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WhatsApp Image 2024 07 08 at 15.11.03 6Fotos: Kelvin MeloNos primeiros seis meses de 2024, os sistemas ou sites da UFRJ ficaram fora do ar ou mais lentos pelo menos nove vezes. Mas, para além dos episódios de queda dos sistemas que irritam a comunidade acadêmica, uma informação surpreendente acompanhou o último comunicado da superintendência geral de Tecnologia da Informação e Comunicação (SGTIC): a universidade não possui contratos de manutenção dos seus bancos de dados, nobreak e gerador.
Um absurdo que não é de hoje. “Desde que a gestão é da SGTIC, esta universidade nunca fez contrato de manutenção continuada desses equipamentos”, afirmou a superintendente geral da área, Ana Maria Ribeiro, à reportagem. A superintendência foi criada em 2011.
Ainda no ano passado, quando identificou a situação — a atual gestão da reitoria assumiu em julho de 2023 —, Ana Maria solicitou a abertura de processos para a contratação dos três serviços de manutenção. A tramitação, no entanto, estava lenta. “Não tinha dinheiro. Não estava na prioridade”. Uma percepção que mudou nos últimos tempos. “Agora todo mundo entende por que é importante ter o contrato. Todos os nossos processos estão sendo encaminhados”, completou. Mas ainda não há previsão para a contratação.
A fonte do levantamento das vezes que a internet da UFRJ deu problema é o próprio Instagram da SGTIC. Falta de energia no campus, parada por manutenção, instabilidade da rede elétrica e até mesmo um ataque à segurança são as causas apontadas.
Quando há um contratempo mais grave, a solução é buscar socorro fora. “Quando o problema é predial, buscamos apoio da Prefeitura e do ETU (Escritório Técnico da Universidade)”, disse a superintendente. A ajuda de unidades que têm contrato com empresas de manutenção de equipamentos também tem sido bem-vinda.
No último incidente, o Sistema Eletrônico de Informações (SEI) e o Sistema de Gerenciamento Acadêmico (Siga) não funcionaram de quinta (27 de junho) até segunda (1º de julho). Houve uma falha no equipamento que liga a máquina onde ficam armazenados todos os dados da universidade (storage) e os servidores, que processam essas informações. A SGTIC ainda investiga o que houve, mas suspeita de um problema elétrico.
Não por acaso, desde o fim do ano passado, a superintendência também solicitou um laudo da parte elétrica do prédio ao Escritório Técnico da Universidade. “A gente comprou oito aparelhos de ar-condicionado e descobriu que só podia instalar seis, porque o eletricista nos disse que não havia carga suficiente para colocar mais dois”, afirmou Ana Maria.
Com a informatização crescente da universidade, qualquer queda do sistema prejudica professores, técnicos e alunos. Até mesmo no dia a dia das aulas. “O SIGA permite o contato com a turma, para envio de avisos ou de materiais de estudo”, afirma a vice-presidenta da AdUFRJ, professora Nedir do Espirito Santo.
Além disso, o SIGA funciona como um instrumento de recorrente consulta de dados dos cursos e dos alunos para os docentes se planejarem. “É muito importante ter um sistema estável que ajude as atividades acadêmicas”, completa Nedir.
A reitoria tenta todas as alternativas para melhorar a infraestrutura da internet, incluindo a recente proposta para o edital Proinfra, da Finep. “A ideia é poder atualizar os equipamentos que estão obsoletos, atualização do cabeamento de fibra óptica e instalação de mais pontos de rede wi-fi para expandir a rede Eduroam (serviço mundial de internet), uma rede mais segura para os alunos e docentes. Também tem uma parte para melhoria em equipamentos de Data Center”, disse Tiago Miranda, substituto eventual da superintendente. A Finep rejeitou a proposição da UFRJ, mas haverá recurso (leia mais nas páginas 4 e 5).

SEM ESPAÇO
A SGTIC não possui espaço próprio desde o incêndio no antigo prédio da reitoria, em 2016. Conforme o Jornal da AdUFRJ noticiou, em janeiro deste ano, a superintendência ocupa de forma improvisada três salas no Instituto Tércio Pacitti de Aplicações e Pesquisas Computacionais (antigo Núcleo de Computação Eletrônica) e contêineres — que acumulam mofo e têm parte do piso afundado — na entrada do edifício Jorge Machado Moreira. Sem espaço, a maior parte dos funcionários atua em teletrabalho parcial ou integral.
A longo prazo, o projeto é ter uma sede própria no Fundão e em Macaé. “Estamos com toda a base de dados em um espaço sobre o qual não temos gestão”, justifica a superintendente. Hoje, o datacenter fica dentro do Instituto Tércio Pacitti, embrião da SGTIC.
Foram oferecidas duas opções para acomodar todo o maquinário e pessoal: um espaço na antiga BioRio e uma parte do prédio que hoje abriga a reitoria, no Parque Tecnológico. Porém, a superintendência avaliou que as instalações não seriam adequadas ao trabalho das equipes.
O projeto da chamada Arena Digital, que ficaria localizada próxima ao Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (Ladetec), é o sonho de longo prazo da SGTIC. No primeiro pavimento, seriam instalados o datacenter e laboratórios que, com agendamento, poderiam ser utilizados por professores e alunos. O segundo pavimento seria a área de trabalho das equipes.

MAIS DIÁLOGO
Para além do investimento — que é necessário —, uma estrutura como a SGTIC deve ampliar o diálogo com as unidades, avaliam os “vizinhos” do Instituto Tércio Pacitti. “É essencial para a TIC ter comunicação com os entes que formam a universidade”, afirma Henrique Serdeira, que dirigiu a unidade de 2016 a 2021. “É a vontade de comunicar e perceber quais são os seus problemas, quais são os meus e como que a gente vai resolver o problema geral”.
A diretora atual, Angélica Dias, concorda. “A gente precisa ouvir as partes, todas as unidades, suas demandas. Isso facilita muito a criação da governança da informação dentro da universidade, que é gigante. É preciso enxergar as particularidades de cada unidade”, diz. “Noto que a superintendência tem um olhar voltado para isso. A gente vê que há um desejo muito grande, mas o orçamento inviabiliza”, completa.
A própria SGTIC, no relatório dos cem dias de gestão, apontou a necessidade de aumentar esse diálogo. O trabalho já começou. “Nós mandamos e-mail para todos os decanos, nos colocando à disposição para explicar o que está acontecendo com a TI da UFRJ”. Já houve apresentações no CFCH, CCJE, CCS e em Macaé.

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