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servidores buscam consolidar unidade luta por reajuste linear 323Reprodução Fonsasefe

Os servidores públicos federais começaram a estudar uma proposta de greve unificada em 2022. Os professores das universidades serão chamados à discussão em uma rodada de assembleias prevista para os dias 17 de janeiro a 11 de fevereiro. O calendário ficou definido em uma reunião virtual organizada pelo Andes-Sindicato Nacional, na quarta-feira (12).
A mobilização ganhou impulso após o governo articular um reajuste salarial para poucas categorias da área de segurança, em um cenário de inflação galopante — 10,06% somente em 2021, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). No orçamento deste ano, ainda não sancionado pelo presidente, seria reservado R$ 1,7 bilhão apenas para policiais federais, policiais rodoviários federais e carreiras do Departamento Penitenciário Nacional e do Ministério da Justiça. Pressionado pelo protesto dos demais servidores, Bolsonaro disse depois que nenhum reajuste estaria garantido.
Mas não será um debate fácil, como ficou demonstrado na própria reunião do Andes. A começar pela definição de um índice de reajuste linear que unifique todas as categorias. Há setores com os salários congelados há cinco anos, com perdas acumuladas em torno de 28%.
O professor Thiago Arruda (diretor da Associação dos Docentes da Universidade Federal Rural do Semi-árido, do Rio Grande do Norte), preocupado com o impacto do pedido na sociedade, ponderou se a mobilização deveria seguir o maior índice apresentado no debate, diante de um cenário de crise econômica e ainda em plena pandemia. “Se o patamar está em torno de 28%, talvez a gente deva atuar para reduzir esse patamar”.
A preocupação com a legislação de ano eleitoral, que restringe aumentos para os servidores, motivou a professora Erika Suruagy, diretora da Associação dos Docentes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (Aduferpe), a elaborar outra proposta de índice. Segundo ela, só seria possível recuperar as perdas inflacionárias acumuladas no ano anterior. Justamente os 10,06% de 2021. “É algo que possibilita ampliar o diálogo com a população”, argumentou.
Ao final, prevaleceu a proposta apresentada pela diretoria nacional de que o índice seja discutido em uma reunião do Fórum das Entidades Nacionais de Servidores Públicos Federais (Fonasefe), marcada para o dia do fechamento desta edição (14). A ideia é que a greve unificada, além da recomposição salarial, também cobre melhores condições de trabalho e a revogação da Emenda Constitucional nº 95, que limita os gastos públicos.

DEMANDAS DA EDUCAÇÃO
Ainda na rodada de assembleias, os professores devem discutir a elaboração de uma pauta específica da área da Educação com as demais entidades que atuam nas instituições federais de ensino superior. Na reunião do Andes, alguns diretores sindicais já sugeriram a inclusão de um ponto contra a intervenção do governo na eleição de reitores das universidades.
Pela AdUFRJ, a professora Mayra Goulart defendeu uma pauta simples para a mobilização. “O tema da recomposição salarial encontra um momento de abertura, não só pelos últimos indicadores de inflação. Essa é a pauta do momento”, disse. “Em segundo lugar, o próprio governo Bolsonaro já mostrou fissuras no seu discurso neoliberal”, completou, citando a questão dos precatórios, do Auxílio Brasil e a previsão de R$ 1,7 bilhão para o reajuste do funcionalismo.
A docente argumentou que, ao tentar articular esta demanda com outras, embora relevantes, a mobilização pode perder aceitação na sociedade. Mayra também defendeu paralisações pontuais, em vez de uma greve. “Isso, num contexto de pandemia, pode ser confuso. Temos que ter propostas claras e, com isso, tentar uma maior capilaridade social para a nossa reivindicação sindical”, afirmou.
No caso das universidades, outro obstáculo apresentado até mesmo para o início da discussão é o calendário diferenciado. Enquanto algumas estão em plena atividade, as que se encontram em recesso ou período de férias teriam mais problemas para reunir os professores em assembleia.

ATO NO DIA 18
O ritmo de mobilização está em outro patamar entre os integrantes das chamadas carreiras típicas de Estado — entre eles, os auditores fiscais, que entregaram cargos em protesto contra a falta de reajuste no orçamento de 2022. Os funcionários do Banco Central também anunciaram uma paralisação no próximo dia 18.
Pelo lado do Andes, ficou definido que a data será proposta ao fórum das entidades de servidores como um dia de paralisação e luta para “construir onde for possível”.

AVALIAÇÃO
Presidente da AdUFRJ, o professor João Torres considera fundamental o processo de mobilização. Uma assembleia para discutir o tema da greve na UFRJ será amplamente convocada, dentro do calendário estabelecido. Os não sindicalizadostambém poderão se manifestar e votar, já que uma paralisação prolongada afetaria o cotidiano de todos os professores. “A diretoria quer ouvir a base”, disse. “Somos favoráveis a uma luta salarial, mas me preocupa muito a realização de uma greve no meio da pandemia”, completou. João disse ainda que a entidade vai participar de forma ativa das atividades do dia 18, distribuindo os materiais encaminhados pelo Sindicato Nacional.

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