O Museu não foi atingido pelas chamas – que destruíram parte do oitavo andar – mas fica na área interditada do prédio, ainda sem energia e água. As peças, algumas do século XV, ficam na escuridão.
“Esse museu recebia muitas visitas do corpo discente e é um espaço de pesquisa. Recebíamos pesquisadores de diversos países”, lamenta Andrea Balduino, funcionária do local. “Hoje, não podemos receber os pesquisadores nem agendar visitas. Foi um dos prejuízos do incêndio”, completou.
O medo de uma nova tragédia também faz parte do cotidiano de quem trabalha no espaço. “Uma das nossas prioridades é tirar o museu daqui do sétimo andar. Se houver um incêndio, perdemos tudo, porque não tem por onde sair”, disse Marize Malta, coordenadora do setor de memória e patrimônio do Museu D. João VI.
Marize e os demais funcionários do espaço cumprem uma rotina diária de cuidados com o museu. Eles se deslocam até o sétimo andar para abrir as janelas e arejar as salas, garantir a conservação e preservação das obras e manter os projetos de catalogação e restauração de diferentes itens com o apoio de estudantes da EBA. Graças a uma ligação elétrica feita a partir do quarto andar, o Museu consegue sustentar o funcionamento de alguns computadores e ventiladores. Mas, em dias quentes, não há como evitar o mal-estar das pessoas. Por falta de espaço, muitas peças estão espalhadas sobre as mesas das salas de trabalho dos funcionários.
O Museu existe para contar a história do ensino da arte no Brasil. Reúne um acervo repleto de pinturas, esculturas, gravuras e outros trabalhos de grandes mestres como Pedro Américo, Grandjean de Montigny e Cândido Portinari.
Parte integrante do acervo de esculturas, uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, de autoria desconhecida, já sobreviveu a dois incêndios: o primeiro, quando estava na capela do Palácio Universitário, em 2011, na Praia Vermelha, e o segundo, no prédio da reitoria, de 2016.
REITORIA
A Reitoria da UFRJ promete empenho na recuperação dos andares atingidos pelo incêndio. Mas não deu previsão para o retorno do funcionamento normal do Museu. Além disso, informou que há projeto para a construção de um prédio, ao lado do atual, que receberia a EBA – hoje dispersa pelo Fundão – e seu Museu. A estimativa de investimento é de R$ 35 milhões, verba que a universidade não tem.