facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

savings 2789112 640Isadora Camargo

A suspensão do auxílio para viagens dos professores e técnicos é a mais recente consequência da asfixia orçamentária sofrida pela UFRJ. Mas não será a única. A reitoria prepara um pacote de restrições financeiras internas que será anunciado na terça-feira, dia 26, na plenária de decanos e diretores.
“Não retornaremos ao remoto e não fecharemos parcialmente. O objetivo é chegar ao final do ano em pé. Para isso, talvez tenhamos que fazer grandes sacrifícios”, afirma o vice-reitor da universidade, professor Carlos Frederico Leão Rocha. A administração central estuda, entre outras medidas, recolher parte da verba do chamado “orçamento participativo” — receita distribuída às decanias e unidades acadêmicas para despesas do dia a dia. Este ano, o total liberado chegou a R$ 18 milhões contra R$ 8 milhões de 2021. “Vamos conversar com as unidades para preservar as atividades essenciais”, completa o dirigente.
O corte do auxílio-viagem foi anunciado no fim de junho. O recurso cobria passagens, estadia e taxas de inscrição para participação em cursos, seminários e congressos. Também eram custeadas atividades essenciais como reuniões e visitas administrativas, além das relativas a bancas de concursos e defesas de teses e dissertações.
“Estamos negando tudo, salvo casos excepcionais. Fomos obrigados a tomar essa medida logo após os últimos cortes do governo federal. Vamos alocar o recurso para pagamento das contas da universidade”, explica o pró-reitor de Finanças, professor Eduardo Raupp.
Em 2018, o gasto da universidade com viagens de servidores foi de R$ 3 milhões, o maior da última década. Em 2019, esse valor caiu para R$ 2 milhões e, em 2020, primeiro ano da pandemia, não passou dos R$ 400 mil. Neste ano, antes da suspensão da verba, foram investidos apenas R$ 325 mil.WhatsApp Image 2022 07 22 at 19.32.05 1
O Instituto de Ciências Biomédicas contava com uma verba de R$ 30 mil do auxílio-viagem, e já havia planejado um edital para participação de docentes em congressos e especialização de técnicos fora da universidade. O professor José Garcia, diretor do ICB, lamenta a suspensão do recurso. “Se somar esse corte aos cortes já feitos na área de Ciência e Tecnologia, e no MEC, junto à Capes, ficamos sem nenhuma opção para poder investir na mobilidade de pessoas. Isso impacta muito negativamente o crescimento da instituição, o desempenho das atividades e o aprendizado de ponta que a gente poderia desenvolver aqui dentro”, afirma.
Os docentes de Comunicação que aguardam a aprovação de seus projetos no Intercom — maior congresso da área — também foram surpreendidos com o cancelamento da verba. O evento ocorrerá entre os dias 5 e 9 de setembro, em João Pessoa. “O Intercom conta com mais de três mil participantes todo ano. Já chegou a ter cinco mil. Mas, com a crise, a participação vem encolhendo. A UFRJ precisa estar representada. O corte é esperado, mas é horrível para todo mundo que faz pesquisa e precisa participar de eventos científicos”, comenta o professor de radiojornalismo Marcelo Kischinhevsky.
As bancas de TCC também estão comprometidas, e a pró-reitoria de Finanças (PR-3) sugere que as defesas sejam feitas de forma remota, ou sem convidados de fora do estado.

HISTÓRICO COMPLICADO
Mesmo antes da suspensão, a obtenção do recurso para custear as diárias e passagens não era garantida. Até 2020, a PR-3 deferia os pedidos na ordem em que chegavam, até que se esgotasse a verba discriminada para as viagens. As solicitações feitas depois não eram atendidas. Para solucionar a questão, uma portaria de março de 2020 deliberou a divisão prévia do recurso, para que cada unidade pudesse se organizar. “Muitos pedidos de docentes voltavam com indeferimento. Era muito difícil receber. Com a mudança, haveria uma maior autonomia das unidades, mas veio a pandemia. E agora não vamos conseguir mais”, lamenta o professor Claudio Mota, diretor do Instituto de Química.

Topo