“Cheguei aqui em 1972, ainda como aluno. Era um campus muito árido”, afirma Ian. O cenário incomodava o então estudante. Ainda mais tendo um pai, Seu Irahy, que gostava muito de árvores e já fazia o plantio de mudas pelas praças de Niterói. Quando se tornou docente da universidade, em 1983, Ian começou a pensar em como colocar em prática o que tinha aprendido em casa. “Meu pai, inclusive, cedeu algumas mudas para trazer para cá”.
Mas poucas mudas não seriam suficientes para alterar a aridez do CT. Seria necessário um plantio em grande escala. Ian convenceu Roberto e os dois levaram a ideia ao decano da época, professor Carlos Russo, que apoiou a iniciativa. “Fui então ao Departamento de Parques e Jardins do Rio, em 1986, convidei um técnico para visitar o campus, demos uma volta por aqui e perguntei que tipos de árvores ele sugeriria para serem plantadas. Depois disso, fomos à reitoria e pedimos um caminhão para ir ao departamento, que separou uma série de mudas para nós buscarmos”, recorda Ian.
Foram trazidas mil mudas das mais variadas espécies: ipês, baobás, figueiras, mirindibas, mungubas, goiabeiras, tamarindeiras, pés de fruta-pão, sapotizeiros, entre tantas outras. O professor calcula que aproximadamente 300 delas vingaram e estão por aí até hoje. “Todas vieram em saquinhos. Aqui na frente do bloco B do CT existem esses baobás enormes que vieram com 1,20m de altura”, conta Ian.
Entre tantas, há algumas preferidas. “Minha árvore predileta é um ipê amarelo, que fica no estacionamento, em frente ao bloco G. Sempre dá uma floração que é um espetáculo. Quando as folhas caem, o chão parece um tapete amarelo”, afirma Ian. “Gosto também da mirindiba, que não sabia que iria adquirir uma copa tão grande e bonita, que está em frente ao Bloco D”.
Nem tudo foi plantado de uma vez só. Com a ajuda de um rapaz que prestava serviços para os trailers de alimentação chamado Geraldo, os docentes começaram a distribuir as árvores nos espaços disponíveis. Aos poucos. Um trabalho que não parou por aí: foram anos regando as plantas, após o expediente. “Para a gente, era uma higiene mental. Pegávamos os regadores e íamos molhando as mudas”, acrescenta o professor Roberto Fernandes.
BEM COMUM
A mudança da flora também ajudou a trazer novos “moradores” para o CT. “Está ouvindo? Esse é o canto do sabiá-laranjeira”, diz Ian, durante a entrevista. “Hoje, temos muitos passarinhos. Vemos muitas caturritas, sabiás, canários-da-terra, sanhaços, entre outros”, completa.
Passadas quase quatro décadas do início da empreitada, os dois festejam os resultados. “Foi pelo gosto de tornar o local de trabalho mais aprazível e dividir isso com os colegas. A gente fica feliz, porque os benefícios não reverteram só para mim, para o professor Roberto ou para o professor Carlos Russo”.
Roberto concorda e, mesmo aposentado e agora morando em São Paulo, ainda demonstra preocupação e carinho com suas antigas mudas. “Está um tal de pegar fogo em árvore que não é brincadeira”, alerta.