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A quarta onda da covid-19 chegou e parece se alastrar como rastilho de pólvora na UFRJ. O assunto foi levantado pelos professores integrantes do Conselho de Representantes da AdUFRJ, reunido nesta quarta-feira (15). Os conselheiros demonstraram preocupação com o número de casos em alta na universidade e com suas condições de trabalho. A reunião precisou ser remota porque o presidente do sindicato, professor João Torres, também foi acometido pelo vírus e está nos últimos dias do isolamento. O assunto será uma das pautas da assembleia geral que acontecerá na próxima quarta-feira (22).

“Precisamos estar atentos a essa questão. Eu fui infectado nesse retorno presencial e vários outros colegas do meu instituto também se infectaram”, contou o professor Wilson Vieira, do Instituto de Economia. “Fiz isolamento, felizmente não tive sintomas graves e já retornei ao trabalho, mas descobri que muitos colegas estão afastados pela mesma razão”, disse.

A professora Claudia Lage, do Instituto de Biofísica, também informou que se contaminou recentemente. “Ainda estou me recuperando. Já testei negativo, mas continuo sintomática, com dificuldade para respirar e muito cansaço”, relatou. Ela também criticou a falta de infraestrutura adequada em seu local de trabalho, o Centro de Ciências da Saúde. “Após dois anos, ainda não temos salas adequadas do ponto de vista da ventilação”.

Conselheira recém-eleita, a professora Renata Flores, do Colégio de Aplicação, revelou que o marido – e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Cláudio Ribeiro – está positivado, com sintomas leves e isolado. “A gente tem uma filha pequena que ainda não é vacinada e isso é uma preocupação muito grande”, queixou-se. Como são contactantes diretas, a professora e a filha estão também em isolamento, em casa. Mas Renata testou negativo. “Os protocolos do CTD (Centro de Triagem Diagnóstica) não me respaldam do ponto de vista trabalhista, porque se eu testei negativo, eu deveria ter ido trabalhar”, disse. “Mas como fazer isso tendo alguém infectado em casa e colocar em risco meus alunos, que são crianças, e colegas? A gente está mais preocupada com a manutenção das aulas do que com a segurança da comunidade universitária”, desabafou.

Sua colega de unidade, a professora Thais Motta, também criticou a fragilidade dos protocolos atuais. “Na turma em que a Renata trabalha a gente tem dois casos positivos, há outras turmas com nove casos, três casos. São oito professores do CAp Lagoa e sete professores e colaboradores da unidade Fundão”, relatou. “A gente objetivamente está na quarta onda, mas ninguém sabe responder o que a gente faz agora. A fragilidade das orientações das instâncias superiores, nessa situação, é muito grande”.

Quem também viu a covid-19 chegar em sua casa foi a professora Marinalva Oliveira, da Faculdade de Educação. Dois de seus três filhos testaram positivo e estão com sintomas leves. Ela mora com o caçula, que tem deficiência. “Passei dois anos completamente isolada porque eu sou vulnerável e meu filho também é vulnerável. Fiz dois antígenos que deram negativo e hoje farei um RT-PCR que demora alguns dias para sair”, contou. “Nesse quadro, não posso dar aulas presenciais, mas não estou protegida pela legislação interna porque estou isolada preventivamente, já que cuido diretamente do meu filho”, disse. “É preciso uma assembleia com urgência para discutir as condições de trabalho nesse retorno presencial”, reivindicou.

Da Escola de Comunicação, o professor Ivan Capeller também informou que é grande o quantitativo de colegas e estudantes afastados temporariamente de suas atividades na unidade. “Temos algumas salas com condições muito precárias, professores, estudantes ou familiares com covid-19. Nesse ritmo, essa quarta onda vai piorar muito e rápido”, afirmou. “Por isso, quero endossar esse pedido de uma assembleia para debater essas questões”.

CR aprova eleições
O pleito que elegeu 14 novos conselheiros, na semana passada, foi aprovado por unanimidade pelo Conselho de Representantes. O presidente da Comissão Eleitoral, professor Felipe Rosa, informou que as eleições transcorreram sem imprevistos. “As eleições correram de forma muito tranquila, remotamente, só houve uma intercorrência que foi uma candidatura não homologada, mas a votação aconteceu em dois dias sem qualquer problema”, garantiu. Participaram dez unidades, todas com única lista. “Todos os candidatos foram eleitos. Parabenizo aos colegas que assumem esse mandato”, afirmou. Os novos eleitos complementam o mandato do grupo até 2023.

Observatório em debate
Depois de uma sessão de informes do professor João Torres, sobre as últimas atividades desenvolvidas pela diretoria, a professora Mayra Goulart, vice-presidente da AdUFRJ, contou sobre as ações realizadas no âmbito do Observatório do Conhecimento. Ela avalia que a instância vem se transformado em uma entidade de referência no Brasil sobre assuntos de Ciência e Tecnologia e financiamento da área. “Houve seis audiências públicas sobre a composição do orçamento e nós estivemos em cinco delas. Conseguimos incidir no debate público sobre essa questão orçamentária”.
Alguns professores defenderam a necessidade de que a categoria aprove em assembleia a atuação da AdUFRJ na organização e o financiamento do Observatório. “É preciso que o Observatório seja explicado, não no sentido policialesco, mas no sentido de entender: o que é esse Observatório? Quem o compõe? Por que a diretoria aderiu e a base nunca opinou a respeito?”, questionou Marinalva.

O presidente João Torres explicou que, por não se tratar de uma instância sindical, não há uma necessidade formal de a AdUFRJ submeter em assembleia uma decisão de atuar em instâncias paralelas de organização da comunidade científica. “Não é um sindicato que pretende substituir o Andes. É um conjunto de associações docentes, algumas do Andes, outras do Proifes, outras independentes, que atuam coletivamente nas questões de C&T e Educação, em nível nacional”, disse. “Buscamos sensibilizar a sociedade para atuar por uma ciência mais inclusiva e com financiamento púbico adequado”, complementou Mayra.

O professor Felipe Rosa, que era da direção da AdUFRJ quando o Observatório foi criado, também defendeu sua existência. “Eu acho legítimo que uma seção sindical como a nossa tenha uma forma de atuar contra os cortes e em defesa da Ciência. É um espaço alternativo”, disse. “No Andes, levamos uma proposta conciliadora de articulação com a ABC, a SBPC, e fomos derrotados. Isso demonstra a importância de atuarmos em outras vias”.

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