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WhatsApp Image 2024 03 28 at 20.37.19 1Renan Fernandes

O Conselho de Extensão Universitária (CEU) promoveu mudanças no edital 2024 do Profaex (Programa Institucional de Fomento Único de Ações de Extensão). Na última sessão, os conselheiros aprovaram, por dez votos a sete, a extinção de duas modalidades de bolsas, nos valores de R$ 1.100 e R$ 1.400. O maior valor pago aos bolsistas de extensão será de R$ 700. A justificativa para a decisão foi promover a igualdade e aumentar o número de bolsas concedidas.
Houve uma primeira tentativa de excluir os estudantes de mestrado e doutorado do edital de bolsas de extensão. A Associação dos Pós-graduandos (APG) da UFRJ entrou na disputa e conseguiu reverter a decisão. O cancelamento das modalidades mais altas de bolsas atinge, em especial, estudantes de pós-graduação que, desde 2022, podem ocupar funções de vice-coordenação em ações de extensão.
Em nota, a associação criticou o que chamou de precarização do trabalho de pesquisa e extensão na universidade. A APG entende que o pós-graduando vive em uma condição híbrida de estudante e trabalhador. A entidade reforçou também que a presença de pós-graduandos nos projetos reforça o tripé pesquisa, ensino e extensão.
Gabriel Batista, estudante de mestrado na Faculdade Nacional de Direito e secretário-geral da APG, defendeu a valorização do estudante que assume funções nos projetos de extensão. “O aluno pode se envolver na extensão acumulando mais responsabilidades. Se ele trabalha mais, dedica mais tempo ao projeto, o trabalho dele deve ser valorizado financeiramente”, afirmou Gabriel.
Para manter o interesse dos estudantes em contribuir com o desenvolvimento de ações de extensão, Gabriel defende que os programas precisam ser minimamente competitivos com o mercado de trabalho. “As pessoas precisam sobreviver. O que vai acontecer é que os estudantes vão atrás de um estágio que paga o triplo do valor de uma bolsa e abandonar a extensão”, constatou o secretário.
“Ser extensionista não pode ser um ato de caridade. Extensão é trabalho. Tem que ser reconhecido e valorizado como tal”, concluiu Gabriel.
Para a pró-reitora de Extensão da UFRJ, Ivana Bentes, as políticas de extensão têm que buscar integrar e ampliar cada vez mais a participação dos pós-graduandos na extensão. “As bolsas com valores diferenciados eram um estímulo e reconhecimento do papel dos pós-graduandos. O próximo passo é ter as horas de extensão registradas e integradas aos currículos da pós-graduação”, explicou a pró-reitora.
A diminuição do valor das bolsas vai de encontro às iniciativas nacionais para aumentar a presença de estudantes de mestrado e doutorado nos programas de extensão. A UFRJ recebeu em janeiro R$ 1.528.300,00 do edital PROEXT-PG da Capes para financiar ações de extensão na pós-graduação.
Cleide Lima, diretora de extensão da Coppe, considerou a decisão um retrocesso. “A integração da extensão com a pós-graduação nunca foi fácil e essa decisão distancia ainda mais”, disse Lima. A diretora argumentou em favor da autonomia dos coordenadores para gerir as bolsas com o objetivo de atingir os objetivos de cada projeto. “O que deve ser avaliado no edital é o conteúdo da proposta e o plano de atividades propostas ao aluno, seja ele de graduação ou pós”, defendeu.

DÉFICIT
Existe um déficit de mais de 1.000 bolsas de extensão na UFRJ. No último edital, a demanda foi de 1.994 e foram distribuídas 839. Dessas, apenas 18 foram de valores diferentes de R$ 700. Ou seja, considerando o valor máximo de R$ 1.400 oferecido no edital em prática, no máximo 18 novas bolsas serão criadas em 2024. Um acréscimo de 2,1%.
Para o professor Edilberto Strauss, vice-diretor da Escola Politécnica e presidente da Câmara de Legislação e Normas do CEU, o aumento no número de bolsas distribuídas é irrisório. “Apresentei um estudo estatístico mostrando que o impacto é insignificante. Perdemos mais com a evasão de alunos que deixam de contribuir com o desenvolvimento de projetos dentro da universidade e vai buscar estágios fora”, ponderou Strauss, que foi um dos sete votos vencidos na votação do CEU.
A extensão não tem apoio de uma agência de fomento. O Profaex possui um orçamento previsto de R$ 6,843 milhões para bolsas. Desse valor, R$ 6,593 milhões são destinados a projetos e programas e R$ 250 mil para eventos e cursos. Os valores não sofreram alteração para 2024.
A aprovação do edital estava prevista para dezembro. A falta de acordo entre os conselheiros em temas sensíveis provocou adiamentos. Foi formado um grupo de trabalho a fim de elaborar estudos que fornecessem dados sobre as propostas de alteração. A previsão de membros do conselho é que ainda serão necessárias ao menos duas sessões para a aprovação do texto final.

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