Nóbrega, que é professor do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes, e o secretário-geral da FUJB, o professor emérito Ricardo Medronho, da Escola de Química, assumiram a fundação em janeiro deste ano, nomeados pelo Consuni. Em três meses de trabalho, eles constataram que era preciso alterar os métodos de administração e, sobretudo, as formas de captação de projetos da entidade. Decidiram então contratar a auditoria, que detectou, entre outros problemas, a morosidade dos procedimentos administrativos, a reduzida captação de recursos em novos projetos e, o mais grave, o acúmulo de mais de uma década de passivos operacionais.
“Esse longo período de deficit de caixa vem reduzindo as reservas da fundação, colocando em risco a sua viabilidade financeira”, relatou o presidente. Entre as medidas adotadas pelos dirigentes diante do diagnóstico apontado pela auditoria estão a contratação de três gestores profissionais para a fundação e a decisão de abrir uma nova sede da FUJB no campus do Fundão — o espaço já foi cedido pela reitoria, nas instalações da antiga Bio Rio, e a entidade agora busca parcerias com empresas para viabilizar as obras.
CAPTAÇÃO
Primeira fundação de apoio a instituições de ensino superior no país — foi criada em dezembro de 1975 e serviu de “laboratório” a várias outras que surgiram posteriormente —, a FUJB tem sua sede no campus Praia Vermelha. A criação de uma sede no campus do Fundão, acredita o professor Nóbrega, tende a aproximar a fundação de centros da UFRJ que são prósperos em projetos, como o CCS, o CT e o CCMN.
A nova sede faz parte do que os dirigentes chamam de “Nova FUJB”. Assim como a contratação do advogado Paulo Haus Martins como diretor jurídico, do engenheiro Guilherme Lessa Bastos como diretor-executivo, e da advogada Lilian Turon como diretora administrativa. “Estamos recebendo retorno de vários responsáveis por projetos constatando a melhoria dos processos internos”, disse Alberto Nóbrega.
Na área de captação de projetos, o principal problema apontado pela auditoria, o presidente da FUJB fez uma proposta que gerou intenso debate entre os conselheiros. Ele apresentou dados comparativos da fundação e da Coppetec. Enquanto a fundação criada em março de 1993 a partir de um departamento da Coppe captou um total de R$ 277,8 milhões em projetos de fevereiro de 2023 a maio deste ano, a FUJB captou apenas R$ 19,3 milhões. Em termos percentuais, a Coppetec ficou com 93% dos recursos de projetos da UFRJ no período. A FUJB, apenas 7%.
De acordo com os dados apresentados, uma parte significativa dos recursos obtidos pela Coppetec (R$ 77 milhões) vem de projetos não relacionados à Coppe. “Nossa proposta é que este Conselho defina que os projetos não relacionados à Coppe passem a ser direcionados à FUJB. E que a Coppetec permaneça com os projetos relacionados à Coppe. Essa proposta pode assegurar a viabilidade financeira da FUJB como fundação de apoio da UFRJ. Essa é uma situação institucional que precisa ser equacionada e resolvida. A permanecer esse status quo, em curto prazo a FUJB não será mais financeiramente viável e terá sua existência ameaçada”, apontou o presidente da entidade.
Alguns conselheiros, apesar de enaltecerem o esforço dos dirigentes da FUJB em buscar uma solução para o problema financeiro da fundação, criticaram a proposta, sob os argumentos de que os pesquisadores têm que preservar a liberdade de escolha para a gestão de seus projetos, e de que o Consuni não pode fazer isso “por decreto”.
“Não acho que é através de decreto que a gente vai resolver isso. Acho que é com um bom projeto de divulgação da fundação, mostrando resultados, que se pode mudar a visão que a FUJB tem dentro e fora da universidade, inclusive junto a empresas que são nossas parceiras, como a Petrobras. Há empresas que não aceitam ter seus projetos na FUJB. E se nós tentarmos fazer isso por decreto há empresas que não vão querer assinar. Temos que mostrar que a FUJB mudou”, pontuou a pró-reitora de Graduação, professora Maria Fernanda Quintela.
Já o decano do CCMN, professor Josefino Cabral, convidou os conselheiros a refletirem sobre a atual conjuntura da FUJB. “Teoricamente, sim, o pesquisador deve ter a liberdade de escolher qual fundação vai usar. Mas, na prática, será que nós podemos apenas esperar a FUJB mostrar resultados para cativar novos pesquisadores? Se não fizermos nada, nós não estaremos matando a FUJB? Esse é o ponto a se pensar”, ponderou Cabral.
Alberto Nóbrega lembrou que há precedentes na UFRJ em decisões “por decreto”. “Vou me permitir divergir de meus colegas a respeito de resolver por decreto. Quero lembrar que o nosso saudoso reitor Aloísio Teixeira determinou que os projetos de óleo e gás fossem para a Coppetec. Então há coisas que acontecem por decreto. Temos que separar a teoria da prática. Que o conselho se debruce sobre esse problema e a gente possa construir uma solução de consenso institucional para viabilizar a FUJB”, disse Nóbrega.
Certamente a FUJB voltará à pauta do Consuni em sessões vindouras.
EMERÊNCIA
Na sessão de quinta-feira (10), o Consuni aprovou, por aclamação, a concessão do título de emérita à professora Eliana Barreto Bergter, titular aposentada do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes e chefe do Laboratório de Química Biológica de Microrganismos. A indicação da docente já fora referendada pela Congregação da unidade e pelo Conselho de Coordenação do CCS. Graduada em Química Industrial pela Universidade Federal de Sergipe (1969), Eliana tem mestrado (1973) e doutorado (1978) em Ciências (Microbiologia) pela UFRJ, e pós-doutorado pelo Plant Biotechnology Laboratory, do Canadá (1980). Eliana ingressou como docente na UFRJ em 1972 e, em 1998, foi aprovada como titular do Departamento de Microbiologia do IMPG.