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WhatsApp Image 2022 09 26 at 14.29.42Alexandre Medeiros e Ana Beatriz Magno

A pouco mais de uma semana das eleições, a possibilidade de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno é cada vez mais concreta. Os levantamentos sobre as intenções de voto à Presidência da República divulgados esta semana pelos dois principais institutos de pesquisa do país — Ipec e Datafolha — mostram oscilações positivas do candidato do PT e a estagnação do presidente Jair Bolsonaro (PL), o que aumenta a diferença entre os dois. Em ambos, Lula está bem próximo de obter os 50% mais um de votos necessários para liquidar a fatura em 2 de outubro. Falta muito pouco.
As pesquisas são só um dos indícios dessa possibilidade real. Há outros. Iniciativas de adesão à candidatura do PT brotaram na semana. Na quinta-feira (22), mesmo sem citar Lula, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) divulgou uma declaração em que recomenda o voto “em quem tem compromisso com o combate à pobreza e à desigualdade, defende direitos iguais para todos independentemente da raça, gênero e orientação sexual” e “valoriza a Educação e a Ciência e está empenhado na preservação de nosso patrimônio ambiental” — exatamente o oposto ao que faz Bolsonaro. No estilo FHC, isso corresponde a digitar 13 na urna.
Na quarta-feira (21), brizolistas históricos lançaram o manifesto “Trabalhistas pela democracia: o voto necessário”, de apoio a Lula no primeiro turno. No mesmo dia, líderes latino-americanos divulgaram uma carta pedindo a Ciro Gomes (PDT) que retire sua candidatura e apoie Lula. Entre os signatários estão o argentino Adolfo Pérez Esquivel, Nobel da Paz de 1980, e o ex-presidente do Equador, Rafael Correa. O texto faz um alerta a Ciro: “A escolha fundamental não será entre Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva, mas entre o fascismo e a democracia”.

POSSIBILIDADE REAL
Para a cientista política Mayra Goulart, professora do IFCS/UFRJ e vice-presidente da AdUFRJ, as pesquisas do Ipec e do Datafolha indicam “uma possibilidade real de vitória de Lula no primeiro turno”. Segundo ela, os votos que estão tornando palpável esse cenário estão vindo “da desidratação da já natimorta terceira via”. “A questão do voto útil é normal em toda a eleição. Isso ocorre quando se observa a inviabilidade eleitoral do candidato escolhido. Se há o risco de que seu voto deixe de favorecer uma segunda opção que seja viável, fica o dilema para o eleitor: manter o voto só para marcar posição ideológica?”, pondera.
A professora observa que, no caso de Jair Bolsonaro, há ainda um agravante. “Há o risco de esgarçamento das instituições democráticas brasileiras. Uma derrota de Bolsonaro em primeiro turno está atrelada ao resguardo dessas instituições diante da maior ameaça que elas vêm sofrendo nas últimas duas décadas. Uma vitória de Lula em primeiro turno mostra a opção inequívoca da população em torno de uma candidatura que proteja essas instituições”, lembra Mayra.

PESQUISAS
WhatsApp Image 2022 09 26 at 14.52.23O levantamento do Ipec, divulgado na segunda-feira (19), mostra o ex-presidente Lula com 47% das intenções de voto e o presidente Jair Bolsonaro com 31%. Em relação à pesquisa anterior, Lula passou de 46% para 47%, e Bolsonaro manteve os 31%. Ciro também manteve seus 7%, enquanto Simone Tebet (MDB) subiu de 4% para 5%. Considerando apenas os votos válidos, Lula teria 52%, o que lhe daria a vitória em 2 de outubro. Em um eventual segundo turno, Lula bateria Bolsonaro por 54% a 35%.
Para o sociólogo e cientista político Paulo Baía, professor do IFCS/UFRJ, a pesquisa do Ipec é muito desfavorável a Bolsonaro. “Ela aponta a possibilidade de vitória de Lula no primeiro turno, mesmo com a resiliência eleitoral de Ciro Gomes e Simone Tebet”. Baía alerta que os movimentos de adesão a Lula devem se intensificar nos próximos dias. “Lideranças do PDT e do trabalhismo em todo o país divulgaram um manifesto pelo voto necessário, numa grande aliança que está sendo feita no sentido de tentar eleger Lula no primeiro turno. Esse movimento tende a crescer. E se ele crescer um pouquinho, de 2% a 3%, já é o suficiente para Lula ganhar no primeiro turno. Creio que algum impacto deva ter também nas campanhas de Ciro e Simone”, avalia o professor.
A desidratação da candidatura Ciro Gomes, observada por Mayra Goulart e Paulo Baía, foi também detectada pela pesquisa do Datafolha divulgada na quinta-feira (22). O pedetista oscilou de 8% para 7%. Já Lula subiu de 45% para 47%. Bolsonaro (33%) e Simone Tebet (5%) mantiveram os mesmos percentuais da rodada anterior. Pelo Datafolha, Lula tem 50% dos votos válidos, no limiar de uma vitória em primeiro turno — no levantamento anterior, esse percentual era de 48%.
“A pesquisa já indica uma pequena desidratação de Ciro Gomes, com Simone Tebet estabilizada. Ela pode estar a caminho do terceiro lugar com essa desidratação do Ciro. Se ele perder mais 1% ou 1,5% pode assegurar a vitória de Lula no primeiro turno. Já Bolsonaro permanece estável e tende a uma queda nesta reta final. Há uma onda pró-Lula e essa onda certamente tirará votos de Bolsonaro e de Ciro Gomes”, analisa Paulo Baía.

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