facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

WhatsApp Image 2022 06 10 at 19.58.14Foto: Alessandro CostaO professor Eduardo Serra, da Escola Politécnica, fechou a primeira etapa do ciclo de debates “Ciência e Tecnologia para a reconstrução do Rio de Janeiro”, organizado pela AdUFRJ. Pré-candidato ao Governo do Estado pelo PCB, o docente apresentou as propostas de seu partido para solução de diferentes questões que afligem o dia a dia da população fluminense. Apesar de ter sido o último pré-candidato a participar da primeira rodada deste ciclo, o professor foi convidado antes mesmo do deputado federal Alessandro Molon, pré-candidato ao Senado pelo PSB-RJ, que se apresentou na semana passada.

João Torres, presidente da AdUFRJ, abriu o debate do dia 6 com elogios à postura política do colega. “Convivo com ele há 30 anos ou até mais, se considerarmos o período de movimento estudantil. Embora fique claro que temos posturas divergentes em diversos aspectos, eu o admiro muito por suas posturas firmes, contundentes e estritamente políticas”, disse João. “Eduardo jamais agiu com ataques pessoais ou se utilizou de ironias em debates ou discussões. Para mim, ele é um exemplo de convivência na universidade. É muito importante na vida política haver pessoas com essa postura. É fundamental para a convivência e para a democracia”, declarou o dirigente.

O presidente da AdUFRJ também aproveitou para explicar a razão que motivou o sindicato a realizar a sequência de debates. “Nosso papel é atuar junto às demais forças progressistas para derrotar Bolsonaro de forma pragmática e incisiva”, disse João. “Eu me candidatei à direção da AdUFRJ para fazer alguma coisa, ainda que seja uma gotinha no oceano, para derrotar este governo protofascista. Nossa pauta é o debate junto a todos os movimentos que defendem a democracia”, afirmou. O professor Eduardo Serra aproveitou para elogiar a iniciativa da AdUFRJ e agradeceu o convite feito “com bastante antecedência”.

Eduardo Serra justificou sua candidatura ao cargo de governador a partir da conjuntura nacional e estadual. Em sua análise, o atual governador é um representante do bolsonarismo no Rio de Janeiro. “Existe uma ofensiva que criminaliza a pobreza e o governador Cláudio Castro não promove nenhuma ação para mudar esse estado de coisas. Ele se apresenta como uma linha mais moderada que Bolsonaro, mas defende os mesmos interesses”, afirmou. “O que a gente propõe é um debate sobre um outro tipo de desenvolvimento. Nosso programa político é anticapitalista e busca a superação das desigualdades”, sublinhou.

As tragédias provocadas pelas chuvas foram citadas pelo pré-candidato como consequências da desigualdade no acesso a políticas habitacionais. “Não existe planejamento urbano para a classe trabalhadora. Existe para as classes médias altas e para a classe alta. Essa desigualdade está ligada a outros elementos como, por exemplo, o transporte”, disse. O professor citou soluções usadas por outras cidades no mundo, como Paris, em que a tarifa do transporte público fica mais barata na medida em que o deslocamento se torna maior. “Isso permite que os trabalhadores possam morar mais longe dos seus empregos com segurança e infraestrutura”.

Sobre transporte, o professor defende a estatização da Supervia e do sistema de ônibus. “É preciso criar uma empresa pública de transporte, que tenha condição de ampliar a oferta, atender a horários noturnos, gratuidades, e fazer a ligação intermodal, que hoje não existe”, disse. “Uma empresa pública vai poder investir em transporte sobre trilhos, em transporte aquaviário, vai poder racionalizar mais o transporte rodoviário”.

No curto prazo, o professor pretende atacar a miséria. “Temos um desemprego muito grande, uma fome generalizada. Será preciso promover um programa de emprego emergencial, em que a população possa ter renda com contratos firmados. Esse programa ajudará a dinamizar a economia e vai contribuir para a retomada econômica do estado”.

Ainda no campo econômico, Serra sugere a criação de um banco estadual para financiar áreas sociais e infraestrutura. “Em muitos casos, fazendo investimento a fundo perdido. Essa é função de um banco público, é perfeitamente realizável, com exemplos em outras partes do mundo, e o Rio tem um potencial econômico muito grande”, afirmou. “A indústria naval do Rio de Janeiro já foi a segunda do mundo e nós temos condições de recuperar isso”.

Sobre o aspecto tributário, o docente sugere a desoneração do consumo e a taxação de lucros, dividendos e propriedades. Ele também propõe uma parceria com as prefeituras para mudar a forma de taxação do IPTU, para que seja progressivo, ou seja, aumente na medida em que o proprietário adquira mais imóveis. A ideia, além de aumentar a arrecadação, é minimizar o deficit habitacional.

“Os imóveis fechados hoje são capazes de abrigar toda a população que vive nas ruas”, destacou Serra. Associado ao IPTU, o pré-candidato propõe a criação de um programa habitacional. “A gente tem um número para isso: 150 mil unidades habitacionais atendendo a 600 mil pessoas reduziria em quatro anos o déficit habitacional em mais da metade”.

 

Perguntas da plateia

Ao final da apresentação, a plateia fez algumas perguntas ao convidado.

Qual a proposta para a segurança e para a PM fluminense?
Nossa proposta é dissolver as atuais polícias Militar e Civil e constituir uma polícia civil uniformizada, com viés investigativo, que sirva para apoiar a população. Essa polícia deve ser controlada por um conselho popular de segurança sem nenhuma concessão ao crime organizado, que é mantido por aqueles que fabricam armas. É preciso combater ao máximo a facilitação da aquisição de armas. Um outro aspecto é em relação às drogas: não defendemos a legalização de qualquer droga, mas acreditamos que a legalização de algumas drogas, cadastro de usuários, pagamento de impostos sobre essa comercialização, tratamento daqueles que queiram se livrar do vício, impacta negativamente no crime organizado, tira sua força.

O senhor diz que o inimigo nacional da democracia é Bolsonaro, mas seu partido lança candidatura própria à presidência da República, quando há outro candidato com maiores chances de vitória. Como essas duas questões se relacionam?
A eleição tem dois turnos. O primeiro turno existe para que todos se apresentem, para que exponham suas ideias e a população decida. Nós temos acordo de que é preciso combater Bolsonaro, mas não temos acordo com uma agenda liberal. A gente quer um governo que seja uma alternativa a Bolsonaro, que seja de esquerda, democrático, progressista e que não seja liberal. A gente tem que mudar o rumo do país, é preciso reverter o desmonte do Estado em várias instâncias. O Estado não pode deixar de atender às necessidades de sua população.

Topo