Accessibility Tools
A Diretoria da AdUFRJ manifesta seu repúdio pela nomeação de Letícia Dornelles para a presidência da Fundação Casa de Rui Barbosa. Tal indicação, segundo a imprensa, partiu do deputado e pastor Marcos Feliciano e contraria a decisão do corpo social da instituição, que escolheu uma servidora de carreira, com 30 anos de dedicação à Casa. Veja a íntegra da nota.
"A comunidade acadêmica foi surpreendida pela nomeação de Letícia Dornelles para ocupar o cargo de presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa. A entrevista com a nomeada, publicada neste domingo (27 de outubro) num jornal de grande circulação nacional, dá a exata dimensão do risco que a instituição corre. Guardiã de um importante acervo, de enorme relevância para a memória do país, a Fundação sempre contou entre seus diversos presidentes, com nomes que, em primeiro lugar, se destacavam por uma vida dedicada aos livros, aos estudos e de sólida formação acadêmica. Além do cuidado com seus acervos, a FCRB é reconhecida por produzir e incentivar os estudos filológicos, literários, de história cultural e de ciência política. A equipe de pesquisadores da instituição se dedica também à produção de conhecimento nas áreas de patrimônio documental e arquitetônico, abrangendo museologia, preservação arquitetônica, preservação e conservação de documentos e ciência da informação, incluindo arquivologia e biblioteconomia.
O descaso com a produção acadêmica e científica brasileira vem alcançando patamares inaceitáveis. Fruto de uma política de desrespeito sistemático à competência técnica para gerir órgãos de controle ambiental, em poucos meses, temos visto desastres naturais de grandes proporções, provocados pela ambição desmedida e pela ausência de qualquer monitoramento eficiente dos órgãos competentes, impondo perdas irrecuperáveis ao nosso vasto patrimônio ecológico. Não podemos permitir que a mesma irresponsabilidade continue a prosperar, devastando nosso patrimônio artístico-cultural. Se a proposta é popularizar o espaço, dar mais visibilidade e aproximá-lo da população, a pessoa indicada, ao invés da presidência poderia, quem sabe, dar sua contribuição numa assessoria de comunicação, mas jamais assumir a responsabilidade de conduzir uma instituição com o grau de complexidade que esta exige.
A ADUFRJ repudia de forma veemente a instrumentalização político-ideológica que estão sofrendo as instituições brasileiras, em particular as instituições de ensino e pesquisa, cuja comunidade vem sendo emudecida nos processos de escolha de seus dirigentes. Trata-se de grave ruptura institucional, que viola princípios básicos de respeitabilidade e convivência democrática entre as instituições, e que se aprofunda a cada nomeação intempestiva e despropositada.
Por isso, nos dirigimos à sociedade, conclamando a todos para que possamos dar forma clara e justa ao nosso descontentamento. Queremos que este seja não apenas um grito de alerta, mas sim um gesto forte o suficiente para que possamos dar um basta ao desmonte e à destruição das instituições e da pesquisa no Brasil.
Associação de Docentes da UFRJ, 27 de outubro de 2019"
Com profundo pesar, informamos o falecimento do professor Wanderley Guilherme dos Santos, um dos mais brilhantes cientistas políticos brasileiros. Fundador do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (Iuperj, atual Iesp-Uerj), Wanderley era aposentado da UFRJ, onde deu aula de democracia e teoria política por mais de duas décadas. Formado pela UFRJ em 1958, o docente dedicou a vida aos estudos sobre os regimes militares na América Latina, os impasses da democracia na região e a formação dos movimentos sociais. Em 2018, colaborou com o Jornal da AdUFRJ com uma vigorosa análise do processo eleitoral e ministrou aula em curso organizado pelo sindicato. Flamenguista entusiasmado, ele havia acabado de escrever um livro sobre a eleição de Bolsonaro. A obra deve ser publicada nos próximos meses.
Wanderley faleceu na madrugada de sábado, no Rio de Janeiro, aos 84 anos, em decorrência de uma pneumonia.
Wanderley Guilherme dos Santos - Foto: Fernando Souza/Arquivo Adufrj
Foto: Mídia NinjaJovens e trabalhadores no Chile se revoltam contra um aumento de passagem e ocupam as ruas até que o reajuste seja revogado. Duas semanas antes, povos indígenas e funcionários públicos fizeram o mesmo no Equador e um decreto que aumentava o preço dos combustíveis foi suspenso. O que podemos aprender com os povos chileno e equatoriano?
Em comum com eles, temos a nova onda neoliberal que atinge toda a região. O Chile foi o laboratório de um neoliberalismo radical muito parecido com o projeto do Ministro da Economia Paulo Guedes. O desmonte da previdência pública é um exemplo, uma espécie de “eu sou você amanhã”. Embora tenhamos conseguido afastar o fantasma da capitalização irrestrita, alguns de seus efeitos serão tão perversos quanto o brutal empobrecimento da população idosa no Chile, onde 91% da população aposentada recebe em média 200 dólares por mês. A privatização da educação chilena, apesar da decisão do congresso nacional de reestabelecer a gratuidade em janeiro de 2018, é um dos modelos do Future-se. Já o Equador tem a economia dolarizada e totalmente dependente dos EUA, exatamente como quer Bolsonaro.
Outro tema que nos aproxima é o autoritarismo. Se nos anos 1980 o neoliberalismo foi hegemônico em meio aos processos de redemocratização, agora seu domínio se dá apoiado em uma profunda regressão democrática na América do Sul. O impeachment de 2016 no Brasil foi o ponto alto de um processo que começou no Paraguai em 2012 com a deposição de Fernando Lugo. Não por acaso, tanto Sebastián Piñera, no Chile, quanto Lenín Moreno, no Equador, decretaram Estado de Sítio e toque de recolher na tentativa de derrotar as mobilizações. Ambos fracassaram, mas a retórica de guerra é bastante semelhante àquela usada pelo bolsonarismo no Brasil.
As imagens que nos chegam impressionam pela força de jovens, mulheres e indígenas liderando a resistência ao neoliberalismo autoritário, pintando as ruas de diversidade e cobrando das instituições que não atendam apenas aos mais ricos. Tal grau de radicalização ainda não emergiu no Brasil, muito embora contemos com essa mesma diversidade e estejamos sob ameaça do mesmo autoritarismo. Isso não quer dizer, de forma alguma, que a sociedade brasileira não reagiu: sobretudo nos atos do movimento da educação, houve grande mobilização nas ruas e recuo (ainda que tímido) do governo. Mas o importante é que os ventos da América do Sul estejam soprando, ainda que em velocidades diferentes. Se aproveitarmos bem esse impulso eólico, podemos recuperar e refazer nosso futuro.
Atenção, professores! A AdUFRJ promove reunião sobre a questão da progressão múltipla na carreira docente na terça-feira, às 17h, na sala 133 do Instituto de Economia, no campus da Praia Vermelha.

Foto: Fernando SouzaA UFRJ abriu com chave de ouro sua Semana de Integração Acadêmica, Artística e Cultural (Siac). Até o dia 27 de outubro serão apresentados 6.655 trabalhos de mais de 30 mil autores: um aumento de 18% nos trabalhos de pesquisa e de 12% nos de extensão. A mesa “Mulheres na Ciência” foi o pontapé inicial e debateu a atuação feminina na produção do conhecimento. As professoras Giovanna Xavier, Dani Balbi e Fernanda Cruz falaram sobre suas trajetórias acadêmicas até se firmarem enquanto pesquisadoras na maior universidade federal do país.