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Ana Beatriz Magno e Silvana Sá

Quem frequenta os corredores movimentados do Centro de Tecnologia não imagina o que se passa bem debaixo dos seus pés. Entulho, fios expostos,WhatsApp Image 2022 05 13 at 18.56.00 equipamentos descartados, obras abandonadas, água, lama, insetos, ratos estão a um tropeço das saídas de emergência de laboratórios de ponta da Coppe.

O local, um estacionamento nunca concluído, com trechos em terra batida, percorre toda a extensão do Bloco I e tem ramificações até as escadas dos fundos dos blocos C ao G do CT. “Trabalho aqui há 16 anos e sempre foi assim. Na realidade, melhorou um pouco. Antes não era possível caminhar por aqui”, conta um trabalhador da manutenção que pediu para não ser identificado.

“Quando a Boate Kiss pegou fogo, um professor da Coppe foi entrevistado pela Globo, para falar de segurança. Pensei: será que ele não conhece o subsolo de onde ele trabalha?”, lembra.

Quando chove, a água alaga os corredores. Bombas ficam encarregadas de drenar todo o volume acumulado para fora do prédio. Canos com descarte de água de diferentes naturezas são direcionados para uma “vala”. Alguns aparentam ser descarte clandestino de esgoto.

O Setor de Segurança do Trabalho do CT faz vistorias recorrentes. “Sempre documento tudo, fotografo tudo, peço providências”, relata a gerente do setor, a engenheira de segurança Rosane Detommazo. “A diretoria da Coppe tem conhecimento, a decania do CT também. É um ambiente insalubre tanto pelo risco à saúde quanto pelo risco de incêndio”, conta a engenheira. “Ali existem laboratórios que não deveriam estar no subsolo, mas as coisas vão se expandindo sem planejamento”.

“A gestão desse espaço é do Centro de Tecnologia”, defende-se o professor Ericksson de Almendra, diretor de Planejamento, Administração e Desenvolvimento Institucional da Coppe. “É claro que existem queixas, mas o subsolo do Bloco I é uma das situações que mais melhoraram nos últimos dez anos”, afirma. Ele fez uma visita guiada com a reportagem. “Classifico o subsolo do Bloco I em cinco níveis, desde o nível A, que é o laboratório de primeira linha, até o nível E, que é o pântano”, reconhece. “Nossos laboratórios têm saída de emergência, têm circulação de ar forçada”.

A Coppe entregou à decania do CT um novo projeto para ocupação de mais uma parte do subsolo. O “pântano” existente entre os blocos E e F será transformado em depósito. A obra, segundo Ericksson, deve ficar pronta em três meses.

“A política do CT é não ocupar o subsolo”, rebate o decano do centro, professor Walter Suemitsu. “Não é o local apropriado para ter atividades”, reforça. “Manter um laboratório no subsolo é muito caro. Exige impermeabilização potente, ventição mecânica, reformas bastante caras. Consome muitos recursos”.

Um dos problemas observados pela reportagem, o entulho que se acumula nas galerias do subsolo, é problema antigo, segundo o decano. “Já tiramos vários caminhões de entulho lá de baixo, mas o problema volta. Pedimos apoio aos coordenadores de curso e diretores das unidades para que não haja descarte naquele local”, diz.

Em relação às subestações de energia, que ficam em áreas alagadiças, o decano afirmou que o projeto é retirá-las do subsolo, mas faltam recursos. “É um trabalho que demora bastante e exige orçamento.”

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