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Por Francisco Procópio e Milene Gabriela


A precária infraestrutura da universidade é um dos principais problemas e o maior desafio da administração central na retomada das aulas da graduação, em 3 de abril. De acordo com o reitor Carlos Frederico Leão Rocha (veja entrevista ao lado), os cortes de verba no governo Bolsonaro agravaram a situação: “São estruturas deterioradas ao longo do tempo, que nós temos que recuperar ao longo deste ano”, afirma o reitor. A recente interdição da unidade do CAp no Fundão (foto), dedicada à Educação Infantil, é a face mais dramática dessa precariedade na infraestrutura, como mostra a matéria nas páginas 4 e 5.

A insegurança é outro problema que paira sobre a comunidade acadêmica na volta ás aulas. O caso mais recente de violência aconteceu no último dia 10, quando o estudante de Engenharia de Produção Lucas Vieira sofreu uma tentativa de homicídio na saída do bandejão central.

Segundo relato nas redes sociais de Lucas Franco, colega da vítima e também estudante de Engenharia de Produção, o estudante foi agredido por um homem que lhe pediu dinheiro. “O homem o abordou pedindo dinheiro. Lucas deu R$ 50 reais para o sujeito. Não satisfeito, o homem o espancou até desmaiá-lo. O agressor saiu sem levar nenhum pertence de Lucas”, escreveu o amigo. “Lucas se levantou sem receber nenhuma ajuda, foi até o Centro de Ciência e Saúde (CCS), e foi encaminhado para o Hospital Getúlio Vargas. Lá foi orientado a realizar o boletim de ocorrência”, completou.

A administração central da UFRJ se reuniu com o comandante do 17º BPM (Ilha do Governador) para cobrar mais segurança no campus do Fundão. “A reunião foi proveitosa. Houve uma troca de comandante no 17º Batalhão e vamos ter apoio mais uma vez para a Cidade Universitária”, comentou Marcos Maldonado, prefeito do campus. “O que aconteceu com o aluno serve de alerta e nós estamos averiguando como podemos evitar futuros eventos”, afirmou o reitor Carlos Frederico Leão Rocha. O dirigente afirma que há um conjunto de iniciativas na área de segurança. “Temos a segurança patrimonial e contratamos via a Secretaria de Ordem Pública, nove motos que circulam em tempo integral na Cidade Universitária”, completou o professor Leão Rocha.

TELHADOS
O aulário de contêineres da Praia Vermelha, anexo do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), está com o telhado danificado, o que impede a utilização do local. O problema foi constatado em janeiro deste ano. O Escritório Técnico da Universidade (ETU) foi acionado e a Superintendência do CFCH realizou a solicitação de abertura do processo. O problema não será solucionado até o retorno das aulas.

Na vistoria, foi identificada a necessidade de troca dos telhados. O custo do reparo é estimado em R$ 200 mil. De acordo com o CFCH, a aplicação de membrana acrílica e tratamento dos furos é uma solução provisória de menor gasto, com custos de até R$ 80 mil.

NOVOS ALUNOS
Calouros que fizeram o processo de heteroidentificação aproveitaram o processo para poder tirar a tradicional foto com a Minerva e conhecer o espaço que fará parte da sua vida nos próximos quatro anos. A aluna de Ciências Sociais Isabelle Borges, de 19 anos, natural de Nova Friburgo, comentou que o mais aflige é não saber o que pode acontecer neste novo período de vida. “O que a gente imagina na cabeça é totalmente diferente na prática. Eu estou ansiosa para ver se vai atender a minha expectativa, se vai superar, se vou me decepcionar”, disse a estudante.

Line Oliveira, estudante de Ciências da Matemática e da Terra, não conseguiu estudar na UFRJ no ano passado, pois precisava trabalhar. “Estou com uma expectativa imensa, a UFRJ é a universidade dos meus sonhos desde o meu Ensino Médio”, disse Line.

Denise Góes, técnica administrativa, coordena a banca racial que busca validar os estudantes aptos a ocupar as vagas por cotas. “É um sentimento de vitória, de conquista de uma universidade que é extremamente branca”, disse a servidora, com 35 anos de UFRJ. “A universidade hoje tem um perfil que ainda não é o que o equivale à população brasileira, mas estamos caminhando a passos firmes com essas comissões”, relatou Denise.


ENTREVISTA I Carlos Frederico Leão Rocha, REITOR

- Jornal da AdUFRJ: Como está o planejamento para o início das aulas?
Carlos Frederico Leão Rocha: Estamos com o planejamento padrão de organização das salas de aula e limpeza do campus. E na preparação de um conjunto enorme de aulas inaugurais montadas com nossas unidades.

- Sobre a questão do teto do Aulário, ele será consertado até o início das aulas?
Estamos providenciando isso. O Escritório Técnico da Universidade (ETU) vem trabalhando nesse assunto e devemos ter uma solução.

- Recentemente, um aluno sofreu uma tentativa de homicídio no Fundão e a UFRJ fez um novo plano de segurança. O que vai mudar neste plano?
Eu queria começar falando algo um pouco diferente. A UFRJ, em termos de mancha criminal, é um dos locais mais seguros que existem na cidade do Rio de Janeiro. O relato do aluno é o primeiro em quatro anos que temos de violência nesse nível. Estamos tomando todas as providências tanto para receber bem este aluno como para averiguar o que aconteceu. Já entramos em contato com ele. Além da contratação da segurança patrimonial, que ocorre por meio de licitação, temos a contratação da Secretaria de Ordem Pública, que mantém nove motos que circulam em tempo integral na Cidade Universitária. Além disso, nós temos a Diseg, que é a Divisão de Segurança da universidade, com guardas que auxiliam nos esforços de segurança. Ao contrário do que parece, temos um conjunto de iniciativas na área de segurança que mantém a universidade em situação de redução do nível de criminalidade. O que aconteceu com o aluno serve de alerta, e nós estamos averiguando para entender o que aconteceu e como podemos evitar futuros eventos.

- Quais os desafios neste início das aulas na UFRJ?
Tivemos grandes desafios nos últimos anos. Iniciamos as aulas no meio de uma pandemia. Os maiores percalços estão associados ao problema que tivemos nos últimos quatro anos, de orçamento reduzido. Temos um desafio muito grande na nossa infraestrutura, esperamos que esse novo governo possa dar as condições básicas para recuperar a infraestrutura da universidade. São estruturas que foram deterioradas ao longo do tempo, e que temos que recuperar ao longo deste ano. A própria existência do Aulário é resultado de subinvestimento na universidade. Essa estrutura está longe de ser adequada, tanto que estamos prevendo uma solução para a Praia Vermelha. Fizemos o leilão que se refere ao Canecão para encontrar uma estrutura definitiva para aquela área.

- O número de novos alunos não foi informado pela universidade, mas com certeza haverá pessoas de outros lugares e existem poucas vagas de moradias universitárias. Está sendo estudada a extensão desses auxílios para evitar evasões?
Estamos dobrando o número de residências estudantis, com o próximo edital para ocupação do bloco B do alojamento, que se encontrava fechado quando assumimos a reitoria. Agora ele será entregue completamente reformado com mais 250 vagas de alojamento. Além disso, na área de Assistência Estudantil, aumentaremos o valor das bolsas de R$ 400 para R$ 700.

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