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editorialEis a questão. Notem, desde logo, que a pergunta não é “se” voltaremos às aulas. Já passamos desse ponto. A pandemia pode estender o regime de distanciamento social por meses a fio, talvez anos, e é simplesmente inconcebível que uma universidade digna do nome simplesmente opte por se abster de suas atividades didáticas. O que não quer dizer, de maneira alguma, que o caminho não esteja repleto de enormes percalços e desafios.
Verdade seja dita, diversas universidades mal interromperam suas aulas. Majoritariamente concentradas no setor privado e de qualidade duvidosa, tais instituições agiram pressionadas pela dependência de mensalidades e acabaram fazendo uma transição atabalhoada para o chamado ensino remoto. Algumas universidades públicas também reiniciaram as aulas remotamente em um curto período (destaque para as universidades estaduais paulistas), num afã que dividiu as opiniões. Há, no entanto, um conjunto substancial de universidades federais que estão com suas atividades didáticas quase inteiramente interrompidas desde a terceira semana de março. Isso não quer dizer que tais instituições estejam paradas, mas que houve uma clara decisão – tácita ou explícita – de restringir suas atividades à pesquisa e ao serviço à comunidade, principalmente aquelas que contam com hospitais.
Tão louvável o quanto isso seja, é preciso atentar para o “fator tempo”. Já se passaram 3 meses desde o início do isolamento, e o tripé fundamental da universidade brasileira – ensino, pesquisa e extensão – está mancando. Nós, funcionários públicos universitários, temos o dever de viabilizar a educação superior aos nossos alunos, presentes e futuros. Se o ensino presencial tradicional está impraticável, cabe a nós encontrar as melhores alternativas possíveis. Se existe precariedade no acesso à internet por parte dos discentes, cabe à comunidade universitária se organizar para que carências sejam mitigadas e requisitos de acesso sejam minimizados. Se existe dificuldade dos docentes com plataformas de ensino remoto, cabe a nós nos ajudarmos mutuamente, e dividirmos o fardo de maneira racional uns com os outros. Se, como é o caso da UFRJ, os cursos são infinitamente diferentes entre si e apresentam dezenas de desafios a uma mudança de paradigma, temos que flexibilizar currículos, grades horárias e provavelmente as próprias estruturas físicas da universidade (para cursos que, por exemplo, tenham um componente presencial absolutamente imprescindível).
Seria maravilhoso que uma vacina surgisse amanhã, e pudéssemos retornar a um certo limiar de “normalidade”. Mas isso não vai acontecer. Da mesma forma, muitos dos problemas associados ao ensino remoto, ou mesmo ao ensino híbrido, não se resolverão magicamente antes que possamos implementá-los. É claro que tudo que fizermos deve ser com solidariedade, com generosidade, com todos juntos. Mas deve ser feito.

Diretoria da AdUFRJ

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