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Começamos a semana numa grande carreata, que partiu do Centro e terminou no Parque Madureira. Nas ruas, vimos que Bolsonaro, embora conte com algum apoio popular, já não tem mais a mesma sustentação do início de seu governo. E, de forma muito marcada, eram as mulheres, na maioria das vezes, que demonstravam apoio e nos incentivavam a seguir. Esse quadro não é uma novidade, está demonstrado nas últimas pesquisas, e é preciso que ele se intensifique e nos garanta as condições para deter a máquina de destruição nacional que ele pôs em funcionamento.

A semana ainda não acabou, e já alcançamos a marca de 250 mil mortos nessa pandemia. Ostentamos o título de país com a pior resposta governamental do planeta, com as diversas variantes do vírus à solta. Faltam testagens, vacinas, leitos e vergonha na cara de nossos dirigentes. Para piorar, numa canetada, Bolsonaro quer jogar mais de um milhão de servidores públicos num sistema previdenciário que já está sobrecarregado e vem sendo sucateado nos últimos anos (veja a análise detalhada do decreto na página 3). Não seremos só nós a sofrer com essa mudança, mas todos os usuários do INSS.

A eleição de “aliados” na presidência do Senado e da Câmara deu novo fôlego a esse governo patrioteiro de meia pataca, que põe o Brasil à venda a preço de banana, comprometido sempre com as piores práticas políticas, sejam elas autoritárias ou corruptas. O quadro político se agravou, o STF esboçou alguma reação, mas a militarização do governo continua avançando, assim como o crescente aparelhamento das instituições e dos órgãos do governo.

O habitat natural dos que prezam e defendem a democracia é nas ruas, na vida que pulsa na cidade, na sua intensa diversidade de cores e formas. E delas estamos apartados pela pandemia. Com instrumentos restritos, temos dado respostas muito tímidas e ainda insuficientes para impedir a deterioração das condições de vida, principalmente dos mais vulneráveis. Mesmo assim, vamos terminando a semana com a possibilidade real de derrotar a PEC da chantagem, onde o governo tentou barganhar a manutenção do auxílio emergencial (o nome já fala sobre sua natureza transitória) em troca de uma violação permanente de nossa Constituição, que garante o mínimo de investimento do Estado nas áreas da Saúde e da Educação.

Os caminhos a serem percorridos não são simples. É urgente trazermos todos que estejam comprometidos com a integridade dos princípios democráticos e dos dispositivos de proteção social da Constituição brasileira. Na terça-feira (23), a partir de uma iniciativa do Observatório do Conhecimento, reunimos cinco economistas de diferentes matrizes teóricas para discutir o financiamento das universidades públicas. Nessa edição fizemos um resumo do evento (página 4). As reações ao debate demonstram o caminho a seguir, mas também os limites e entraves que precisamos ultrapassar. Se por um lado conseguimos traduzir uma preocupação comum com a universidade e o financiamento público da pesquisa, por outro o debate demonstrou o quanto o ar está carregado e o diálogo avança com dificuldade. Depois da breve polêmica protagonizada por Monica de Bolle e Armínio Fraga, e a repercussão desse embate, principalmente no Twitter, concluiremos esse editorial com o convite da Laura Carvalho: “... o debate entrou em temas muito relevantes. Não deixemos que 40 segundos apaguem o conteúdo, incluindo diversos consensos”. Está mais do que na hora de conseguirmos construir consensos mínimos para que possamos nos salvar enquanto nação, sociedade, povo, civilização, seja o nome que se queira dar. É disso que estamos falando.

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