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WhatsApp Image 2022 04 26 at 09.01.21Depois dos assaltos, viatura foi posicionada na calçada ao lado do campus - Foto: Estela MagalhãesEstela Magalhães e Silvana Sá

Os furtos de celulares aumentaram 280% em março de 2022, em comparação com o mesmo período do ano passado, na região de Botafogo e Urca, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio de Janeiro. Foram 190 ocorrências contra 50 em março de 2021. Roubos a transeuntes, ou seja, a pessoas que se deslocam a pé, cresceram 100% e passaram de 34, em março de 2021, para 68, em março deste ano. Os dados de abril ainda não estão consolidados, mas a comunidade acadêmica da Praia Vermelha sentiu na pele o aumento desses crimes.
Nas primeiras semanas do retorno das aulas presenciais houve relatos de assaltos e arrastões nas ruas que contornam o campus, sobretudo na Avenida Venceslau Brás. Raíssa Rocha, aluna de Relações Internacionais, foi uma das vítimas. Já era noite e chovia quando ela esperava o ônibus com um grupo de aproximadamente oito pessoas no ponto próximo à saída do campus. “Parou um ônibus na nossa frente e saltaram três pessoas. Duas vieram para cima de mim, levaram a minha bolsa com absolutamente tudo: carteira, material da faculdade, caderno, perdi tudo”, contou. O curso é noturno, e as ocorrências são à noite em sua maioria. “Eu já estou com medo de andar por lá, justo na porta da minha faculdade. É assustador”, completou.
Sam Veras, outro estudante do curso de Relações Internacionais, presenciou o caso, mas conseguiu escapar sem perdas. “Na hora demorei a perceber, só quando um amigo gritou para correr que eu entendi que se tratava de assalto. Mas até isso acontecer eu já estava correndo. Dois amigos correram de volta para a Praia Vermelha e as outras pessoas fugiram no sentido Urca e depois atravessaram no sinal”, relatou.
“Agora estou voltando de Uber sempre. Acabo gastando bem mais dinheiro e fico aflita todos os dias antes de ir para a faculdade”, contou outra estudante de Relações Internacionais, que tem medo de se identificar. “Isso tem afetado muito meu rendimento em geral. Desde que as aulas voltaram e eu presenciei os assaltos, a minha saúde mental piorou muito, noto que eu estou bem mais estressada e não consigo mais focar em nada durante o dia”.
Pelas redes sociais, outros alunos relataram episódios semelhantes, com roubos inclusive dentro de coletivos. Os casos, infelizmente, não são novidade. Uma dessas abordagens terminou em tragédia. Em 2015, o estudante Alex Schomaker Bastos, de 23 anos, foi assassinado em uma tentativa de assalto em frente ao campus, do outro lado da rua. Os dois criminosos que estavam em uma moto fugiram, mas foram depois capturados e condenados por latrocínio.
Flávio Alves Martins, decano do CCJE, recebeu reclamações e relatos das ocorrências. “Por ser uma área externa, a gente precisa ter esse diálogo com as forças de segurança da cidade e do estado”, diz. O assunto também foi debatido em reunião do Conselho de Coordenação do CCJE, na semana passada. “É uma realidade que parece estar aumentando em toda cidade, não é uma questão só de polícia. A gente precisa saber o que pode ser feito também pelo estado para dar condições minimamente dignas para que as pessoas não abracem essas práticas criminosas como solução de vida”, completou o professor.
A 10ª DP (Botafogo) é a responsável por investigar ocorrências na região. O inspetor-chefe da delegacia, Johnny Deckers, reconheceu que aumentaram os registros de furtos e assaltos. “Ainda não temos as informações consolidadas do mês, mas houve aumento dos casos”, relatou. “Temos nos empenhado em reprimir essa atuação criminosa e conseguimos recuperar muitos aparelhos roubados”, afirmou o policial. “Nosso foco de atuação é identificar os receptadores. Hoje mesmo (quinta-feira, 28) já identificamos dois endereços pela localização dos aparelhos”.
O inspetor aconselhou não reagir a uma abordagem e reforçou que a principal medida a ser tomada pela vítima é registrar a ocorrência para que as investigações aconteçam. “Quando temos a informação completa, conseguimos oficiar a operadora, que nos passa todas as informações assim que aquele aparelho é religado para uso. Os furtos de celulares acontecem sobretudo porque existem pessoas que compram esses aparelhos roubados”.
Raíssa Rocha, nossa primeira personagem desta reportagem, registrou queixa no dia 15 de abril, na 10ª DP. A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que “as investigações estão em andamento para identificar e localizar os autores do crime”.
Em reunião com representantes do 2º Batalhão de Polícia Militar, responsável pelo policiamento ostensivo da região, André Maximiano, subprefeito da Praia Vermelha, e Robson Gonçalves, assessor de Segurança da Prefeitura Universitária, solicitaram um aumento da patrulha na localidade. Uma viatura e duas motos vão rondar o entorno do campus. André destaca outras medidas que estão sendo tomadas para garantir a segurança também do lado de dentro dos muros. “Nós já abrimos o processo para comprar mais refletores para iluminar o campo (de futebol) e em torno do Palácio, para diminuir a sensação de insegurança”, explicou.
O 2º Batalhão confirmou que houve aumento dos registros em abril, mas os números só serão consolidados na próxima semana. Uma viatura já está permanentemente estacionada na calçada do campus. Já a Guarda Municipal do Rio de Janeiro e a Secretaria Municipal de Ordem Pública informaram que as instituições não têm previsão de ampliar suas atividades no local.

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