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WhatsApp Image 2022 11 04 at 18.43.27FAVORÁVEL Pela Comissão de Desenvolvimento do Conselho Universitário, o decano Walter Suemitsu leu parecer aprovando a propostaA decisão da UFRJ sobre um novo equipamento cultural no campus da Praia Vermelha foi adiada. Após duas horas de acalorada discussão, sete conselheiros pediram vistas do processo em que a universidade concede parte da área para exploração da iniciativa privada, pelo prazo de 30 anos. Os pedidos interromperam o debate, que deverá voltar à pauta na sessão marcada para o dia 10.
A reitora Denise Pires de Carvalho defendeu que a universidade saia da inércia de mais de uma década em relação ao terreno do Canecão. “A democracia depende de discussão seguida de deliberação. Não é uma discussão eterna”, afirmou. “Este projeto, que retira aquela área do abandono, vem sendo estudado pela comunidade acadêmica desde a gestão passada. Considero um projeto de futuro, de Estado, que pretende melhorar as instalações da nossa universidade”, completou.
A dirigente disse que há transparência e amplo debate sobre a iniciativa. “Nós fizemos mudanças importantes na concepção original do projeto. Trouxemos o projeto no dia 25 de agosto ao Consuni e abrimos o debate em todos os centros. Falta só Centro de Letras Artes, esta semana. Também está no Youtube. Apresentamos há dois meses no CFCH e no CCJE. E haverá uma audiência pública no dia 16 de novembro”, contou.
A proposta da atual reitoria, detalhada na edição nº 1.242 do Jornal da AdUFRJ, é demolir o antigo Canecão e construir um espaço sofisticado, que atenda aos interesses da universidade e do mercado cultural carioca. A nova casa de espetáculos deve ser construída no Campinho, apelido do campo de futebol administrado pela Escola de Educação Física. Já a área onde hoje fica o que sobrou do Canecão deve ser aberta ao público, com a criação de uma praça e a demolição dos muros que cercam aquele trecho do campus. Quem adquirir o direito de gerir o espaço multiuso deverá investir na construção de um bandejão, com capacidade para 2,5 mil refeições por dia, e um prédio com até 80 salas de aula.WhatsApp Image 2022 11 04 at 18.43.27 1PAINEL DO ZIRALDO Proposta é expor em praça pública a obra “Santa Ceia” pintada pelo cartunista
Mesmo sem deliberação, um degrau foi escalado. Pela Comissão de Desenvolvimento do Consuni, o decano do Centro de Tecnologia, Walter Suemitsu, leu parecer favorável à concessão da área. O orçamento dos investimentos no espaço cultural foi estimado em R$ 84 milhões, executado ao longo de 18 meses. Já o custo das contrapartidas seria de R$ 53,6 milhões. O documento prevê, ainda, a criação de um Comitê de Governança, composto por representantes da UFRJ, da empresa concessionária. O grupo ficaria responsável pela gestão do equipamento cultural e da área do entorno.

CRÍTICAS
Vice-diretor da Escola de Educação Física e Desportos, o professor Alexandre Palma expôs a insatisfação da unidade com a proposição. “A área não está abandonada. Se faltam recursos para investimento, é possível dizer que toda a UFRJ está abandonada e isso não é uma crítica à reitoria”, afirmou. “Dizer que há debate, sem a devida escuta, não parece democrático”. O dirigente acrescentou que existe uma petição contrária à instalação do equipamento cultural com mais de mil assinaturas.
A estudante Luiza Arruda cobrou mais tempo para o debate na comunidade acadêmica, antes de uma decisão do colegiado. “A gente representa pessoas. Para a gente conseguir representar essas pessoas e justificar nossas posições, precisamos de tempo para falar com elas”, disse. “A forma como este conselho é convocado é, no mínimo, absurda”, completou.
Daniel Senna, da Associação dos Pós-graduandos, observou que a eleição de Lula cria uma nova perspectiva para discussão do equipamento cultural. “Entendemos que este projeto é diferente do ‘Viva UFRJ’, mas, a partir do momento em que se abre uma nova conjuntura, precisamos repensar o que vamos fazer nos próximos quatro anos”.
Já o diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, professor Guilherme Lassance, fez um apelo à convergência. “Queria me associar às demandas de dilatação do prazo para que as conversas possam acontecer. Não só conversa entre contrários, mas para estabelecer um processo participativo de construção e concepção desse futuro possível para a Praia Vermelha”, disse. “Tenho para mim que aquela área não é abandonada, mas ela tem, do ponto de vista do urbanismo, um drama: o muro. Um muro que separa o campus da cidade, um muro que acompanha uma calçada inerte, sem vida. Esses componentes têm que ser revistos”.
Depois da sessão, o vice-reitor Carlos Frederico Leão Rocha observou à reportagem que a UFRJ tem uma dívida com a cidade, desde a retomada do Canecão em 2010. “Aquele espaço cultural era relevante. Devolver precisa ser um compromisso da universidade. Temos um projeto bom, que abre a UFRJ para a sociedade”, afirmou.
O dirigente também rebateu os argumentos de falta de debate. “Conversei com a área cultural, conversei com a Escola de Educação Física, com vários estudantes. Não é verdade que não houve esse diálogo. Não quer dizer que estejam todos contemplados, mas nós escutamos”.

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