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A análise orçamentária da Universidade do Estado do Rio de Janeiro comprova o subfinanciamento da UFRJ. O Jornal da AdUFRJ comparou os principais dados das duas instituições e constatou que o orçamento da Uerj em 2024 é maior que o da federal. Isso em números absolutos. Se relativizamos pelo tamanho das duas instituições, o assombro é ainda maior.
A estadual equivale à metade da UFRJ. Lá estudam 32.746 alunos e trabalham 2.497 docentes e 4.978 técnicos-administrativos. São 64 cursos de graduação, 67 de mestrado e 46 de doutorado, além de 182 especializações. Todos os campi somados correspondem a 2,34 milhões de m², o que inclui o Hospital Universitário Pedro Ernesto.
Para manter essa estrutura, a Uerj se desdobra com R$ 333,57 milhões para custeio e R$ 177,12 milhões para assistência estudantil, o que totaliza um orçamento de R$ 510,69 milhões em 2024, sem incluir os recursos de investimento e pessoal.
Pois bem, se o dinheiro da Uerj já é insuficiente para financiar as necessidades da coirmã estadual, imaginem os da UFRJ. Aqui temos 69.200 estudantes, 4.242 professores e 8.802 técnicos-administrativos. A área total dos campi corresponde a 7,15 milhões de m² que precisam de segurança, limpeza, luz, água, internet e manutenção. São 176 cursos de graduação, 132 programas de pós-graduação, além de 200 especializações.
Para manter essa estrutura, incluindo o complexo hospitalar, a UFRJ conta os centavos de um orçamento previsto de custeio e assistência estudantil de R$ 435 milhões. Na realidade, esse valor está ainda menor — em agosto, o governo federal contingenciou R$ 64 milhões

ASSSISTÊNCIA ESTUDANTIL
Planilhar os dados das duas maiores universidades da cidade do Rio é um exercício doloroso quando se trata da assistência estudantil, política pública essencial para manter os estudantes mais carentes dentro da universidade.
O programa de assistência da Uerj é pioneiro no país, criou as cotas e totaliza R$ 177 milhões. Já na UFRJ, a assistência responde por apenas R$ 62 milhões, um dinheiro que não só é insufiente como obriga docentes, técnicos e gestores a ‘escolhas de sofia’ diárias.
“Temos que escolher entre os mais vulneráveis”, lamenta Eduardo Mach, professor e pró-reitor de políticas estudantis. “Hoje temos muito mais alunos que se encaixam no perfil de vulnerabilidade, mas não temos recursos para atender a todos. É horrível, não temos o que fazer”, diz o pró-reitor. “O desafio é que a situação não se agrave para que alunos que têm os benefícios não deixem de receber”, afirmou.
“É realmente impressionante olhar esses números e descobrir o quanto temos um orçamento defasado, sobretudo de assistência. A UFRJ tem o equivalente a um terço do orçamento da Uerj, sendo que possui o dobro de estudantes”, observou o diretor do Instituto de Economia, professor Carlos Frederico Leão Rocha.

COBERTOR CURTO
O resultado prático dessa conta que não fecha se traduz numa infraestrutura degradada, em auxílios insuficientes para a demanda e em dificuldades de financiamento de ações de ensino, pesquisa e extensão.
“Vejo esse problema orçamentário como um cobertor curto”, analisou o professor Thiago Signorini Gonçalves, diretor do Observatório do Valongo e secretário regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC/RJ), durante evento em apoio à Uerj (leia mais na página 5). “No momento, tenho que escolher entre consertar a rede de esgoto do meu instituto ou consertar o teto do prédio que está caindo”.
Veja a seguir os comparativos entre as duas instituições de ensino.

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