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WhatsApp Image 2022 05 27 at 18.13.46 1Foto: DivulgaçãoA meta é tão louvável quanto ambiciosa: ter 100% da frota municipal composta por ônibus não poluentes e elétricos até 2038. E um passo importante dessa longa caminhada foi dado na manhã desta quinta-feira (26), quando a Coppe/UFRJ e a Prefeitura de Maricá apresentaram um protótipo de ônibus híbrido elétrico-etanol que começará a circular, em fase de testes, pela cidade da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O protótipo desenvolvido pela Coppe vai contribuir para a transição energética da frota da Empresa Pública de Transportes (EPT) de Maricá dos combustíveis fósseis para combustíveis de tecnologia limpa e sustentável.
A parceria entre a Coppe e a Prefeitura de Maricá envolve mais dois protótipos: um híbrido elétrico-hidrogênio e um 100% elétrico. Aos poucos, eles entrarão em operação para renovar a frota dos 125 ônibus Tarifa Zero, que circulam gratuitamente por Maricá em 36 linhas. Os protótipos vêm sendo desenvolvidos no Laboratório de Hidrogênio da Coppe, sob coordenação do professor Paulo Emílio de Miranda, e ficarão em testes durante dois anos. A Prefeitura de Maricá investiu R$ 11,5 milhões no projeto, com recursos provenientes de royalties do petróleo. E espera, num futuro próximo, produzir os ônibus em uma planta industrial na própria cidade.WhatsApp Image 2022 05 27 at 18.14.05 1Professor Paulo Emílio
O professor Paulo Emílio de Miranda vê a concretização da parceria como a “realização de um sonho”. “Uma fase muito difícil de um desenvolvimento tecnológico de base científica é fazer a transição dos trabalhos em laboratório para o uso real na sociedade. No caso dos ônibus, isso envolve testes com transporte de pessoas no município, o que requer o desenvolvimento prévio de sistemas não mais laboratoriais, mas de protótipo em versão pré-comercial, usando dispositivos que poderão ser produzidos industrialmente. Eu diria que é a realização de um sonho o que o município nos proporciona, nos dá a perspectiva de realizar essa transposição do trabalho científico-tecnológico realizado na UFRJ, no produtivo ambiente da Coppe, para uso inicial em Maricá, com grandes benefícios ambientais e sociais”, avalia Paulo Emílio.

SIMBOLISMO
WhatsApp Image 2022 05 27 at 18.14.05Igor SardinhaPara o secretário de Desenvolvimento Econômico de Maricá, Igor Sardinha, a parceria com a Coppe pode render frutos mesmo após os dois anos de testes dos protótipos. O contrato de encomenda tecnológica prevê não só a conclusão das pesquisas em desenvolvimento no Laboratório de Hidrogênio, mas também a obtenção da patente do projeto. Com isso, a ideia é construir uma fábrica de ônibus elétricos na cidade, provavelmente na região de Ponta Negra, para suprir a demanda da EPT e para atender a novos mercados.
“Esse contrato assinado com a UFRJ é uma oportunidade fantástica para Maricá. Há uma simbologia forte em nós utilizarmos recursos de royalties oriundos de uma matriz energética poluente para pesquisa e inovação de uma matriz não poluente. A ideia é contribuir com a universidade para que todo esse trabalho que vem sendo feito há alguns anos seja concluído e que a gente, ao final, possa bater no peito e dizer que temos ônibus não poluentes com tecnologia nacional rodando pela cidade”, comemora o secretário.
Historicamente classificada como uma cidade-dormitório, sem arranjos produtivos consolidados e com pouca geração de empregos, Maricá vem mudando seu perfil econômico de alguns anos para cá, sobretudo a partir das somas de royalties recebidos pela produção de petróleo no pré-sal na sua costa. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Maricá foi o município que mais arrecadou com royalties do petróleo no país em 2021, com R$ 1,3 bilhão. Só de janeiro a abril deste ano, ainda de acordo com a ANP. Maricá já recebeu R$ 707 milhões em royalties.
“Com essa mudança de perfil, a cidade vem traçando uma estratégia de desenvolvimento que a faça, em médio e longo prazos, ter uma estrutura econômica com a qual ela não mais dependa dos royalties do petróleo. E essa parceria com a UFRJ se enquadra nessa estratégia. Não é uma ação simplesmente ambiental. É uma ação de desenvolvimento econômico a partir da inovação e a industrialização. Da compra pública de ônibus para nossa frota local, temos a expectativa de produzir em Maricá os nossos próprios ônibus e para outros municípios e empresas, gerando aqui emprego e renda”, prevê Igor Sardinha.
O secretário acredita também que o projeto pode possibilitar o desenvolvimento de um polo de pesquisa e inovação no município, por meio do fortalecimento do Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá (ICTIM), que integra a parceria com a Coppe.

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