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Elisa Monteiro
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Não há adversidade que tire o brilho da chegada dos calouros. A universidade se agita nos dias das matrículas. Centros Acadêmicos, Atléticas e o Diretório Central (DCE-Mário Prata) acampam nos arredores para recebê-los. Os novos rostos estampam as esperanças e as inseguranças em relação ao futuro. A ocasião é o primeiro contato de muitos jovens e suas famílias com o ensino superior.

Para o primeiro semestre de 2020, a UFRJ recebeu 4.962 novos estudantes. Foram 2.467 vagas da ampla concorrência e 2.495 destinadas às ações afirmativas. As matrículas dos cotistas foram realizadas nos dias 3 e 4. No dia 5, foi a vez dos demais estudantes.

A AdUFRJ ouviu dez estreantes de nove cursos sobre suas expectativas em relação à UFRJ e às carreiras escolhidas. A abordagem foi realizada no primeiro dia de matrículas com alunos autodeclarados afrodescendente e hipossuficientes. Alguns já fazem as contas de horas de sono a menos estudando. Ou, no transporte público para chegar à faculdade.

As notícias de vacas magras não passam despercebidas pela nova geração. Nem o atual desprestígio do conhecimento universitário. O sonho de fazer pesquisa é expresso mais de uma vez em tom de incerteza. “Nesse Brasil, não sei como fica”, diz a caloura Enaura Rangel.

Mesmo assim, o balanço geral é positivo com poucas opiniões sobre “os pontos fracos da universidade”. “Ainda não encontrei!”, encerra o assunto sorrindo, Alana Catarina, a futura assistente social, logo após finalizar sua matrícula.

 

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Adalto Lima
Enfermagem

O técnico em enfermagem deseja explorar as possibilidades da carreira acadêmica. “Pesquisa, docência”, planeja. A primeira impressão de onde
vai estudar foi positiva: “Não tem cheiro de hospital!”, brinca. A maior preocupação é o deslocamento. “No mínimo uma hora e meia para vir e uma hora e meia para voltar”.

 

Alana Catarina
Serviço Social

Formar-se bem para atuar como asssitente social é o sonho de Alana Catarina. “Espero que me identifique com o curso que escolhi”, diz. O curso noturno atende a outro desejo: conciliar trabalho e estudo. “Acredito que esse será o principal desafio para mim. Pontos fracos da UFRJ ainda não encontrei!”, acrescenta.

 

Gisella Alves
Direito

No espírito da gíria “sem tempo, irmão”, a futura advogada optou pela Faculdade Nacional de Direito mirando o mercado de trabalho. “Quero fazer concurso público o mais rápido possivel”, declara. Ex-aluna do Colégio Pedro II do Engenho de Dentro, ela teme dificuldades de “infraestrutura da educação pública”.

 

Enaura Rangel
Biofísica

Jovem com gosto pela área de saúde, Enaura Rangel conta que sonha em ser pesquisadora. “A gente fica ansiosa com o pós-faculdade, né?”, pondera a caloura. “O Brasil está desse jeito. sem investimento em educação. A tendência da governo é sucatear a universidade”, avalia a futura aluna de Biofísica.

 

João Marins e Daniele Chagas
Arquitetura e Urbanismo

Diretamente do curso técnico em edificações do Cefet, a dupla de amigos agora se prepara para ocupar a FAU. Ele destaca as políticas afirmativas da UFRJ. “As medidas de inclusão daqui são fortes”, avalia positivamente. Já Daniele cita a pesquisa da universidade como um dos fatores diferenciais em relação às demais instituições de ensino superior.

 

Gabriel Fonseca
Ciências Matemáticas e da Terra

O calouro do CCMN ingressa no curso visando uma chance para chegar à Ciência da Cumputação. O morador da Maré aponta como possível obstáculo para sua formação a falta de investimento público. “Talvez o curso não receba a verba que precisa para se manter. O governo não se preocupa com isso”.

 

Gabriel Cota
História

Embora a pesquisa tenha prestígio, o interesse de Grabriel Cota na História é “dar aula”. Ansioso, o universitário já conheceu e aprovou as instalações: “Combina muito com o curso!”. Para ele, o que deixou a desejar foi a recepção. “Tanto as informações como o acolhimento poderiam ser melhores”, acredita.

