Renan Fernandes
O já castigado prédio do Largo de São Francisco voltou a ser cenário de mais um problema da combalida infraestrutura da UFRJ. Na última terça-feira, 19, o rompimento de uma tubulação inundou salas de aula e o Salão Nobre do prédio, além de causar infiltrações nos banheiros. Alunos do IFCS e do Instituto de História ficaram sem aulas na quinta e na sexta-feiras para os reparos emergenciais.
Ainda na quinta, 21, o restaurante universitário do térreo, que atende todas as unidades do Centro, também não funcionou por falta de água durante o conserto do encanamento. As atividades acadêmicas na unidade voltam ao normal na próxima segunda-feira, 25.
“Existem muitos problemas de infraestrutura que precisam ser resolvidos. Conhecemos quase todos os gatilhos que estão armados e sabemos que vão estourar a qualquer momento, mas não conseguimos reparar preventivamente”, disse o professor Fernando Santoro, diretor do IFCS.
As direções do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais e do Instituto de História lançaram um manifesto sobre a situação do imóvel. O documento solicita que uma fração do orçamento universitário seja dedicada à manutenção emergencial dos prédios históricos da UFRJ. Também reivindica a criação de um escritório permanente da Coordenação de Preservação em Imóveis Tombados (Coprit). O prédio do IFCS é tombado.
Estudo divulgado pelo Escritório Técnico da Universidade estimou o custo de reforma das instalações hidráulicas e de esgoto em R$ 1.005.263,97, (em valores de agosto de 2023). Já a reforma total do prédio está avaliada em R$ 40 milhões.
“Cada vez que as reformas estruturais do prédio são adiadas surgem outros prejuízos e gastos que, somados, são maiores que os valores dessas reformas. A reforma é um gasto, mas é sobretudo um investimento no patrimônio”, concluiu Santoro.
Presidenta da AdUFRJ e professora do Departamento de Ciência Política, Mayra Goulart expressou a tristeza por ter o trabalho interrompido reiteradamente. “É deprimente para um professor da UFRJ, eleita a terceira melhor universidade da América Latina, não poder fazer seu trabalho porque não tem água no prédio. O IFCS é um espaço de tradição e excelência reconhecido internacionalmente em pesquisas na área de Ciências Sociais. Essa situação é um desrespeito à sua história e legado”.
A vice-reitora Cássia Turci informou o que a administração central está se desdobrando para retomar a normalidade no IFCS-IH, mas que as restrições orçamentárias da UFRJ são muito graves. “Enviamos uma equipe para fazer o conserto do barbará que se rompeu, mas existem outros dez no prédio que precisam de manutenção. Estamos esperando orçamento para fazer também esses dez e a cisterna”, disse. “Estamos trabalhando na licitação de um contrato de manutenção para toda a UFRJ que deve entrar em vigor no início de 2025. Embora muitas ações sejam corretivas no início, a ideia é que, com o tempo, passem a ser preventivas”, completou.
(Renan Fernandes)