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bandeira adufrjDiretoria da AdUFRJ

Nas próximas semanas, estaríamos nos preparando para concluir o ano de 2020. Uma parte dele com certeza se extinguirá, e não deixará saudades. Mas, para muitos de nós, ele apenas começa, com o início oficial de 2020.1 marcado para segunda-feira, 30 de novembro. Até o fechamento desta edição, o Siga não estava numa situação muito amigável. Segundo explicações oficiais, a sobrecarga de lançamento de notas e inscrição em disciplinas feitas simultaneamente e em tão curto espaço de tempo estariam causando as dificuldades. Vamos ver o que ocorrerá durante a próxima semana. Muito além do Siga, no entanto, estão os acontecimentos de domingo, com o segundo turno das eleições municipais. Podemos confirmar um quadro mais otimista para 2021 caso as principais batalhas sejam vencidas por candidatos do campo progressista e de esquerda.
Mesmo assim, as perspectivas para o que virá ainda são as mais sombrias: o corte no orçamento das universidades, a devastação no CNPq e na Capes, as nomeações de reitores sem legitimidade estão aí a nos desafiar. Mal tivemos tempo para comemorar a derrota de Trump nas eleições dos EUA. Em 19 de novembro, véspera do Dia da Consciência Negra, a morte por espancamento de Beto Freitas no Carrefour de Porto Alegre trouxe um doloroso dèjá vu, que se repete em nosso cotidiano de violenta exclusão e de racismo impune. É a face mais hedionda de um racismo estrutural, que é capaz de sustentar uma história que ofende os fatos que se apresentam de forma incontornável, e permite que os ocupantes do Planalto avancem com desfaçatez sobre a sociedade afirmando que ele, o racismo, não existe no Brasil. A pergunta que merece ser feita é a de assombro em relação ao modo quase pacífico de nossas instituições atravessarem essa tormenta. Sim, há aqui e ali alguma resistência, algum ganho.
É verdade que avançamos, o gabinete do ódio perde espaço, os antídotos vão se espalhando e as fakenews vão sendo um pouco mais controladas. Também podemos nos agarrar à ideia de que, há alguns anos, a morte de Beto sequer seria notícia. E não lembraríamos de Amarildo Dias de Souza, Claudia Silva Ferreira, Winner Nascimento, Marcos Vinícius, Ágatha Félix, João Pedro, Miguel Otávio. Eles sequer teriam seus nomes reconhecidos e suas mortes não passariam de pequenas notas. A execução de Marielle Franco talvez tenha sido o maior erro de cálculo que já fizeram. Ela nos faz falta, e a impunidade de seus assassinos é a pedra que precisa ser removida de nossos caminhos. Mas apesar da impunidade, sem medo de enfrentar as mais adversas situações, um verdadeiro exército de Marielles se pôs em marcha. Há então alguma novidade no cenário. E também na UFRJ. Os docentes negros e negras se movimentam, se organizam. É uma ação inédita, que irá movimentar e desafiar as nossas estruturas. Portanto, tiremos desse quadro tão contraditório o alimento de nossas esperanças.

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