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WhatsApp Image 2022 06 15 at 20.44.27Tem sido um período difícil para a vida universitária e para a UFRJ em particular, mas nada pior que a perda de um colega e amigo de forma súbita, sem aviso. Um amigo que, durante sua carreira, representou a mente e o espírito acadêmicos como poucos. Na última sexta-feira, 10 de junho, o professor Eduardo Arcoverde de Mattos (foto) nos deixou.
Suas palavras e pensamentos sempre foram doces, mas questionadores, entremeados de trocadilhos e piadas. Sentia-se satisfeito quando percebia um rosto de interrogação: sua missão como formador e pensador estava sendo cumprida. Frequentemente, perguntava sobre o “arcabouço teórico-conceitual” (em suas palavras), desafiando alunos e colegas a situar suas pesquisas, atividades de ensino ou extensão em um contexto maior, para entender as implicações e qual conhecimento era gerado. Era conhecido também por seus apartes em falas dos colegas, para complementar o assunto, sempre pertinentes, embora raramente breves.
Sua linha de pesquisa principal e paixão sempre foi a Ecofisiologia Vegetal, desde sua iniciação científica no Departamento de Ecologia da UFRJ, com o professor Sérgio Tadeu Meirelles, ao mestrado e doutorado na UFSCar com o professor José Antonio Proença Vieira de Moraes, e pós-doutorado na Unicamp. A primeira contratação foi como professsor do Departamento de Ecologia da USP em 1997, que deixou em 1999 para ingressar na UFRJ, no Laboratório de Ecologia Vegetal, onde atuou desde então. Afastou-se apenas para um pós-doutorado na Universitat de les Illes Balears, na Espanha, em 2008. Em suas publicações científicas, fica clara a interação e parceria com outros pesquisadores com destaque na Ecofisiologia e Ecologia Vegetal, nacionais e internacionais.
A Ecofisiologia da fotossíntese, germinação de sementes, e funcionamento de plantas de forma geral foi usado como elemento-chave em contribuições ao conhecimento de outras áreas centrais da Ecologia, como na compreensão de padrões de diversidade de espécies e funções, consequências de estresse para o funcionamento e aptidão, incluindo fixação e estoques de carbono em ecossistemas. Sempre atuou no Programa de Pós-Graduação em Ecologia da UFRJ, que coordenou de 2011 a 2014, deixando sua marca em disciplinas como Delineamento Experimental, mas também em Ecologia Vegetal e Metodologia Científica na graduação.
Nos últimos anos, aderiu ao Projeto Capim Limão, uma iniciativa de extensão em Agroecologia de alunos dos cursos de graduação do Instituto de Biologia, que coordenou formalmente como um projeto de extensão da UFRJ a partir de 2018. Passou a pegar na enxada, pés e mãos na terra, mas sempre com o gosto pela discussão de ideias, e pela batalha intelectual que envolve o aprendizado. Partiu cedo. Sua falta é dolorosa e difícil para todos nós.

Marcus Vinícius Vieira
Professor do Instituto de Biologia

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