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WhatsApp Image 2021 04 10 at 12.38.141“As cientistas são cientistas como se não fossem mães, e são mães como se não fossem cientistas”. Atravessadas pelo tema em comum, quatro mães docentes criaram um fórum para discussão estadual sobre equidade de gênero, parentalidade e diversidade na academia. Elas são integrantes dos GTs de suas universidades (UFRJ, Uerj, UFF e UFRRJ)  que possuem como pauta realizar estudos, ações e propostas que possam mitigar as desigualdades de gênero no ambiente universitário, além de pensar ações em conjunto no território fluminense.
“É importante fazer uma diferenciação, porque existem muitos coletivos de mulheres atuantes. A nossa diferença é uma política voltadas às instituições, estamos fazendo propostas efetivas e concretas em relação às mudanças das políticas institucionais”, explica Letícia de Oliveira, coordenadora do GT na UFF, criado em 2018, e organizadora do fórum. A professora é consultora externa do GT da UFRJ, auxiliando o grupo no estabelecimento de metas e articulação das propostas, e também parte do núcleo central do movimento Parent in Science, que centralizou o debate sobre maternidade na academia.
“Participamos de um movimento chamado Parent in Science e do primeiro Simpósio de Maternidade e Ciência, com uma palestra sobre estereótipos de gênero”, conta Letícia, que foi convidada pela UFF a compor um GT sobre o tema, vinculado à pró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. “Nosso GT é composto majoritariamente de docentes, além de duas estudantes e uma técnica”, completa. O GT da UFF conseguiu implementar ações pioneiras, como no edital PIBIC 2019, o primeiro a incluir políticas de parentalidade. Nessa ocasião, foi dada uma pontuação diferenciada para mães cientistas que pediram as bolsas.
Na UFRJ, a institucionalização do GT ainda não significou conquistas. “A UFRJ, nesse sentido, é muito conservadora, e está demorando a caminhar”, alega Gizele Martins, que assume a coordenação do GT Parentalidade e Equidade de Gênero da universidade. No final de janeiro, o grupo levou ao Conselho de Ensino de Graduação (CEG) um texto com as principais propostas assinado por mais de 120 docentes. “Teve bastante resistência, tanto quanto à forma de escrita quanto a algumas proposições”, relembra Gizele.
Os conselheiros do CEG encaminharam a votação para o Conselho Universitário, sob a alegação de que não seria a instância adequada para apreciar o tema. “Tudo o que propomos tem a ver com o ensino de graduação, e a negativa atrasou muito o processo. Isso foi em 27 de janeiro, e sabemos que o Consuni tem bastante demanda reprimida”, afirma Gizele. O texto será reapresentado no Consuni, ainda sem data definida.
Gizele fez uma proposta a três parceiras, Letícia de Oliveira, Waleska Aureliano e Rubia Wegner, para uma união entre os GTs fluminenses. “Eu propus nessa reunião um Fórum Estadual, em que chamássemos grupos de outras universidade para debater essa pauta de equidade de gênero e parentalidade. Isso está muito em alta, a pandemia revelou isso de maneira muito cruel”, explica. O fórum pretende realizar reuniões mensais, sempre com o intuito de integrar as instituições, e aprender umas com as outras. “Trazer conquistas efetivas, produtos que sejam usufruídos pelo corpo social da universidade”, diz a docente.
MATERNIDADE NO LATTES
A partir do dia 15 de abril, o Currículo Lattes terá um campo específico para indicar a data de nascimento e de adoção de filhos, conforme divulgou o CNPq nesta semana. A informação será facultativa e sigilosa, e estará disponível apenas para os avaliadores internos do CNPq. A conquista é fruto da campanha do Parent in Science, que desde 2018 pauta o tema “Maternidade no Lattes”. “O Parent in Science mostrou que há uma queda na produtividade científica depois que você tem filho, o que é esperado até pela licença-maternidade” explica Letícia de Oliveira, do núcleo central do movimento, formado por ela e outras sete mulheres. “A gente quer incluir a maternidade na Ciência. Entendemos que a maternidade não é um problema. É uma função social prevista na Constituição. O problema é a falta de apoio”, alega a docente.
A professora Christine Ruta, diretora da AdUFRJ, espera que o pequeno espaço cedido pelo CNPq seja um grande passo para a inclusão de mais meninas e mulheres na Ciência. “Até hoje, no Brasil e no mundo, centenas de mulheres desistem de suas carreiras científicas devido às dificuldade em manterem seus currículos produtivos durante os períodos de maternidade”, reflete Christine.

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