 

Alex Cícero
Engenharia da Computação

O reconhecimento do mercado de trabalho é a expectativa do futuro engenheiro da Escola Politécnica. “Eu decidi pela UFRJ porque ela é grande refrência na minha área”, justifica o calouro. Em sua visão, a maior dificuldade que enfrentará será a distância entre o Fundão e sua casa, em Realengo.

 

Beatriz Santana
Letras

“Só de dizer que entrei aqui, passei numa entrevista. O nome da UFRJ é muito forte”, diz. Como ponto fraco, elege a burocracia. “A gente já passa tanto sofrimento para ter direitos reconhecidos, a universidade poderia ser melhor”, critica. Como exemplos citou a comprovação de renda e a etapa de heteroidentificação.

 

Prefeitura lista melhorias

A Prefeitura Universitária informa como está se preparando para receber os novos e antigos alunos na universidade. Apesar dos cortes no orçamento, o prefeiro Marcos Maldonado listou uma série de melhorias no campus Fundão para o reinício das aulas. “Em primeiro lugar, a manutenção geral dos pontos de ônibus. Estão sendo todos limpos, com as telhas lavadas, pintados e em dia com a iluminação”, diz o prefeito.

O reforço na iluminação da Cidade Universitária, segundo Maldonado, faz parte de uma estratégia de segurança que reduziu em 60% o registro de ocorrências – desde o início de seu mandato, em julho passado. O posicionamento das patrulhas policiais também foi alterado: “Vamos ter uma viatura parada em cada um dos seguintes pontos: entre o CT e a Letras; entre o CCS e a Educação Física; e outro entre o CT e o CCMN. Fora as que vão ficar circulando”. A expectativa é de circulação de sete a oito viaturas, informou o prefeito da UFRJ.

Outra mudança considerada positiva foi a troca de empresa que presta o serviço de transporte universitário gratuito. “Diminuímos os intervalos e estamos atendendo com mais qualidade. Nós aumentamos a linha e a circulação está bem melhor”, afirma. “Os ônibus são melhores. Todos eles com ar-condicionado e contam com acessibilidade”, justifica Maldonado.

Segundo a Prefeitura Universitária, as sinalizações de trânsito e limpeza do campus foram reforçadas para este início de semestre letivo. Ele ainda informou sobre a manutenção de 850 aparelhos de ar-condicionado, que devem dar um refresco às unidades da UFRJ.

 

UFRJ: Nas alegrias e nas tristezas...

Cenário de filme, a Biblioteca da Faculdade Nacional de Direito é uma referência para a área. “Além de estudantes e professores da casa, temos demandas de outras instituições. Inclusive estrangeiras”, revela, orgulhosa, a chefe da Biblioteca Fátima Madruga.

O acervo conta com mais de cinquenta e cinco mil volumes, além de oferecer obras e documentos raros para pesquisa especializada. Mais de 80 mil usuários frequentaram a biblioteca somente em 2019. Dividida entre um salão de leitura de acervo e outra para estudo de material próprio, a biblioteca é um espaço especial que mescla tecnologia com aconchego. “Graças ao sistema eletrônico de segurança, os alunos podem trazer seu próprio material para estudo”, explica a bibliotecária.

No oitavo período, Luiza Mello se prepara para concurso público e para o exame da OAB, na biblioteca durante o recesso universitário. “Eu gosto muito daqui. Às vezes a gente vem só para ficar sentado nesse silêncio. É um lugar de muita paz. Durante as aulas, fica cheia”, relata.

A mesma unidade que tem uma biblioteca de referência internacional, sofre com a falta de estrutura. O teto do quarto andar desabou na madrugada do dia 11 de fevereiro. Trê salas de aula ficaram impossibilitadas para o uso. E permanecerão interditadas até que haja recursos para a reparação. A unidade aguarda auxílio financeiro da reitoria. De acordo com o diretor da FND, professor Carlos Bolonha, não haverá atraso no início das aulas. “As turmas serão transferidas para os dois auditórios”, informa o diretor.

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