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WhatsApp Image 2022 07 30 at 14.31.28Diretoria da AdUFRJ

Não foi à toa que Dante reservou aos hipócritas a sexta cova do oitavo círculo, nas profundezas do Inferno. Nosso jornal publicou uma capa criticando a postura do Andes no 65º Conad e recebemos muitas manifestações de crítica e de apoio. Mas a maioria dos textos críticos se ateve à capa e à manchete do jornal, sem entrar na substância da reportagem. A hipocrisia contida nessas críticas é flagrante, como veremos a seguir.
A reportagem corretamente informa que “o debate sobre o apoio a Lula nas eleições ocupou 25 minutos dos três dias de Conad, e só aconteceu nas horas finais do encontro, no começo da noite de domingo”. O texto deixa clara a posição do Andes quando reproduz a fala da secretária-geral da entidade ao invocar a “autonomia do sindicato”. Nós reafirmamos a substância da reportagem, que não contém nenhum equívoco, e ressaltamos que a manchete é uma interpretação do que ocorreu no Conad, uma consequência lógica de um não posicionamento, uma postura neutra do nosso sindicato nacional, em um momento de extrema gravidade em nosso país. Ao invés da construção da unidade, o Andes optou pela isenção. O desmentido que o Andes poderia oferecer seria claro: a AdUFRJ mente porque estamos realmente apoiando a chapa Lula-Alckmin!
Em nossa reportagem da página 3, lembramos outros momentos cruciais em que o Andes abriu mão de se posicionar. Como nas eleições de 2018, quando também se omitiu no apoio ao candidato que poderia derrotar Bolsonaro — Fernando Haddad, do PT — e se limitou a endossar a campanha “Ele não”. Ou no episódio do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, em que mais uma vez preferiu se ocultar sob o genérico lema de “Fora todos”. Ficar na contramão da história, mais uma vez, não chega a ser surpresa.
Nós sempre fomos contra a ingerência de partidos no sindicato, como muitas vezes aconteceu na AdUFRJ no passado. Sabemos que apoiar um determinado candidato é uma escolha complicada e delicada. No entanto, para esta diretoria da AdUFRJ, apoiar a candidatura Lula no primeiro turno não significa de modo nenhum ser pelego ou adesista. No nosso programa para a eleição da diretoria, em 2021, dissemos que iríamos apoiar o candidato do campo democrático com mais viabilidade eleitoral para derrotar Jair Bolsonaro. Isso porque avaliamos que naquele momento (e ainda mais hoje) a missão fundamental de todo o campo democrático é se livrar do Inominável e da sua turma. Isso visto pelos princípios que norteiam o sindicato: defesa da educação pública e gratuita, do Estado Democrático de Direito, da Ciência etc. Estamos cumprindo uma promessa eleitoral. Se fosse o Ciro Gomes ou a Simone Tebet que tivessem condições de bater o Inominável, nós defenderíamos o apoio a eles também.
Sobre a capa, reivindicamos a mobilização de um ícone popular, que, até então, se orgulhava de uma postura política neutra no referido pleito. Porém, conforme a escalada autoritária foi se acelerando, ela mudou de posição e — assumindo o risco de se prejudicar profissionalmente — tomou um lado. Nosso objetivo é elogiar a coragem dessa mulher, representando sua imagem tal qual ela a apresenta.
E onde está a hipocrisia? No texto “Antissindicalismo e falácias”, um dos que publicamos nesta edição, um conjunto de docentes nos acusa, dentre outras coisas, de “prática antissindical e antidemocrática”. Mas quem será que realmente merece essas acusações? A chapa perdedora das eleições para a AdUFRJ em 2021 entrou na Justiça pedindo a anulação do pleito, a não divulgação dos resultados e uma auditoria no sistema de votação online, alegando uma suposta “violação das urnas”. Mas todos sabem que não houve fraude alguma, que a nossa chapa ganhou com 50% de votos a mais do que a chapa perdedora, resultado muito semelhante aos das três últimas eleições. Não há sequer suspeita de voto fraudado. O que houve é que, por um erro involuntário de um funcionário da AdUFRJ, no decorrer da eleição, o sistema poderia exibir temporariamente os resultados parciais. A chapa perdedora aproveitou-se desse erro e ela mesma consultou os resultados parciais! Vejam só, eles obtiveram os resultados parciais e em seguida entraram na Justiça contestando a eleição! A ação ainda está para ser julgada e infelizmente a possibilidade de um juiz bolsonarista decidir intervir no sindicato não pode ser descartada.
Cabe a pergunta: que grupo político contesta os resultados de uma eleição legítima? Que grupo político arrisca a intervenção no sindicato, a paralisia de um dos maiores sindicatos de professores do Brasil num momento crucial de nossa história? Não seria um grupo com práticas antissindicais e antidemocráticas?
Nesta edição, publicamos manifestações favoráveis e contrárias à nossa posição, com uma postura republicana diante do contraditório e como rege o bom jornalismo, algo que nem sempre prevaleceu em nossos jornais em gestões passadas. Reiteramos que o debate central é a construção da unidade em torno da candidatura Lula para derrotar o Inominável e o fascismo. Sem diversionismos!

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