O Salão Dourado, no campus da Praia Vermelha, sediou no dia 11 uma emocionante homenagem aos professores e técnicos-administrativos que completaram 50 anos de serviço público federal. Quando eles ingressaram na universidade, o país vivia a ditadura militar. O ministro da Educação era Jarbas Passarinho e o reitor da instituição, Djacir Menezes. O seleto grupo testemunhou a transformação do país e da maior federal do Brasil.
“Essa homenagem vem com muito orgulho de dever cumprido. E, sem nenhuma modéstia, eu cresci e fiz crescer esta universidade. Eu e todos estes homenageados. Nós somos uma amostra da força que move a universidade”, disse a professora Déia Maria Ferreira dos Santos, do Instituto de Biologia, com a experiência de 53 anos de serviço público, 45 deles dedicados à UFRJ. “Não tenho a menor dúvida de que esta UFRJ de 2023 é uma universidade pública, gratuita, de qualidade, inclusiva e democrática no acesso. Eu sou de uma época em que 90% do curso de Ciências Biológicas era de classe média branca. Hoje, mudou significativamente o perfil dos nossos alunos. É mais inclusiva e em nada mudou sua qualidade acadêmica”.
Um dos fundadores da AdUFRJ, integrante do primeiro Conselho de Representantes da entidade e da diretoria do biênio 1981/1983, o professor Ricardo Chaloub (Instituto de Química) fez coro com a colega. “Posso dizer que, durante esses 50 anos, vi uma modificação muito grande da universidade, no sentido da inclusão”. Mesmo aposentado em abril do ano passado, Chaloub acompanhou a defesa do último aluno de mestrado que estava orientando na véspera da homenagem. “Orientei o projeto de TCC (trabalho de conclusão de curso) dele também. Quando estava se formando, o pai dele disse que era a primeira pessoa da família a frequentar e a se formar na universidade. A UFRJ mudou muito. Para muito melhor”.
A aposentadoria não parece ser mesmo capaz de romper os laços dos servidores com a instituição. A professora Celuta Sales Alviano, do Instituto de Microbiologia, que ingressou como auxiliar de ensino em 1972, é um exemplo. “Eu resolvi pedir à universidade, ano passado, para continuar como colaboradora voluntária. Eu não parei”.
Quem também pretende continuar é o professor Luiz Fernando D’Avila, da Escola de Química. “Sou UFRJ até a tampa. Eu me formei aqui, na Praia Vermelha ainda. Fui contratado em 1972. Tenho três filhos, todos formados na UFRJ”, disse. “O professor universitário é uma carreira com um privilégio que nenhuma outra tem: a cada semestre você recebe um conjunto de pessoas da faixa de 18 a 20 anos. É um processo de contato muito edificante. A gente absorve parte dessa dinâmica, das expectativas da juventude”.
Já o secretário-geral do Consuni e uma das figuras mais queridas da UFRJ, Ivan da Silva Hidalgo está na universidade desde junho de 1971. A partir de 1997, assumiu a função que desempenha até hoje, trabalhando com reitores dos mais variados matizes ideológicos. “Gosto de participar. É o centro democrático da universidade. Nunca tomei partido de interesses individuais. Sempre agi no interesse da UFRJ”. O técnico-administrativo, que completou 71 anos esta semana, pretende atuar até a aposentadoria compulsória, aos 75.
ESTABILIDADE
A dedicação ao trabalho, sem atender a caprichos individuais ou de governos de ocasião, ganhou destaque na homenagem do professor Carlos Frederico Leão Rocha, vice-reitor da UFRJ. “Quando eu falo do funcionário público, eu falo da importância que eles têm na estabilidade do serviço público. Por isso, devem ser estáveis”, afirmou. “Todos vocês deram essa contribuição: conseguiram levar uma instituição ao longo do tempo. E, em tempos difíceis, é central o funcionário público”, completou.
Muito emocionada, a reitora Denise Pires de Carvalho iniciou a cerimônia, mas precisou sair para uma reunião no MEC. Talvez tenha sido sua última atividade pública como dirigente da UFRJ, antes de assumir a Secretaria de Educação Superior (SESu) (leia mais na página 6). “São pessoas que dedicaram uma vida a essa instituição. Parabéns a cada um de vocês que completou 50 anos como servidor público”, afirmou. “O nosso capital mais importante é o capital humano e é esse que nós estamos homenageando hoje”, concluiu.
O pró-reitor de Pessoal, professor Alexandre Brasil, agradeceu o empenho dos 15 servidores. “É um prazer enorme poder organizar essa cerimônia. Eu queria dizer obrigado em nome da Universidade Federal do Rio de Janeiro pelo tempo que vocês dedicaram, pelo trabalho que vocês fizeram e ainda fazem por essa universidade, pelo serviço público e, acima de tudo, pelo Brasil”, afirmou.
ADILMO MOTA DE ANDRADE
Carpinteiro do CCS
CELUTA SALES ALVIANO
Docente do Instituto de Microbiologia
DÉIA MARIA FERREIRA
Docente do Instituto de Biologia
IVAN DA SILVA HIDALGO
Secretário-Geral do Conselho Universitário
LAÉRCIO DE NONNO FILHO
Arquivista da Escola de Comunicação
LUIZ ANTONIO D’AVILA
Docente da Escola de Química
PAULO MARTINS SCARDINO
Aux. em Administração da FM
PAULO PINTO DA ROCHA
Farmacêutico do HUCFF
PEDRO MANOEL DA SILVEIRA
Analista de TI do NCE
RICARDO MOREIRA CHALOUB
Docente do Instituto de Química
ROMILDO MARIANO
Assistente em Administração da FAU
RONALDO FERREIRA
Técnico em TI da pró-reitoria de Planejamento
SEBASTIÃO “PELÉ” VICENTE
Recepcionista da Faculdade de Letras
- Os técnicos-administrativos Júlio Santos de Oliveira (PR-4) e Luiz Carlos Vieira (Museu Nacional) não puderam comparecer ao evento.