“Quem é independente neste país?”, questionou Mônica Cunha, mãe de Rafael da Silva Cunha, assassinado por um policial civil em dezembro de 2006. “Estamos no Grito porque queremos viver. Gritamos por vida”, disse a ativista e fundadora do Movimento Moleque, que reúne mães de vítimas de violência de Estado. “Queremos dizer que vidas negras importam. No dia 13 de setembro meu filho não vai poder completar seus 36 anos”, lamentou.
Pessoas de todas as idades, cores, religiões e amores ornamentaram a passeata que seguiu pela Avenida Rio Branco, surpreendeu turistas na Praça Mauá, atravessou a região da Pedra do Sal e desembarcou no Cais do Valongo, porta de chegada de negros escravizados no Brasil, no século XIX e local de comércio de negros no século XVII. “Não existe independência com racismo”, disse Ana Camila da Silva, que acompanhava a passeata. “Precisamos participar mais ativamente das decisões políticas desse país. Sem isso, não seremos livres de verdade, nem democráticos de verdade”, afirmou.
Professor de História, Pedro Parga acompanhava a manifestação ao lado do marido. “Estou aqui porque buscamos uma sociedade com efetiva participação dos cidadãos. Uma que não exclua mulheres, negros, pobres e que respeite a liberdade religiosa”, pontuou.
Ao longo do protesto não foram poucos os gritos contra o atual governo de Jair Bolsonaro. Também foram inúmeros os apoios à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva. Um Lula de papelão também fez a alegria de quem desejava expressar sua escolha política para 2 de outubro.
O movimento estudantil animou o ato com cantos e batucadas. Mas também houve momento para falar sério: “É fundamental ocuparmos as ruas e darmos a vitória histórica da Democracia nas urnas. Vamos derrotar o fascismo nas ruas e nas urnas”, afirmou Lucas Peruzzi, do DCE da UFRJ.
À tarde, uma roda de samba encerrou as atividades do dia, na Cinelândia.