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WhatsApp Image 2023 08 18 at 12.33.21Por Kelvin Melo e Silvana Sá

O Ministério da Saúde confirmou, nesta sexta-feira (18), o primeiro caso brasileiro da recém-descoberta variante EG.5 da covid. A notícia foi divulgada apenas dois dias após a UFRJ lançar uma nota recomendando o uso da máscara em locais fechados ou em espaços de aglomeração – e ser atacada nas redes sociais pelo posicionamento cauteloso. O documento do Núcleo de Enfrentamento e Estudos em Doenças Infecciosas Emergentes e Reemergentes (Needier) da universidade também reforça a importância da vacinação e da higienização frequente das mãos.
“Não há nenhuma determinação de suspensão de aulas presenciais. Queria deixar isso bem claro”, enfatiza o reitor Roberto Medronho, epidemiologista e ex-coordenador do grupo de combate à covid da instituição. “Vacinem-se. Vacinem-se. Vacinem-se. Ao estar em locais fechados, com pouca ventilação, a recomendação de máscara se torna mais presente. Ou em grandes aglomerações. Não há motivo algum para pânico. A vacina salvou vidas, a vacina está nos tirando da pandemia e a vacina é o que está fazendo com que os casos ocorram sem um aumento de óbitos e internações”, reforça.
A recomendação da universidade, que rendeu polêmica na web e críticas de muitos palpiteiros de plantão, tem respaldo no aumento moderado e progressivo de casos positivos diagnosticados no Centro de Triagem Diagnóstica (CTD) do Needier. Entre 17 de maio e 16 de junho, houve quatro casos positivos entre 110 testados (4%); de 17 de junho a 16 de julho, foram cinco positivos em 72 (7%); de 17 de julho a 16 de agosto, 11 positivos em 86 pessoas (13%).
Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) detectou 1,5 milhão de novos casos em todo o planeta no último mês. O próprio reitor da UFRJ, professor Roberto Medronho, foi diagnosticado com covid no sábado (12) e, no domingo (13), o professor emérito José Murilo de Carvalho faleceu em função da doença.WhatsApp Image 2023 08 18 at 12.47.22 1
Os números da OMS e do CTD podem ser só a “ponta do iceberg”. Coordenadora do Needier, a professora Terezinha Castiñeiras afirma que a procura pela testagem no CTD – e de outros centros de referência – diminuiu muito nos últimos meses, o que explica o menor número absoluto de casos testados. “Contudo, a proporção de casos positivos entre os testados deixa perceptível o aumento progressivo da incidência de casos”, diz.
A docente elenca duas razões que contribuem para o quadro de poucas testagens: menor preocupação com a covid (as pessoas acreditam que o problema acabou); e maior utilização de autoteste, de menor acurácia. “Disto resulta que podemos estar subestimando o crescimento de casos”, alerta Terezinha.
A nota da universidade orienta, ainda, a testagem em caso de sintomas respiratórios ou contato próximo com alguém com covid-19. Ela pode ser feita no CTD, das 8h às 15h, na Av. Carlos
Chagas Filho, 791, quadra F, na Cidade Universitária. O Núcleo disponibiliza o WhatsApp (21) 97380-2702 para dúvidas. Não é necessário agendamento.
A recomendação inicial da UFRJ diverge, em parte, da nota lançada pela Sociedade Brasileira de Infectologia, instituição presidida pelo professor Alberto Chebabo, da Faculdade de Medicina. O documento, publicado na quinta-feira (17), também orienta o uso de máscaras em ambientes fechados, mas apenas para os grupos de risco sob a alegação de que o cenário epidemiológico não teve alteração no Brasil. A Sociedade também apela às autoridades para que aumentem a testagem e a vigilância genômica dos casos positivos.

NEM TODO MUNDO GOSTOU
A primeira reação contrária à nota da UFRJ partiu do prefeito do Rio, Eduardo Paes. Em seu twitter, o político declarou que a “Prefeitura é contrária a essa medida”. E ainda criticou uma possível volta ao ensino remoto. “Esperamos que não inventem ensino a distância”.
O secretário de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, também reagiu. “Não há neste momento nenhuma alteração no cenário epidemiológico que justifique o uso indiscriminado de máscara”, comentou. “A recomendação é que todos os maiores de 12 anos realizem a dose de reforço para covid com a vacina bivalente”.
Ex-reitora da UFRJ e atual secretária de Ensino Superior do MEC, a professora Denise Pires de Carvalho saiu em defesa da universidade. “É apenas recomendação em ambientes fechados como salas de aula. Nada de suspensão do ensino presencial”, garantiu.
A confusão levou a UFRJ a emitir nova nota neste 18 de agosto. O documento afasta – neste primeiro momento – a possibilidade de volta ao ensino remoto e sublinha a adoção de medidas protetivas “principalmente para populações vulneráveis às formas mais graves de covid-19”.
Os dois documentos foram autorizados pelo reitor Roberto Medronho. Ele explica que ainda não é possível saber se os casos testados na UFRJ estão relacionados à nova variante. “O resultado do sequenciamento do genoma deverá ser conhecido em breve”, explica o dirigente, que é epidemiologista de formação.

OMS EMITIU ALERTA
As notas da universidade e da Sociedade Brasileira de Infectologia respondem ao comunicado da Organização Mundial de Saúde. No dia 9, a agência emitiu alerta sobre uma nova subvariante da cepa Ômicron. Chamada de EG.5, ela é considerada como variante de interesse e já havia sido identificada em 51 países até aquele momento. De acordo com a OMS, essas mutações aumentam a capacidade de transmissão e de escape das atuais vacinas, mas não representam risco para aumento de óbitos.
Manter a vacinação em dia, testar casos suspeitos, usar máscaras em ambiente fechado – sobretudo os que fazem parte do grupo de risco – todo mundo concorda que ainda é o melhor caminho para combater a pandemia.

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