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WhatsApp Image 2024 09 27 at 21.34.33 1Foto: Walterson Rosa/MINISTÉRIO DA SAÚDEUma semana depois das cenas de violência que marcaram a desocupação do Pavilhão João Lyra Filho, no campus Maracanã da Uerj, o Jornal da AdUFRJ ouviu dois personagens marcantes do episódio. Para a reitora da Uerj, Gulnar Azevedo, o pedido de reintegração foi a única alternativa que restou depois de várias tentativas de diálogo com os estudantes. Já para o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), que foi preso pela PM na ocasião, a reitoria é responsável direta pelos acontecimentos. A seguir, as duas visões opostas da crise na estadual.

Olhando agora o que aconteceu, voltaria a pedir a reintegração de posse na Justiça, com uso da força policial?
O pedido de reintegração de posse não envolvia obrigatoriamente a ação policial. O uso da força foi solicitado pela juíza após o descumprimento de sua decisão. Nas condições em que manifestantes radicalizaram a sua posição, confrontando a Justiça, e impondo riscos à própria vida e à vida dos servidores que tinham acesso ao Pavilhão João Lyra Filho, já que ignoraram todos os avisos da necessidade de desbloquear saídas de incêndio e portas de fuga, não houve outra alternativa.

Como viu a prisão de estudantes e do deputado Glauber Braga?
Poderiam ter sido evitadas. Antes de a polícia entrar foram feitas várias tentativas de negociação para a saída pacífica. A intenção era mostrar que, com decisão da Justiça, seria inevitável a desocupação. Eles preferiram permanecer.

Os estudantes denunciaram a presença de seguranças privados na ação de desocupação. Chegaram a chamá-los de milicianos. A senhora identificou esses seguranças?
Os agentes patrimoniais são trabalhadores de empresa terceirizada e, em função disto, a chefia da Segurança pediu reforços, ante às graves ameaças de resistência do movimento, ao descumprirem a decisão da Justiça. Apesar de não estarem com uniforme usual dos agentes que trabalham regularmente na Uerj, estavam todos identificados com blusas pretas, orientados e sob a supervisão da chefia. Chamar os agentes de milicianos é um desrespeito com os trabalhadores.

O que fará a reitoria em relação ao patrimônio avariado?
Os danos causados pela ocupação ainda estão sendo apurados, assim como o sumiço de discos rígidos (HDs) com informações sensíveis para a Uerj, que seguem desaparecidos. Ainda não há a contabilização de todos os prejuízos materiais. Foram instauradas sindicâncias para identificar os envolvidos nos atos de depredação. As medidas podem ser de natureza administrativa, conforme o regimento interno da universidade.

Como fica a questão do calendário acadêmico? Será mantido?
Adequações no calendário acadêmico foram debatidas no Fórum de Diretores que aconteceu na quarta-feira (25), e que contou com a participação de representantes das unidades acadêmicas e administrativas. Propostas de ajuste no calendário serão debatidas no Conselho Superior de Ensino e Pesquisa.

Após essa crise, abriu-se uma janela de negociação de recursos junto ao Governo do Estado?
Não foi a crise. Essa suplementação já vinha sendo pleiteada por nós em várias reuniões desde o início do ano. No dia 27 de agosto, o Governo do Estado autorizou uma suplementação para despesas gerais da universidade e R$ 9 milhões com destinação específica para obras de construção do Restaurante Universitário da Faculdade de Formação de Professores, no campus São Gonçalo. O valor vai possibilitar o pagamento das bolsas transitórias até dezembro de 2024, entre outras despesas, como o pagamento de serviços terceirizados. Por enquanto, o Governo do Estado não indicou mais nenhuma verba suplementar. Em 2023, a suplementação total do governo foi de mais de R$ 300 milhões.

Como será administrar a universidade após episódio tão lamentável? Teme que o diálogo com as lideranças estudantis fique mais difícil?
As aulas e demais atividades acadêmicas retomaram na terça-feira, dia 24. Esperamos, sinceramente, que as lideranças estudantis percebam que avançamos no diálogo ao acolher grande parte de seus pleitos. E pretendemos avançar ainda mais na construção de uma nova política de assistência estudantil, contando com a contribuição de vários segmentos da nossa Universidade.

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