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bandeira adufrjDiretoria da AdUFRJ

Foi difícil fazer a capa do jornal desta semana. Mudamos várias vezes. Primeiro, decidimos que seria o assassinato de Dom e Bruno e a cumplicidade perversa do presidente da República, com suas mãos cheias de sangue por essas e outras tantas mortes nos últimos três anos. Depois, no começo da tarde desta quarta-feira, em que fechamos o jornal nesta curta semana de três dias, veio a boa e importante notícia de que a UFRJ vai adotar as cotas na pós-graduação. Decidimos, então, pela mais trabalhosa das apostas, a junção das duas informações: de um lado, a universidade que construímos diariamente, com compromisso social, criatividade, excelência e inclusão; de outro, o país que diuturnamente é destruído por um governo genocida, que flerta com o fascismo e castiga defensores da Ciência, da arte, da Amazônia e dos povos originários.
Sabemos que a adoção das cotas na pós não é solução mágica para corrigir a desigualdade em nossos mestrados e doutorados. A valorização das bolsas, há tanto tempo estagnadas, seria um passo importante para atrair candidatos que sonham com a pesquisa acadêmica, mas que não retornam para a universidade porque é quase impossível trocar um bom emprego por uma bolsa de R$ 2.200. Que o diga Nedir do Espirito Santo, negra, diretora da AdUFRJ e professora do Instituto de Matemática. Para ela, a aprovação institucional das cotas nos programas de pós-graduação é um passo importante, mas representa um ainda tímido movimento na longa jornada de transformação da universidade e da realidade brasileiras.
“Os negros desse país são a maioria da população, mas, por questões estruturais da nossa sociedade, não conseguem acessar espaços de ensino superior e de pesquisa, nem cargos de gestão”, reconhece a professora. Para ela, aprovar cotas na pós terá resultados somente em médio e longo prazos. “Os efeitos demoram a aparecer. Vide há quanto tempo temos nossa política de cotas para a graduação e o número sequer razoável de professores negros. Então, é uma política que demora a mostrar seus efeitos, mas, sem dúvidas, é um primeiro passo fundamental para que haja de fato uma profunda transformação da universidade”.
E assim, seguimos teimosamente em busca dessa transformação construtiva da universidade, mesmo quando estamos diante de um governo obcecado pela destruição e pela morte. Em nome de Dom, de Bruno, e de tantos outros que tombaram nos últimos quatro anos, fiquemos com o alerta do querido professor Ricardo Galvão, na matéria da página 5 desta edição. “Que em janeiro de 2023 tenhamos um alvorecer em nosso país. Com a luz penetrando a escuridão negacionista com suavidade, mas pujantemente”
Boa leitura!

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