para o ambiente e para a sociedade. O filme exibe, ainda, resultados de pesquisas realizadas sobre o tema. A sessão dura nove minutos, com espaço para doze pessoas por sessão, incluindo dois cadeirantes.

Já a terceira e última etapa é formada pela sala das escolhas, que aborda como as decisões políticas e o modelo econômico atual impactam o futuro. O espaço também mostra o papel da Ciência e das pesquisas da UFRJ. Conta com um mural das iniciativas, que são dois mapas interativos expandidos das regiões do estado do Rio de Janeiro. Se o visitante conhecer ações locais de determinadas regiões do mapa que combatem as mudanças climáticas, pode escrever no papel disponibilizado na sala como a ação contribui para um clima mais estável. Caso não conheça nenhuma, é possível sugerir uma ação na cidade.

“A Baía resiste e nós precisamos ajudar”, disse a professora Denise Freire, pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa, que visitou a exposição. Levantamento feito pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) mostra que, por dia, são despejadas 98 toneladas de lixo na baía. Por conta do grande número de resíduos de lixo, apenas 12% da baía é utilizada para pesca, afetando diretamente mais de cinco mil pescadores que vivem na região.

A abertura da exibição aconteceu no dia 21, mas era planejada desde 2019 pela professora Tatiana Roque, então coordenadora do FCC. Tatiana é secretária municipal de Ciência e Tecnologia e afirma que quando assumiu o fórum, na época, a sensibilização para a questão das mudanças climáticas era uma das suas preocupações. “Por que falar dos entornos e futuros da Baía de Guanabara?”, questionou Tatiana. “Porque é uma das maneiras que temos de fazer divulgação científica, que não se separa da sensibilização climática, do engajamento e do ativismo. É tornar sensíveis os problemas climáticos que são resultados globais”, explicou a professora.

Jerson Lima, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), concorda com Tatiana ao afirmar que por causa das mudanças climáticas os eventos extremos, tanto de chuvas quanto de secas, estão acontecendo com cada vez mais frequência e são mais intensos. E defendeu um maior diálogo entre as instituições científicas e a sociedade como forma de combater o que chamou de “negacionismo climático”.

A professora Christine Ruta, bióloga e coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura, falou sobre a sensibilização do público. “A nossa exposição, além de discutir questões de democracia climática, mostra a inovação da nossa universidade, que de alguma maneira contribui para minimizar esse problema que já nos assola”, disse.

A região da Baía de Guanabara é cercada pelos municípios do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Magé, Guapimirim, Itaboraí, São Gonçalo e Niterói. “A gente tem uma biodiversidade incrível, que constantemente vem diminuindo sua população, mas ao mesmo tempo vem se mantendo viva. É preciso manter esse farol de esperança para a Baía de Guanabara”, afirmou o curador da exposição, Leonardo Menezes.

A exposição acontece de 21 de março a 14 de maio, de terça a sábado, das 9h às 20h; domingos e feriados das 10h às 16h, na Casa da Ciência da UFRJ, em Botafogo. A entrada é gratuita e aberta ao público de todas as idades. Também serão realizadas atividades como oficinas infanto-juvenis, debates com estudantes universitários, rodas de conversas, palestras com acadêmicos, gestores públicos e lideranças comunitárias, lançamento de livros, apresentações artísticas e culturais e gravações de podcasts ao vivo.

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