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WhatsApp Image 2025 02 07 at 19.17.12 5Foto: Silvana SáSilvana Sá e Renan Fernandes

Às 18h da última terça-feira, 4, o professor Pierre Mothé Esteves, do Instituto de Química, terminou mais um intenso dia de trabalho. Ele foi até o estacionamento do Centro de Tecnologia buscar seu carro. Para seu espanto, o veículo havia sido furtado. Esse é mais um dos casos noticiados nos últimos meses pelo Jornal da AdUFRJ. Novamente, trata-se de um automóvel da marca Fiat. “Era um carro simples. Um Siena 2019. Parei no estacionamento dos fundos do Bloco A, às 10h30. Quando retornei, não havia mais carro”, lembra o professor.
O docente procurou a vigilância do prédio, que o instruiu a buscar ajuda na Diseg e a registrar a ocorrência na delegacia. “Na mesa ao lado, outro homem fazia o boletim de ocorrência de um furto de carro no Fundão, só que no estacionamento do Centro de Ciências da Saúde”, conta. “Todo início de ano aumentam os casos de violência no campus. A história se repete e nada acontece”, critica o professor. “Eu ainda estava de férias, mas quis ir orientar meus alunos. Já tive o estepe levado num ano; no ano passado houve uma tentativa de furto da bateria; agora foi o carro. Precisamos mudar esse cenário”.
O professor faz um desabafo sobre suas condições gerais de trabalho. “Estou me sentindo penalizado por trabalhar no Fundão. Não temos giz, precisamos comprar reagentes com dinheiro do nosso bolso, porque não há orçamento. Não temos segurança...”, lamenta. “A universidade precisa ser um lugar de sonhos, de inspiração, de projeção do futuro. E não um local de medo. Estou com vergonha de dizer aos meus colegas de outras instituições que meu carro foi furtado no meu local de trabalho”.
O caso levou os professores do Instituto de Química a preparar um documento pedindo providências para melhorar a segurança do campus e do CT, em especial. Uma carta deve ser votada como moção na Congregação da unidade na próxima terça-feira, 11, e encaminhada posteriormente ao reitor Roberto Medronho. Os docentes pedem mais policiamento e controle das entradas e saídas.
Diretor do IQ, o professor Cláudio Mota conta que o caso envolvendo o veículo do professor Pierre foi a gota d’água para o corpo social da unidade. “Coincidiu com a notícia dos 160 cursos de excelência da UFRJ. Ora, como uma universidade de excelência não consegue oferecer condições mínimas de segurança ao seu corpo social? Houve uma certa indignação”, explica o professor.
Ele lista outras situações que aconteceram nas últimas semanas. “Como diretor do Instituto, recebi relatos de mulheres que saíram às 22h ou depois e ficaram com medo porque tinham pessoas estranhas escondidas nos pilotis do Bloco A”, diz. “Também soube ontem (quinta-feira, 6) que um gabinete de uma professora foi invadido no final de semana. As gavetas foram forçadas. Não levaram nada porque, aparentemente, buscavam laptop ou outra coisa de valor mais fácil de ser carregada. São muitas as situações”.
A solução, para o diretor do IQ, é a mesma apontada na carta dos professores da unidade: controlar os acessos. “Esse é um tema delicado, porque impacta o trânsito e a Prefeitura do Rio quer escoar o engarrafamento. Mas eu frequento campi no mundo todo. Nenhum é uma área de livre passagem como o nosso. Há minimamente um controle de acesso”, pontua Mota. “Aqui é muito fácil entrar e sair. Isso facilita a vida de quem vem cometer ilícitos”.

POSTO DA PM
O prefeito Marcos Maldonado informou que a Prefeitura Universitária vai inaugurar em 15 dias um posto avançado da PM no campus. O local ainda não pode ser divulgado por medidas de segurança. Além disso, três novos veículos foram doados pela Polícia Federal para a Divisão de Segurança da UFRJ (Diseg) reforçar as rondas internas. Há, ainda, uma operação especial em curso, com agentes disfarçados no campus para desbaratar a quadrilha de furto de veículos. “É uma briga de gato e rato. Eles estudam as nossas ações e nós estudamos as ações deles. Por isso, detalhes das operações não podem ser divulgados”.
A quadrilha é especializada em furtos de veículos da marca Fiat. “A Fiat parou de fabricar algumas peças e por isso aumentaram os furtos para desmanche e revenda. A polícia já tem essas informações”, conta. “A dificuldade é que muitas vezes a gente vê alguém parado no estacionamento, vai verificar, e é motorista de aplicativo. Mas não sabemos se realmente ele é motorista ou se está dando cobertura a alguém.”
Desde que começou a ação dos agentes disfarçados, 30 pessoas foram detidas, segundo Maldonado. “Não exatamente em situação de furto, mas com carros adulterados ou irregulares, que são o tipo de veículo usado em ações de roubo e furto”, explica. “Desde novembro reduzimos muito as incidências desse tipo de crime por conta dessas ações”, garante o prefeito. “Saímos de uma marca de praticamente um por dia para três nas últimas quatro semanas. Só no Méier foram 200 em um único final de semana”, compara.

CONTROLE
Maldonado conta que a Prefeitura fez um estudo para instalação de cancelas eletrônicas nos estacionamentos de todas as unidades do Fundão. “Estou encaminhando ao reitor essa previsão juntamente com o projeto de aumentar o monitoramento de câmeras nas vias. Está tudo orçado e dependemos da aprovação do reitor para a licitação”. O valor, segundo o prefeito, ainda não pode ser divulgado.
Superintendente do Centro de Tecnologia, Agnaldo Fernandes afirmou que a decania atua em parceria com a Prefeitura Universitária para reduzir a incidência de crimes nos estacionamentos. A principal medida é o controle do acesso. “O CT vai colocar catracas nos estacionamentos. A operação envolve a decania, as unidades do CT e a reitoria”, diz. “O sistema é similar ao do Parque Tecnológico, com câmeras que filmam o condutor do veículo e a placa na entrada e na saída”. Não há um prazo firmado para a instalação das cancelas. “Trabalhamos com a meta do início das aulas do primeiro semestre, mas, infelizmente, a velocidade da licitação não depende de nós”.

 

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