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WhatsApp Image 2022 09 05 at 15.53.07 2Onze andares. Quinze mil metros quadrados. Esta é a parte que cabe à UFRJ do Edifício Ventura. O moderno prédio corporativo foi construído entre 2008 e 2010 num terreno de oito mil metros quadrados que pertencia à universidade, na Avenida Chile. A contrapartida da iniciativa privada foi destinar à instituição 11 andares para uso. Ocorre que um dos prédios mais luxuosos do Brasil e o mais certificado da América do Sul não corresponde às necessidades acadêmicas da UFRJ. Menos ainda à realidade financeira da instituição. Situação que levou a reitoria a apresentar, na última semana, a proposta de trocar a posse desses andares por obras de infraestrutura.

“Queremos trocar 15 mil m² por 70 mil m² em área construída”, revela o vice-reitor Carlos Frederico Leão Rocha. O plano faz parte do “Projeto Valorização dos Ativos Imobiliários da UFRJ”, que também inclui a área do Canecão. Quem se tornar proprietário dos andares do Ventura deverá terminar a construção de cinco edificações na Cidade Universitária, realizar melhorias na Escola de Música, além de erguer um prédio novo no terreno da Escola.

Fazem parte desse conjunto de obras inacabadas, por exemplo, o restaurante universitário do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN); a nova residência estudantil – esqueleto que fica ao lado do CCMN; o prédio dos centros de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) e de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE) – esqueleto ao lado da Faculdade de Letras; o prédio do Instituto de Matemática; e as obras do novo prédio do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB).

O projeto encontra resistência entre as bancadas estudantil e de técnicos-administrativos, no Conselho Universitário. Coordenadora do Sintufrj, a técnica Vânia Godinho questionou, no último Consuni, a proposta de alienação dos andares do Edifício Ventura. “Trocar 15 mil m² de um espaço que é nosso por 70 mil m² de um espaço que também é nosso é abrir mão de patrimônio público”, criticou. “Se temos obras inacabadas, isso se deve aos cortes orçamentários. Esse tipo de concessão enfraquece a nossa luta porque vamos abrir mão de patrimônio público até o momento em que ele se esgotar”, acusou. “Não queremos reduzir, queremos ampliar o patrimônio público”, rebateu a reitora, professora Denise Pires de Carvalho. “Prédios inacabados não servem à atividade-fim da universidade”.

A Escola de Música é a única unidade da UFRJ a ocupar um dos andares do Ventura. O código de vestimenta do local, bem diferente da informalidade característica da juventude da universidade, impede o acesso ao prédio de pessoas com bermudas, chinelos, camisetas, decotes, blusas de alça e saias curtas. “Eu já tive que descer para dar o tênis de um aluno para o outro entrar no prédio, porque ele estava de chinelo e foi barrado”, contou a professora Maria das Graças dos Reis, da Escola de Música. “Professor fala normalmente alto, mas lá nós não podemos. Nós temos que sussurrar”, desabafou. “Quer lugar pior para dar e receber aulas?”

Outro problema é que a UFRJ só consegue alugar metade das salas a que tem direito no edifício comercial. O dinheiro que entra é suficiente para pagar apenas o condomínio da outra metade que permanece vazia. O valor médio da taxa condominial praticada no edifício é de R$ 60 mil. “Fica no zero a zero, não temos ganho algum com o Ventura”, reiterou o vice-reitor à reportagem.

A discussão sobre o destino do Ventura e dos esqueletos do Fundão não tem prazo estabelecido para terminar e deverá acontecer em novas reuniões do Consuni.

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